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‘Brasileiro ficará 11% mais pobre que em 2014’, prevê economista da Fipe

27.03.21 18:32

O descontrole da pandemia de coronavírus pode fazer com que o Brasil enfrente o segundo ano consecutivo de recessão, a exemplo do que ocorreu em 2015 e 2016, durante o governo de Dilma Rousseff. A se confirmar essa projeção, o brasileiro ficará 11% mais pobre que em 2014. A conta é do economista Simão Davi Silber (foto), professor da USP e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, a Fipe. Ele falou a Crusoé:

Qual impacto a pandemia terá na economia brasileira?
O efeito está na cara. Os shoppings estão fechados. As montadoras estão parando a produção por doze dias. Com mais de 3 mil mortos por dia, os governantes começaram a tomar medidas mais drásticas para manter as pessoas em casa. Mas o efeito pode ser ainda maior. Quando a população fica amedrontada, ela deixa de ir para a rua voluntariamente, sem depender de uma ordem das autoridades. Um estudo da Escola de Negócios Booth, em Chicago, avaliou o comportamento das pessoas nos Estados Unidos durante a pandemia. Eles concluíram que a maior parte do isolamento foi voluntário, e não porque o governo impôs um lockdown ou algo assim. Foi isso o que explicou 91% da variação do PIB americano no ano passado. E é isso o que está acontecendo com o Brasil hoje. As pessoas não estão ficando em casa porque têm medo de serem presas ou de receberem uma multa, mas porque estão muito assustadas. O Brasil está caminhando para isso.

Como estará a economia brasileira este ano?
Estamos com 30% da população afetada pela Covid. É uma crise social brutal. Não sei ainda como não ouvimos mais notícias de saques a supermercados. Não é à toa que os restaurante populares, mantidos por prefeituras, estão precisando fechar antes da hora. Isso tudo significa que podemos ter uma nova recessão em 2021. O PIB já caiu 4,1% no ano passado. Com certeza, vai cair também no primeiro e no segundo trimestre. Todos os índices estão despencando. Se o Brasil tomar outro tombo este ano, ficaremos mais pobres. Aí nós vamos repetir nos anos de 2020-2021 aquilo que a Dilma Rousseff fez em 2015-2016. O brasileiro então ficará 11% mais pobre do que estava em 2014, nas contas em reais.

Qual é a melhor comportamento durante uma pandemia? 
Um estudo publicado pelo economista Michael Spence, professor da Universidade de Princeton e pesquisador da Luohan Academy, na China, mostrou que é melhor fazer tudo de uma vez, o quanto antes. Spence teve acesso a 1 bilhão de transações do site Alibaba em 124 países. O que ficou claro da análise dele é que os países que levaram muito a sério a pandemia tiveram uma queda do PIB muito acentuada no começo. Isso aconteceu porque eles tiveram de parar tudo. Spence mostrou que países que conseguiram se isolar, parar a produção e vacinar a população tiveram uma recuperação muito forte e consistente na sequência. É como se fosse uma hibernação. O urso sabe que não adianta sair para caçar no inverno, porque não vai encontrar nada. Ele se isola e, quando passa o frio, volta para trabalhar.

E o que aconteceu com os países que adiaram as medidas para tentar manter a economia?
Países que evitaram parar a produção tiveram uma queda de PIB menor no começo. Em compensação, eles tiveram ondas de Covid mais adiante que acabaram derrubando a produção. No final das contas, acabaram sendo mais prejudicados. Eles evitaram perdas grandes no presente, mas acabaram empurrando essas perdas para o futuro, o que dificultou a recuperação econômica. O Brasil está nesse grupo de países, ao lado de Rússia, México e Polônia.

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  1. Sim, isto para o setor privado. Já o setor público foi devidamente protegido "de cara" por nosso stf, parasitando o setor produtivo com salários na conta, sem precisar trabalhar, privilégios mantidos e alguns ainda pleiteando aumentos ! O Brasil é um país inacreditável !!!

  2. Eu acho que ele foi otimista... 11% é pouco, o estrago vai ser maior, infelizmente! Antes da pandemia já sabíamos que o nosso país não ia segurar a peteca, não apenas porque não tinha condições sócio-econômicas para enfrentar uma violência dessas, mas porque também não tinha infraestrutura na área da Saúde e Pesquisa. Estamos assistindo uma terra-arrasada bastante previsível!

  3. Resolve de uma vez por todas, entrevista um economista do foro de São Paulo. Vamos ter uma opinião abalizada pra nos orientar.

    1. Que tal convidar um economista bozista? Daqueles que diziam que o dólar a três reais era um horror e que a eleição do Bozo iria resolver tudo e fazer a economia brasileira crescer como nunca.

  4. Impossível chegar a essas conclusões ainda. Nenhum país vacinou 100% da população, nenhum país retomou a vida normal (fora a China, que não tem mais casos de covid faz uns 10 meses)... enfim, só depois é que será possível ver os ciclos completos e compará-los. Essa “conclusão”, por enquanto, é só expectativa/previsão considerando os dados atuais (e como a pandemia não acabou..).

    1. Entendo seu ponto, mas esses 3% ou 4% de perspectiva antes da posse era irreal. “Analistas” jogando para a torcida... como é muito comum na Pindorama..

    2. Claro que perdeu. Perdeu o ritmo de crescimento. O país estava embalando, as prospectava era de crescimento de 3-4% antes da posse. Só foi o Bozo abrir a boca e começar a zurrar para que os investidores fugissem do Brasil.

    3. 2018 foi revisado para 1,8%. Já 2019 foi 1,1% (ainda não revisado). Cresceu menos? Sim, mas isso não é perder NADA! Só cresceu menos (pode ser criticado? Sim, mas não perdemos. No mais, por mais que a perda de “ritmo” possa ser criticada, essa perda foi “pouco” pq o crescimento já era baixo e não em ritmo chinês).

    4. LSB — Você não está correto. Segundo o Banco Mundial, depois da depressão de 2016, o Brasil cresceu 1.3% em 2017 e 2018. Com o Bozo, caímos para 1.1%. Os dados estão lá no site do Banco Mundial. Portanto, o que eu escrevi está absolutamente correto, para o desespero do Joãozinho Genocida, que estava a zurrar lá embaixo.

    5. Sim, pode ser pior. Mas, para concluir alguma coisa precisa-se esperar o “ciclo” completo e levar em consideração vários (ou todos) países (e não só dois que seguiram “estratégias” diferentes. No mais, seja mais honesto intelectualmente (se não formos, vamos sempre piorar): o primeiro ano do Bolso, houve baixo crescimento, mas não houve nenhuma perda de GANHOS do governo Temer.

    6. Como seremos o último país a sair da pandemia, então as previsões podem ser piores ainda. Lembre-se também que já entramos na pandemia com a economia abalada devido aos zurros do Bozo. Em poucos meses do governo Bozista já tínhamos perdido todos os ganhos gerados pelo governo Temer.

    1. Joãozinho— Acabei de te desmoralizar mais uma vez. Como você é fraco e medíocre. Quando será que você melhorará um pouco estes teus dois neurônios?

    2. Zezinho retardado e recalcado,sempre com comentários baseados " na ciência"... Parabéns Zérecalque você é de uma incompetência imbatível . Já tomou seu Gardenal hoje?

    3. Antônio vive em uma bolha bolsonarista, só pode ser isso. Impossível não perceber a diminuição no poder de compra e, por óbvio, concluir q a coisa vai piorar muito com a recusa federal em combater a disseminação do vírus na sociedade.

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