Deputado do PL vira alvo de inquérito por corrupção e lavagem em esquema no DNIT

Filiado ao PL de Jair Bolsonaro, o deputado licenciado Vinícius Gurgel (foto), do Amapá, virou alvo de uma investigação pela suposta prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um esquema ilícito no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o DNIT. A abertura do inquérito foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A Procuradoria-Geral da República pediu a apuração após receber um ofício em que a Justiça Federal apontou indícios de que, entre 2015 e 2019, o parlamentar participou de negociações para o direcionamento de uma licitação para contratar uma empresa para a manutenção da BR-156, que corta o Amapá de norte a sul, além de exercer influência na indicação de nomes à superintendência do DNIT no estado.

Os documentos recebidos pelo órgão comandado por Augusto Aras fazem parte da Operação Pedágio, que mirou um esquema de pagamento de propina por empresários a agentes públicos em troca de contratos. 

De acordo com as investigações que correm na Justiça Federal, Fábio Vilarinho e Odnaldo de Jesus Oliveira, nomes indicados por Gurgel ao comando do DNIT e que chegaram a ser presos, cobravam de 3% a 5% dos valores de faturas previstas nos processos licitatórios em troca da liberação de pagamentos relacionados a contratos de recuperação de estradas não pavimentadas no Amapá. Parte do dinheiro, indica o processo, ficava nas mãos do deputado federal.

Os detalhes do acordo irregular foram prestados por Bruno Manoel Rezende em delação premiada. Em reuniões gravadas pelo colaborador, há menções ao nome do parlamentar. “Pois é, aquele percentual, 3 (três) na 210 (duzentos e dez), 5 (cinco) na 25 ( vinte e cinco) …”, diz Bruno em um dos áudios, em conversa com Fábio. “Aí metade pro Vinícius, metade pra ti, aí divide pra vocês dois lá. (Inaudível). Pois é, mas aí eu queria só esse posicionamento dele pra poder … ó tá tudo ok? Mas aí … não sei … mas se tu ‘tá’ falando …”, registra um dos documentos anexados à apuração. 

Diante do material, Alexandre de Moraes determinou, em 22 de dezembro, que a Polícia Federal tomasse o depoimento de Vinícius Gurgel em 15 dias. Além disso, ordenou que a delação premiada de Bruno Manoel Rezende fosse anexada ao inquérito. “Oficie-se ao investigado, para que, caso assim o deseje, apresente explicações e informações suplementares, no prazo de 10 dias”, completou o ministro.

Crusoé apurou que os investigadores ainda não ouviram o deputado federal licenciado. Gurgel também não apresentou defesa perante o Supremo.