Agência Brasil

As ‘verdades’ de Wassef: antes, ele jurava não ter sido contratado pela JBS

20.08.20 19:49

Há pouco mais de um mês, quando Crusoé já apurava a atuação de Frederick Wassef (foto) junto à Procuradoria-Geral da República para tentar salvar o acordo de colaboração premiada da JBS, o advogado que defendia o presidente Jair Bolsonaro e seu filho Flávio negou peremptoriamente — bem ao seu estilo — ter sido contratado pela empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

“Isso é outra fake. Vocês estão me arrumando cliente que não existe”, respondeu Wassef, por telefone, no início de julho, ao ser indagado sobre sua relação com a JBS. Crusoé insistiu, perguntando sobre a atuação dele junto à PGR na gestão de Augusto Aras. “Não tem procedência. E eu vou te dizer mais: eu tenho zero de relacionamento na PGR, zero. Eu não poderia ajudar”, completou o advogado.

Nesta quarta-feira, 19, Crusoé revelou que Wassef recebeu, entre 2015 e 2020, 9 milhões de reais da JBS. A movimentação foi apontada por um relatório do Coaf enviado ao Ministério Público do Rio de Janeiro e incluído nas investigações do caso Fabrício Queiroz, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro acusado de desviar parte do salário de funcionários do antigo gabinete do filho 01 do presidente na Assembleia Legislativa fluminense.

Essa não é a única parte da história que desmente o sempre peremptório Wassef. Embora na conversa de julho com Crusoé ele tenha negado com ênfase que tivesse procurado a PGR, os fatos agora o deixam, mais uma vez, em posição desconfortável: no fim do ano passado, ele esteve na sede da Procuradoria em Brasília para tratar da repactuação do acordo de delação da JBS.

Nesta quarta, a própria JBS confirmou ter contratado Frederick Wassef — em nota, a companhia afirmou que fez os pagamentos por serviços prestados pelo advogado na seara “policial”. Augusto Aras, também em nota, tratou como algo natural seu pedido para que Wassef fosse recebido pelos procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR.

Wassef ficou, mais uma vez, pendurado nas suas negativas. Algo, aliás, que tem sido corriqueiro desde que ele se tornou um personagem relevante da cena política de Brasília. Para citar um exemplo, o advogado costumava negar também com muita ênfase que soubesse do paradeiro de Fabrício Queiroz. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro acabou preso em uma casa de propriedade dele na cidade de Atibaia, no interior paulista.

Nesta terça, a propósito das reportagens de Crusoé mostrando seu esforço em favor da JBS junto à PGR com a ajuda de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef voltou a sua cantilena usual. Falou em “fake news” e tentou preservar tanto Aras quanto o presidente. Ele sustentou que não atuou em nome da JBS junto à PGR e que “o presidente da República, Jair Bolsonaro, jamais ligou ou pediu para que o procurador-geral da República, dr. Augusto Aras, me atendesse”.

De partida, na nota o advogado recorre a uma esperteza. Ele afirma que Bolsonaro não pediu para que Aras o recebesse. Trata-se de um jogo de palavras, daqueles que mais servem para confundir do que para explicar: a reportagem não diz que Bolsonaro pediu para Aras receber Wassef, mas para que abrisse portas para ele junto aos procuradores da Lava Jato — e foi exatamente o que aconteceu.

Felizmente, contra as palavras de Wassef sempre há os fatos.

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  1. Pode atá ter treta, mas convenhamos, alguém acha que ele teria obrigação ou mesmo vontade de dizer a verdade à imprensa? Como ficam as estratégias de defesa dos clientes de todos os advogados se dissessem sempre a verdade?

  2. Cadê os Senadores, que parecem não conhecer o verdadeiro valor que o Senado tem para manter em pé a Democracia? Ministros do STJ e STF e Procurador Geral da República agem sem freios e sem escrúpulos. E o Senado dorme. Será que precisamos mesmo de Senadores?

  3. Em frente Crusoé! Este advogado sabe tudo e muito mais sobre aquilo que os contribuintes honestes e decentes deste BR não sabem, mas pagam caro por não saberem.

  4. Pode até demorar, mas vai chegar o dia em que os segredos desse advogado com a família Bolsonaro serão revelados e a casa vai cair de vez

    1. O maior pecado de 57.000.000 de brasileiros foi eleger esse presidente ridículo, taoquei

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