Adriano Machado/Crusoé

Associação Médica aponta ‘deslizes éticos’ de Queiroga e pede mudanças na gestão da Saúde

24.01.22 16:26

A Associação Médica Brasileira, entidade que reúne 185 mil associados em todo o país, divulgou uma nota pública contra o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. No documento, a entidade pede mudanças na gestão da pasta, aponta “erros de conduta e deslizes éticos perpetrados pelo ministro da Saúde” e afirma que Queiroga “age à margem das mais simples normas de conduta e preceitos éticos esperados para a função”.

“Causam-nos indignação e temor a omissão e as idas e vindas do ministro, assim como posições que contradizem as boas evidências científicas, expondo a saúde e a vida dos brasileiros. O Brasil está em alerta e pede mudanças na gestão da saúde”, afirma a Associação Médica Brasileira.

A entidade lista uma série de equívocos na condução de Queiroga, que é ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, uma das entidades médicas mais prestigiadas do país. A AMB lembra que o ministro se posicionou contra o uso obrigatório de máscaras, em agosto de 2021, e, no mês seguinte, recomendou a paralisação da imunização de jovens entre 12 e 17 anos sem comorbidades. “Na ocasião, o ministro classificou a vacinação de adolescentes como intempestiva e admitiu que a revisão da medida atendia a pedido do presidente da República”, afirma a AMB.

Em outubro, Queiroga defendeu aplicação do ineficaz kit Covid. “A verdade é que a utilização de tratamentos já comprovadamente ineficazes pela ciência não é autonomia e, sim, má prática médica”, aponta a Associação Médica Brasileira.

A entidade mencionou ainda a atitude do Ministério da Saúde de postergar o início da vacinação de crianças, mesmo após a aprovação do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Em sua cruzada contra vacinas, o ministro defendeu e realizou uma desnecessária e contraproducente consulta pública sobre imunização de crianças de 5 a 11 anos, visando atrasar o processo de vacinação”, relembra a AMB.

Em janeiro de 2022, dados pessoais de especialistas que defenderam a vacinação em crianças foram vazados em redes sociais, o que deflagrou ataques e ameaças aos cientistas e seus familiares. Esse episódio também é mencionado pela Associação Médica Brasileira.

Por fim, a entidade criticou a visita realizada por Queiroga à família de uma criança que teve uma parada cardíaca, em evento não relacionado à vacina. “A atitude contribui para relacionar o fato ao emprego do imunizante, trazer dúvidas com relação à sua segurança e promover hesitação vacinal. Desde quando tomou posse, em abril de 2021, em nenhuma outra oportunidade, consta ter visitado, com a mesma divulgação, familiares de crianças que foram à óbito por complicações da Covid”, afirma a AMB.

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