Reprodução/Instagram/CristinaBolsonaro

A bancada da rachadinha

16.04.22 11:24

Pré-candidatos próximos ao clã Bolsonaro apostarão no esquecimento do eleitor para testar as urnas em outubro. São nomes que ganharam os holofotes graças à ligação, nos bastidores, com supostos esquemas de rachadinha e de funcionários fantasmas tocados pela família do presidente da República e, agora, pretendem fazer campanha para conquistar assentos próprios em Assembleias Legislativas ou na Câmara dos Deputados. 

A lista conta com Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe de Jair Renan, o filho 04 do presidente. Vivendo em uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília, a advogada transferiu o domicílio eleitoral para o Distrito Federal e pretende entrar na corrida pela Câmara Legislativa. Ela vai disputar pelo Progressistas, presidido na capital pela deputada federal Celina Leão, que a emprega em seu gabinete desde março de 2021.

Ana Cristina é suspeita de ter gerenciado o suposto esquema de rachadinha de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio — a ex-mulher do presidente esteve nomeada formalmente no gabinete do 02 entre 2001 e 2008. Além da própria Ana Cristina, o vereador empregou pelo menos mais sete parentes dela. O Ministério Público fluminense acredita que alguns deles eram, na verdade, funcionários fantasmas — ou seja, não cumpriam expediente, mas recebiam salários.

Em Brasília, Ana Cristina mora em uma mansão avaliada em 3,2 milhões de reais, embora tenha um salário líquido de 6.152,94 reais. Como revelou Crusoé, a ex de Bolsonaro ainda é dona de metade de uma propriedade na Noruega, a qual foi omitida na declaração de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral em 2018, quando ela concorreu a uma vaga a deputada federal pelo Rio e saiu com o pífio desempenho de 4.555 votos. A julgar pelo preço do metro quadrado na região, o imóvel, um enorme sobrado retangular de 593 metros quadrados, vale cerca de 13 milhões de coroas norueguesas, ou mais de 7 milhões de reais.

Também citada nas apurações sobre o esquema, outra ex-mulher do presidente, Rogéria Bolsonaro, pode concorrer a deputada federal ou estadual. O nome de Rogéria, hoje filiada ao PL, foi mencionado pelo Ministério Público do Rio no pedido de quebra dos sigilos bancário e fiscal do vereador. Na petição, o órgão sublinhou duas operações financeiras suspeitas que a envolvem. As transações foram destrinchadas em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf.

Dupla próxima a Flávio também concorrerá

Advogado do clã Bolsonaro, Frederick Wassef está na lista feita pelo PL de nomes que devem concorrer a deputado federal por São Paulo. Ele é dono da casa em Atibaia na qual a Polícia Civil encontrou Fabrício Queiroz em 2020. Àquela altura, Queiroz era procurado por autoridades para prestar esclarecimentos sobre um suposto esquema de rachadinha no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, a Alerj.

À época, a Operação Anjo, batizada com esse nome por causa do apelido de Wassef entre os investigados, foi coordenada pelo Ministério Público do Rio, que indicou o paradeiro de Queiroz aos policiais de São Paulo.

Com a bênção de Flávio, o próprio Queiroz também pretende testar nas urnas a sua popularidade. Para isso, se filiou ao PTB, conforme antecipou Crusoé. O ex-assessor do ’01’ queria concorrer à Câmara, mas a direção da legenda pretende lançá-lo a deputado estadual pelo Rio. Em 30 de março, quando ingressou na sigla, o ex-PM declarou ser “mais um soldado que estava ferido” e foi “resgatado“. “Nosso templo será o abrigo e fortaleza dos excluídos. Será a rocha dos que, feridos, foram abandonados aos cães e aos abutres. Deus, pátria, família, liberdade“, completou.

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