Foto: Wikimedia Commons

A sinuca de bico de Netanyahu

01.04.23 11:00

Primeiro-ministro mais longevo da história de Israel, com mais de 15 anos no cargo em três passagens, Benjamin Netanyahu (foto) vive o que se pode chamar de “sinuca de bico” — uma situação politicamente complicada, em razão dos grandes protestos contra seu projeto para reformar o Judiciário.

A proposta, que permite ao Knesset (Parlamento) derrubar decisões da Suprema Corte por maioria simples e dá ao governo o poder de escolher seus ministros, provocou reações como uma greve geral que incluiu até militares e membros do serviço secreto, o Mossad. Na última segunda (27), Netanyahu anunciou uma pausa na tramitação do texto, mas há dúvidas sobre o que ele fará depois.

“Ele está sendo pressionado de todos os lados. Caso desista da reforma, os partidos de extrema direita ameaçam sair da coalizão, de forma que o governo perca a maioria e o Parlamento se dissolva. Se ele seguir com a proposta, as manifestações vão continuar e se intensificar”, avalia Karina Stange Calandrin, pesquisadora do IRI-USP e colaboradora do Instituto Brasil-Israel.

Para a historiadora Monique Sochaczewski, professora do IDP em São Paulo, o histórico de Netanyahu de “negociar e desfazer”, inclusive com aliados antigos, torna difícil acreditar nas promessas de “diálogo” feitas pelo premiê. “Há um consenso de desconfiança muito grande em relação ao Bibi [apelido do primeiro-ministro]. Porém, como pelo menos [a tramitação] parou por um tempo, alguns grupos estão tentando acreditar. Mas outros seguem nas ruas”, afirma ela.

Alvo de processos por corrupção, Netanyahu aprovou recentemente no Knesset uma lei que o protege de ser afastado do cargo. Sua manutenção no poder, porém, dependerá de atender ao mesmo tempo sua base de extrema direita no Parlamento, composta por religiosos ultraortodoxos e colonos dos territórios ocupados, e os manifestantes. “Difícil dizer que ele pode recuar totalmente. Acredito que ele possa fazer concessões visando o apaziguamento das tensões. Para se manter no poder, ele terá que achar um meio-termo”, diz Karina.

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  1. Pois é, né?... Esse pra ditador já tem histórico, tempo de carreira e só falta as penas. Como ditador nenhum tem pena de espécie alguma, esse aí tá pronto!

  2. Netanyahu é um caso óbvio de fome de poder: nos últimos anos tem feito de tudo para se manter, desde torpedear um governo liderado por um ex-aliado recente, dar as mãos aos ultra-ortodoxos e caraístas a utilizar sua posição de líder do país para enfraquecer o próprio tribunal que o está julgando por corrupção. Absolutamente desprezível. Estranha por ser em Israel.

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