Sergio Galdino/Assembleia de SP

Dissidentes garantem vitória apertada de Doria na Assembleia de SP

14.10.20 11:34

Com uma base aliada frágil na Assembleia Legislativa de São Paulo, o governador João Doria, do PSDB, teve de contar com votos de parlamentares dissidentes para conseguir aprovar com placar apertado um amplo e polêmico projeto de ajuste fiscal na noite de terça-feira, 13.

O projeto que prevê a extinção de empresas públicas e a redução de isenções com ICMS e IPVA, principais fontes de receita estadual, para tentar cobrir um déficit de 10,4 bilhões de reais estimado para o orçamento de 2021, recebeu 48 votos a favor — o mínimo necessário — e 37 contrários à proposta tucana.

Os principais votos dissidentes que beneficiaram o governador ocorreram dentro do PSL, que ainda abriga uma parcela de deputados bolsonaristas, do PSB, do ex-governador Márcio França, adversário de Doria em 2018 e atual candidato a prefeito de São Paulo, e do PTB, que se aliou nacionalmente ao presidente Jair Bolsonaro e tem feito oposição ao tucano em São Paulo.

No PSL, cinco parlamentares votaram a favor, entre eles a deputada Janaina Paschoal, e cinco contra. No PTB, o voto divergente da bancada e decisivo foi do deputado Roque Barbiere. O PSB também rachou. Quatro parlamentares votaram com a base de Doria, enquanto Caio França, filho de Mario França, e mais um colega de bancada apertaram “não” no painel eletrônico.

Dentro da base de Doria votaram a favor do projeto o PSDB, partido do governador, o DEM, legenda do vice-governador, Rodrigo Garcia, o MDB, o PL, o Republicanos, partido adotado pelos filhos de Bolsonaro, e o Cidadania.

Na oposição ao projeto, os partidos de esquerda, como PT, PSOL e PCdoB, votaram contra por causa da extinção de empresas estatais, como a companhia de habitação, a CDHU, mesmo após o governo ter recuado da proposta de acabar com quatro autarquias e fundações, como a fabrica de remédios do estado, e de reduzir em até 1 bilhão de reais o orçamento das universidades estaduais, como a USP.

No campo da direita, deputados do Novo, Patriota e PSL rechaçaram a possibilidade de aumento de impostos prevista no projeto, com a revisão de benefícios fiscais e de alíquotas do ICMS.

Na manhã desta quarta-feira, Doria celebrou a vitória na Assembleia. Segundo o tucano, a aprovação do projeto vai manter em dia o pagamento de servidores, garantir o funcionamento de serviços públicos e recuperar parte da capacidade de investimentos do governo.

“São mudanças necessárias e que se tornaram mais evidentes com a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus”, disse o tucano sobre o projeto batizado de ‘x-tudo’ pelos deputados de oposição, que foi enviado ao Legislativo em agosto e sofreu grande obstrução na casa.

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  1. Deve ter rolado um bom "toma lá, dá cá". O governador não tem cumprido as promessas de campanha de corte de despesas, racionalização do serviço público, modernização do Estado, e melhor uso do suado dinheiro dos impostos. Pela inação, e à semelhança do bronco mor, tem q mendigar apôio a alguns remendos nada palatáveis.

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