Crise com aliados e conselho de irmão: o que há por trás do recuo de João Doria

31.03.22 10:28

A surpreendente decisão de João Doria de desistir da candidatura presidencial e permanecer no comando do governo de São Paulo até o fim do mandato era vista como uma teoria conspiratória furada dentro do Palácio dos Bandeirantes até o início desta semana, mas ela já existia.

O péssimo desempenho nas pesquisas, o alto índice de rejeição no próprio estado e o racha dentro do PSDB colocaram Doria em uma situação na qual ele perderia em qualquer cenário: renunciando nesta semana para concorrer ao Planalto em outubro ou permanecendo no cargo para disputar a reeleição.

Na primeira opção, a mais factível desde que venceu as prévias tucanas no ano passado, Doria estava provocando um racha nacional no PSDB e dividindo votos na chamada terceira via. Adversários internos, como o deputado Aécio Neves, sustentam que a candidatura presidencial do governador paulista afetaria o tamanho da bancada tucana no Congresso na próxima legislatura.

Na segunda opção, o governador paulista romperia um acordo feito com seu vice, Rodrigo Garcia (foto), que trocou o DEM pelo PSDB no ano passado com a promessa de que seria o candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes neste ano. Esse gesto resultou na saída de Geraldo Alckmin para o PSB, a fim de se tornar o vice na chapa de Lula.

Mas Doria conseguiu surpreender a todos com a anunciada opção por uma terceira alternativa: desistir da campanha presidencial, possivelmente deixar o PSDB e permanecer no governo até dezembro. A decisão foi selada no último fim de semana e estimulada por duas pessoas do circulo próximo do governador, o irmão Raul Doria e o marqueteiro Daniel Braga — ambos negam, mas Crusoé ouviu o relato de três diferentes fontes do PSDB e do Palácio dos Bandeirantes.

Raul Doria e Daniel Braga são os principais conselheiros de Doria e vinham mostrando para o governador que ele seria abandonado pelos aliados assim que renunciasse ao cargo para concorrer ao Planalto. Na expectativa de poder que move as articulações políticas, os próprios tucanos paulistas iriam esconder Doria para tentar eleger Rodrigo Garcia e garantir a hegemonia de mais de duas décadas do PSDB em São Paulo.

O chefe da Casa Civil, Cauê Macris, e o presidente da Assembleia Legislativa, Carlão Pignatari, chegaram a dizer ao irmão de Doria que se ele não cumprisse o acordo feito com Rodrigo Garcia os parlamentares iriam trabalhar pelo impeachment do governador. Tucanos que até ontem andavam ao lado de Doria acordaram nesta quinta-feira, 31, chamando-o de “psicopata”.

No início da semana, aliados de Rodrigo Garcia disseram a ele que a chance de Doria desistir de seus planos não era uma mera teoria conspiratória. O vice, que era secretário de Governo e considerado o responsável por efetivamente tocar a máquina do estado, só decidiu tirar a história a limpo na tarde desta quarta, 30.

Em uma tensa reunião no Palácio dos Bandeirantes, Doria comunicou o vice sobre sua decisão, abrindo uma guerra interna que deve impactar não apenas a eleição estadual como também a corrida ao Planalto. Garcia se disse traído por Doria e nem sequer foi a um jantar oferecido por um empresário amigo do governador de São Paulo ao secretariado tucano.

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  1. Agora que desistiu do pleito presidencial, no PSDB ou fora dele, Doria seria um bom nome para trabalhar pela candidatura do Moro para presidência. Penso que não é correto e sairá muito fraco para reeleição ao estado depois de toda essa lambança do partido. PSDB ainda sonha com a candidatura de Eduardo Leite que pode agregar voto da terceira via se o Moro realmente desistir, mas ainda melhor seria Moro encabeçando uma chapa com Eduardo Leite ou Tebet de vice, para desespero dos BozoLulistas.

  2. A certeza de sua mediocridade e de que o povo o rejeita por tanta incoerência cinismo arrogância e prepotência .. o João "Bolsonaro" eleito no furacão se voltou contra o criador e paga caro se mostrando como e o que é .. covarde . traidor . de tudo capaz pelo poder e se candidato no máximo será deputado federal e se à reeleição será o candidato ideal para Tarcísio vencer de lavada face tanto desprestígio e horror do povo paulista a este oportunista ... vovó ensinava "boca falou .. c. pagou".

    1. João Dória : Perdemos Uma Grande Chance Mudança de Rumo de Um Bom Gestor..É um Cidadão Democrático...

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