Marcos Oliveira/Agência Senado

A médica informou que ‘meu óbito aconteceria em poucos dias’, diz paciente da Prevent Senior

07.10.21 12:15

Atendido em uma unidade da Prevent Senior à época em que foi infectado pelo novo coronavírus, Tadeu Frederico Andrade afirmou nesta quinta-feira, 7, ser uma “testemunha viva” da “política criminosa” da operadora, investigada pela imposição da prescrição do “Kit Covid” e pela omissão da doença em atestados de óbito.

Em depoimento à CPI da Covid, o advogado disse viver com o “sentimento angustiante” de “quase ter morrido desnecessariamente“. “Não se pode permitir que o lucro se sobreponha à ética médica, moral ou vida“, completou.

Mesmo com capacidade de recuperação, Tadeu só não foi encaminhado para o tratamento paliativo, voltado a pacientes sem chances de cura, devido aos protestos de sua família. “Ou seja, eu, em poucos dias, estaria vindo a óbito, e, hoje, estou aqui”, afirmou, com os olhos marejados. Indagado pelos senadores se considerava que seria “assassinado” pela Prevent Senior, o depoente respondeu que sim.

Ele contou que, com sintomas similares ao da Covid, se consultou pelo aplicativo, graças à telemedicina, em 25 de dezembro de 2020. Imediatamente, mesmo sem o diagnóstico, a Prevent Senior enviou, por meio de um motoboy, o kit com alguns medicamentos, como hidroxicloroquina e ivermectina, comprovadamente ineficazes contra o coronavírus.

Comecei a tomar. Não tinha o que contestar. Eu estava sendo orientado por uma médica. O tratamento duraria cinco dias. Acontece que eu não melhorei, eu piorei“, narrou, acrescentando que o resultado positivo para Covid saiu apenas em 30 de dezembro. À noite, naquele dia, ele foi ao pronto socorro. Lá, além da Covid, foi diagnosticado com pneumonia bacteriana avançada.

Tadeu, então, foi internado e intubado. O advogado permaneceu na UTI por cerca de 30 dias, até que médicos da operadora do plano de saúde ligaram para a sua família para comunicar que ele passaria para a etapa de cuidados paliativos, pois era um paciente em estado terminal.

Para convencer os familiares de Tadeu, profissionais afirmaram que ele seria transferido para um leito “híbrido” para ter “maior dignidade e conforto” e informou que a morte “ocorreria em poucos dias“. A família do advogado, no entanto, não aceitou a recomendação.

Mesmo diante da negativa, a médica responsável pelo caso teria autorizado o início do tratamento paliativo e falsificado o prontuário. “Ela recomenda que não se faça mais hemodiálise, não se ministre antibióticos e não se faça manobra de ressuscitação. Ao final, ela diz o seguinte: ‘Em contato com a filha, Mayra, a mesma entendeu e concorda’. Isso é mentira. Minha família não concordou“.

Quando os familiares do advogado chegaram ao hospital, os profissionais tentaram uma nova investida, usando até mesmo o prontuário de outro paciente para ludibriá-los. “Nessa reunião, eles tentam convencer minha família de que, pelo prontuário em mãos, eu tinha marca-passo, sérias comorbidades arteriais e que tinha idade muito avançada. Mas esse prontuário não era meu. Era de uma senhora de 75 anos. Eu não tenho marca-passo. A única coisa que tenho é pressão alta“, prosseguiu.

Os argumentos não convenceram a filha de Tadeu, que ameaçou ir à Justiça para mantê-lo na UTI. Foi só então que a Prevent Senior recuou. Desconfiada com a postura dos médicos da operadora do plano de saúde, a família de Tadeu chegou a contratar um profissional para fiscalizar o restante do tratamento. Ele atribui a vida, hoje, à resistência da família.

Tadeu acrescentou entender que tem a obrigação “moral e cívica” de falar em nome de vítimas da Prevent Senior que “agora não têm mais voz“. “Tive uma maravilhosa chance por ter sobrevivido. Não posso me omitir. Tenho que denunciar os gravíssimos fatos que eu e minha família vivenciamos assim como inúmeras outras que não apareceram.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Se o Brasil tivesse justiça, estes médicos , diretores e donos desse e certamente outros planos de saúde, seriam processados e presos. Porem, com um Congresso Nacional ( com exceção de no máximo 10 por cento) , STF, e Presidente como os atuais ...

  2. Tudo mentira do paciente, se tomasse cloroquina e remédio para lumbriga e ozônio no Rabo , você esta vendo uma fake News, acredite em nosso Dr formado na escola superior da Miliicia do Rio de Janeiro,Dr Jair Enviado Bozo!!!Meus Gados acreditem , não é SR Frederico que está falando , isto é invenção da CPI , que está fazendo um Circo , trouxe um Fantasma, por que não tomou o Kit COVID!!

  3. Foi emocionante assistir esse depoimento.Mas só fiquei pensando nos milhares de pacientes que não tinham plano e nem a família acompanhando.....morrendo em casa....ou nas ruas sem atendimento.Foi um genocídio!E digo mais,foi muito maior o número de mortos ,assim como o número de casos de covid sem registro no Brasil.

  4. Que absurdo tudo isso, ainda mais considerando que vem de um plano de saúde, a diretoria e os médicos que participaram disso deviam estar todos presos.

Mais notícias
Assine agora
TOPO