Presidência da República

Delator cita R$ 2,5 milhões em caixa 2 para campanha vitoriosa de Crivella

08.11.19 12:38

O carioca interessado em descobrir os gastos do prefeito Marcelo Crivella, do PRB, na campanha à Prefeitura do Rio de Janeiro encontrará no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o valor de 9,6 milhões de reais como total utilizado. A cifra está errada. É o que diz Lélis Teixeira, ex-presidente dos dois principais sindicatos de empresas de ônibus do Rio de Janeiro: o Rio ônibus, com representação municipal, e a Fetranspor, responsável por reunir as empresas com linhas intermunicipais e de outras cidades do estado.

Crusoé teve acesso aos anexos em que Teixeira narra a relação das empresas de ônibus com o Judiciário e também com o sobrinho do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, que foi senador e agora comanda a cidade maravilhosa. Durante a campanha de 2016, diz ele, 2,5 milhões originados no sistema de caixa 2 da entidade foram enviados em espécie para a campanha de Crivella. O repasse foi feito a pedido de Mauro Macedo, outro familiar do líder da Universal, este primo do bispo Edir Macedo, e tesoureiro de campanhas de Crivella.

O envio dos milhões para abastecer o caixa dois do candidato da Igreja Universal, explica Lélis, foi precedido de duas reuniões. Uma primeira foi realizada em um apartamento condomínio Royal Green, na Barra da Tijuca, com a presença de Crivella, Mauro Macedo, o empresário David Barata, filho de Jacob Barata, e outras duas pessoas. Nesse encontro, não teria sido tratado do repasse de valores. Entretanto, dias depois, em 5 de setembro, em uma reunião do Rio ônibus, Mauro Macedo pediu o apoio para a campanha no valor de 2,5 milhões de reais. A entrega dos valores em espécie teria sido efetuada pelo vice-presidente do sindicato à época, Octacílio Monteiro.

O repasse ilegal de valores para Crivella, delatou Teixeira, teve um detalhe interessante. Após a vitória do sobrinho de Edir Macedo, em fevereiro de 2017, o delator e David Barata teriam sido procurados novamente por Mauro Macedo. O suposto operador do prefeito queria devolver 300 mil reais que não teriam sido utilizados na campanha e, como sugestão, indicava que os valores deveriam ser doados para o Hospital Miguel Couto, da rede municipal. Segundo Teixeira, o pedido foi atendido. Dias depois da conversa, Macedo levou os valores em espécie até o Rio ônibus e, posteriormente, a doação foi efetuada com a compra de um equipamento oftalmológico para o hospital público.

Como mostra a edição desta semana de Crusoé, além de Crivella, em acordo de colaboração premiada homologado pelo Superior Tribunal de Justiça, o STJ, o administrador das duas entidades, cujo poder emana de bilionários empresários como Jacob Barata e José Carlos Lavouras, narrou como o Rio ônibus cooptou agentes públicos por meio do pagamento de propina e caixa 2 para ver seus interesses defendidos no Executivo e Legislativo municipais.

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