Evandro Freitas/Jornal Folha do Aço

Delegado estuda acionar CNJ por liberação de madeira de apreensão recorde

21.01.22 10:56

O delegado Alexandre Saraiva (foto) avalia acionar o Conselho Nacional de Justiça contra o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, pela decisão que determinou a liberação de parte da madeira supostamente ilegal apreendida na Operação Handroanthus.

Ex-chefe da superintendência da Polícia Federal no Amazonas, Saraiva coordenou a operação, deflagrada em dezembro de 2020. A ação policial resultou na maior retenção de madeira da história. Na ocasião, os agentes apreenderam mais de 130 mil metros cúbicos de madeira em toras na divisa entre o Pará e o solo amazonense — a carga equivale a mais de 6,4 mil caminhões lotados.

Ney Bello liberou parte da carga a pedido da MDP Transportes. De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a defesa da empresa foi feita por Frederick Wassef, advogado do clã Bolsonaro. Na decisão liminar, o desembargador considerou o caráter perecível e fungível da madeira e alegou que o aval serve para a retirada de toras “devidamente etiquetadas e legalizadas”. O Ministério Público Federal recorreu.

Nas redes sociais, Alexandre Saraiva afirmou a internautas ser necessário transformar a “justa indignação” de todos os que criticaram a decisão em “medidas concretas“. “Dentro da lei devemos reagir. Entendo ser o caso de apresentarmos uma representação ao CNJ, para questionar a atuação do magistrado na liberação da madeira“, escreveu, nesta sexta-feira, 21.

Antes disso, Saraiva já havia condenado a decisão de Ney Bello e classificado o caso como “obscuro“. O delegado apontou que conforme o próprio MPF, o órgão só foi intimado a se manifestar sobre os argumentos de Wassef depois que a liberação havia ocorrido. “Estou muito curioso para saber os fundamentos do pedido do advogado. Mais ainda as razões jurídicas da decisão que devolveu o produto do crime para os criminosos“, disse, em outra publicação.

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles responde a um inquérito por suposta tentativa de atrapalhar as apurações em andamento na Operação Handroanthus. A notícia-crime que levou à abertura da investigação foi apresentada por Saraiva. O delegado foi afastado do cargo de superintendente da PF no Amazonas após denunciar o caso ao Supremo Tribunal Federal.

Ney Bello é um dos cotados para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça. A indicação será feita por Jair Bolsonaro, a partir de uma lista tríplice enviada pela corte ao Palácio do Planalto.

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