Prensa Latina

Cuba quer reeditar a Crise dos Mísseis de 1962

10.06.23 11:32

A notícia de que Cuba e China chegaram a um acordo sobre a instalação de uma base chinesa no Caribe colocou Washington novamente em estado de alerta. A unidade militar, segundo uma extensa reportagem do jornal Wall Street Journal, seria localizada a 160 km da costa da Flórida, podendo interceptar comunicações em todo o sudeste americano.

A reportagem, que usa relatos de integrantes do serviço secreto americano com conhecimento das negociações bilaterais, indica uma relação mais próxima que nunca entre as ditaduras de Xi Jinping e o de Miguel Díaz-Canel (foto), sucessor escolhido a dedo por Raúl Castro em 2018.

Havana chamou a reportagem de “mentirosa e infundada”, enquanto Pequim escalou o tom. “Como todos sabemos, espalhar boatos e calúnias é uma tática comum dos Estados Unidos e é sua marca registrada interferir deliberadamente nos assuntos internos de outros países”, disse o porta-voz do chanceler chinês, Wang Wenbin. Ele, no entanto, não negou as acusações e cobrou que Washington pare de interferir nos assuntos de outras nações.

Em um primeiro momento, o governo americano não confirmou as informações —mas parlamentares já estão atentos. “Já vimos essa história antes”, escreveu o senador Bob Menendez, que preside a Comissão de Relações Exteriores da Casa “O regime cubano repetidamente abre as portas para nossos adversários quando eles expandem sua rede autoritária globalmente, e agora parece que eles estão convidando a China para construir uma base a 150km de distância, aumentado a habilidade deles de espionar os EUA e nosso povo.”

O deja vù é justificado: quando concluída, a instalação da base militar chinesa na região pode reeditar o barril de pólvora que quase jogou o mundo em uma guerra nuclear. Em 1962, a Crise dos Mísseis teve início quando a União Soviética colocou ogivas em território cubano, a pouco menos de 100 milhas de território americano. O acordo travado entre Fidel Castro e Nikita Khruschev foi uma resposta à participação dos EUA na tentativa de invasão pela Baía dos Porcos um ano antes, assim como aos planos de John Kennedy de colocar foguetes na Turquia, também às margens do domínio soviético.

No auge das tensões, um avião militar americano foi abatido em Cuba, o que colocou as duas potências nucleares em iminente ataque. A negociação durou 13 dias e acabou com uma trégua: os mísseis soviéticos saíram de Cuba, e os americanos tiraram suas armas da Turquia.

Agora, não há armas nucleares. A tensão, no entanto, já se mostra evidente.

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  1. Estas tentativas ridículas podem gerar algo que o mundo decente não quer ver repetido ... a volta de Trump ao poder como reação à imbecilidade russa.

  2. Só nos cabe rezar pelo melhor e nos prepara para o pior. E pressionar as antas de Brasília para ficarmos do lado certo quando a hora chegar.

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