Deputados do PSL atacam líder do governo: “Lidere ou saia do posto”

O grupo de WhatsApp da bancada do PSL na Câmara viveu mais um dia de confusão nesta quinta-feira, 7. Deputados do partido mandaram mensagens fazendo duros ataques ao líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo (foto), que é filiado à legenda.

Os parlamentares criticaram Vitor Hugo por não atuar para garantir o prestígio dos deputados da legenda junto a ministros. Nas mensagens, reclamaram que lideranças da oposição têm mais prestígio do que integrantes do partido do presidente Jair Bolsonaro.

“Líder Vitor Hugo, lidere ou saia do posto. Posso aguentar tudo, mas algo do tipo é inadmissível. Um governador do PSB aliado do líder das oposições no Nordeste tem mais prestígio do que um aliado como Julian. Falo por mim…Quem se propõe ou recebe uma missão como essa não pode deixar algo do tipo sem resposta, afinal…Quem é aliado ou adversário?”, escreveu o deputado Julian Lemos, da Paraíba.

A mensagem veio acompanhada de link para uma notícia de uma reunião na tarde desta quinta-feira, 7, entre o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, e o governador da Paraíba, João Azevedo, do PSB. O encontro foi na residência oficial do pessebista em João Pessoa.

“Major Vitor Hugo, Você tem algo a dizer ou ficará calado? Que tipo de articulação política é esse que você está fazendo? Exijo uma explicação sobre isso ou irei lhe perguntar na tribuna terça-feira. Não se trata de uma visita comum, trata-se de um ataque direto a um aliado. Ou você lidera ou diga a que veio, porque não serei liderado por um inábil como você. Enquanto você brinca de ser líder, aliados estão sendo afrontados por sua falta de atenção com seus próprios colegas de partido, só irei falar com você na tribuna, até semana que vem”, acrescentou Lemos.

Após a postagem do parlamentar paraibano, outros deputados do PSL também escreveram mensagens com críticas. Heitor Freire, do Ceará, por exemplo, reclamou que opositores conseguiram marcar encontro com o ministro do Desenvolvimento Regional antes que ele.

“Julian, estou passando por algo similar no meu estado. Estou tentando agenda com o ministro do Desenvolvimento Regional há algum tempo e consegui para o dia 19/02. Assunto de urgência: tratar rupturas, risco nível 3, em nossas barragens. A bancada do Ceará, composta por integrantes de esquerda do PDT, PT, PSD e PSB, conseguiu agenda para esta terça, para resolver esse problema”, escreveu.

“A ministra Tereza Cristina está vindo para o Ceará no dia 15/02, vários prefeitos, vereadores e deputados de outros partidos (aliados do atual governador do PT) sendo convidados. Eu, acabei de ficar sabendo agora, e fui convidado por um ex-deputado do PSDB (não eleito neste pleito e citado pela Lava Jato) sobre a vinda dela! Neste ensejo peço providências do nosso líder”, acrescentou Freire.

A resposta de Vitor Hugo veio nesta sexta-feira, 8:

“Bom dia a todos. Agradeço, Girão, Nicolletti e principalmente a Major Fabiana, pelas palavras sensatas e de apoio. Uma ligação ou uma ida à liderança, como muitos aqui já fizeram, poderia me envolver nas questões levantadas. A legislatura começou há poucos dias e o governo, há algumas semanas; nosso presidente, que me escolheu, entre tantos excelentes políticos próximos dele e a despeito das grandes amizades e consideração que tem por outros parlamentares desse grupo, está convalescendo. Ontem foi reafirmada a confiança que o Jair tem por este líder, apesar do fogo amigo e do adverso retratado na imprensa ou nesse grupo. Meu trabalho começou no dia 14, à noite, quando fui indicado, já tendo conversado com 20 ministros, mais de 20 líderes ou representantes de partido, pré-candidatos à presidência da Câmara, senadores, governadores, autoridades do judiciário e ministério público, alguns por mais de uma vez. Pela intensidade dos trabalhos e dedicação à liderança, tenho abdicado de conduzir atividades, mesmo as mais corriqueiras, ligadas ao meu mandato pessoal, em prol do coletivo. As articulações estão sendo feitas, mas na vida real, em conversas entre pessoas e não aqui, nesse ambiente virtual. Já agendei muitas audiências para parlamentares do PSL e da futura base de apoio com ministros diversos, ajustei posicionamentos e defendi pleitos políticos de colegas. Me coloco à disposição de todos aqui para tratar de questões regionais ou nacionais, sempre que acionado.  Poderia responder a esses ataques com maior veemência, mas não seria bom para o PSL e muito menos para o Governo. Peço que conversem comigo, bilateralmente, e não use esse grupo para objetivos políticos pessoais. Isso não ajuda ninguém. Estou à disposição. Sempre. Vou trabalhar.”

Na entrevista da edição de Crusoé desta sexta-feira, 8, Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, já havia dito que o PSL tinha que amadurecer para tratar internamente das suas causas.