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A repressão em Cuba e o papel das redes sociais nos protestos

12.07.21 11:30

Neste domingo, 11, milhares de cubanos protestaram nas ruas pedindo o fim da ditadura. Em uma entrevista para a rede de televisão Telesur, o ditador Miguel Díaz Canel ordenou a repressão. “Estamos dispostos a dar a vida. Eles terão de passar por cima dos nossos cadáveres se querem enfrentar a revolução. Estamos dispostos a tudo“, disse Díaz-Canel. “Haverá uma resposta revolucionária. Por isso, convocamos todos os comunistas revolucionários para sair às ruas onde vão acontecer essas provocações e enfrentá-las com determinação.”

Em várias cidades, policiais à paisana prenderam centenas de pessoas, que foram levadas em carros e vans (foto). “O que os cubanos entenderam com a frase de Díaz-Canel é que ele está convocando seus comandados para uma guerra civil. Eles estão dispostos a massacrar a população e botar a culpa nos supostos revolucionários, desviando a atenção das ações do estado“, diz o diretor do Observatório Cubano de Conflitos, Juan Antonio Blanco, que mora em Miami.

Outro expediente usado para conter a revolta nas ruas foi o bloqueio da internet. Por causa disso, há pouca informação sobre o que ocorreu na ilha comunista na noite deste domingo. Diversos jornalistas independentes e defensores dos direitos humanos estão incomunicáveis. A única maneira de falar com cubanos na ilha desde ontem tem sido pelo telefone, mas vários números estão bloqueados. Alguns cubanos falam que ocorreu panelaço, mas não há registros para confirmar. Organizações civis de cubanos no exterior afirmam que a repressão deixou oito mortos, o que também não pode ser averiguado.

Os protestos de ontem não foram organizados de uma maneira centralizada. Eles aconteceram porque os cubanos começaram a publicar fotos e vídeos na internet de diversos lugares, o que foi gerando outras demonstrações“, diz Blanco. “Sem internet, será mais difícil que os protestos se espalhem como rastilho de pólvora. Mas o governo não pode suspender a internet indefinidamente, porque precisa da rede para seu funcionamento. Quando o serviço voltar a funcionar, os cubanos publicarão milhares de outros vídeos, o que deve gerar mais revolta.”

A censura torna impossível saber como os protestos irão evoluir. Desafiando a repressão, pequenas manifestações já começaram nesta segunda, 12, no bairro de Regla, em Havana, e na cidade de Holguín.

Alguns ativistas estão tentando organizar uma greve geral, pedindo para que as pessoas não saiam para trabalhar. Em resposta, a ditadura está ameaçando demitir quem não aparecer no escritório. Quem comparece está sendo convocado para participar de manifestações a favor do regime.

Na manhã desta segunda, 12, Díaz-Canel fez um discurso, em que falou sobre os protestos. “O domingo é o dia de descanso das famílias, mas eles quiseram perturbar a tranquilidade no meio da pandemia. Não é cruel, brutal, genocida? Ante isso, eles tiveram a resposta que mereciam, assim como tiveram na Venezuela“, disse Díaz-Canel, fazendo referência à repressão que ocorreu na ditadura venezuelana, em 2017.

A repressão estatal, contudo, pode não ser tão eficaz. “Não há como prever o que vai ocorrer nas próximas 24 horas. Mas esse é um movimento espontâneo que já estava crescendo, e voltará a ganhar intensidade em algum momento“, diz Blanco. “A internet permitiu o acesso à informação, o que quebrou o discurso ideológico do governo. O regime não tem garantir o bem-estar da população, e sequer entrou no consórcio Covax para receber vacinas com eficácia comprovada. Além disso, as pessoas perderam o medo da repressão. Como não há a perspectiva de que essas condições mudem, é de se esperar que teremos mais manifestações por liberdade pela frente.”

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  1. O regime lá é cruel, não há liberdade para nada… é o que estão renova-se aqui com a evangelização da política no Brasil, tenhamos muito cuidado, agora vai mais um evangélico para o STF. Assim que começou no Afeganistão….

  2. Se todo o povo cubano se revoltar, aonde vão prender todos. Não caberão nas prisões. Força e honra ao povo cubano. Abaixo a ditadura cubana e a venezuelana.

  3. 1 - Sabe do que os ditadores tem mais medo? De uma sociedade informada. E por isso esses reagem com truculência, toda vez que vêm à tona os seus mal feitos. Os ditadores de Cuba sempre atribuem a miséria do povo cubano ao embargo. Mas a verdade, é que o maior motivo é a falta de democracia. DEMOCRACIA ROBUSTA é irmã siamesa da ECONOMIA FORTE = MAIOR QUALIDADE DE VIDA PARA OS CIDADÃOS. Aqui no Brasil, a reação do nosso governo autoritário, contra às informações trazidas á tona pela CPI...,

    1. 2- teve como reação, a carta do general que é Ministro da Defesa, procurando desvirtuar a CPI, sem nenhum sucesso, e a entrevista de um comandante das Forças Armadas, ameaçando o povo com uma frase digna de um bandido: "homem armado não se ameaça." Mas Cuba é Cuba, Brasil é Brasil. Se em Cuba, os cubanos, sobretudo os jovens, lutam para recuperar a liberdade e a democracia, aqui no Brasil, lutaremos PARA JAMAIS PERDERMOS A NOSSA LIBERDADE E A NOSSA DEMOCRACIA.

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