Adriano Machado/Crusoé

O terceiro round do PSDB promete ser mais violento

23.05.22 15:53

A briga dentro do PSDB não terminou — se é que terminará algum dia –, com a desistência de João Doria de concorrer ao Palácio do Planalto. O deputado Aécio Neves repete que o partido deve ter candidatura própria, se não quiser engolido nas eleições de outubro e ver a sua bancada parlamentar ainda mais diminuída.

Voltam ao palco os nomes de Eduardo Leite e até Tasso Jereissati — que, até a semana passada, era cogitado para ser o vice de Simone Tebet, na coalizão com o MDB e o Cidadania. Agora, pois é, nem o nome de Simone Tebet está mais garantido para ser a candidata única dos três partidos, embora Bruno Araújo, presidente do PSDB, queira atrair a União Brasil para essa desunião — União Brasil que, veja só, tem como candidato aquele popularíssimo Luciano Bivar, o homem que tirou Sergio Moro da corrida ao Planalto e que, ao mesmo tempo, consegue manter o ex-juiz como aliado (não porque Moro sofra de Síndrome de Estocolmo, mas porque o coitado não tem outra mão para segurar neste momento).

A ala tucana que apoia Aécio Neves acha que juntar-se ao MDB, para lançar Simone Tebet como candidata, significa rachar o partido e entregar uma parte do PSDB a Lula e outra a Jair Bolsonaro, visto que ela não teria potencial para passar do 1% ou 2% dos votos. Ou seja, teria praticamente o mesmo efeito deletério da candidatura de João Doria, abortada hoje. Na via contrária, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, e o presidente do partido, Bruno Araújo, acham que a coalizão com o MDB liberaria mais dinheiro para as candidaturas tucanas ao governo e ao Legislativo — não esqueçamos que Rodrigo Garcia, que tentará ser eleito para o Palácio dos Bandeirantes, é parte diretamente interessada.

Os tucanos que defendem candidatura própria já dizem que, se não houver consenso, eles poderão levar um nome à convenção do partido, que definirá inapelavelmente o caminho oficial do PSDB na eleição presidencial. A convenção ainda não tem data definida, mas terá de ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto, data limite para o registro das candidaturas.

Nesse quadro de muita paz e harmonia internas, Rodrigo Garcia e Bruno Araújo estão sendo acusados de ter forçado João Doria a sair, usando de argumentos “para além da política”. Depois das prévias e da desistência do ex-governador de São Paulo, há ainda o terceiro round, que promete ser tão ou mais violento do que os dois anteriores.

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