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Governo de Viktor Orbán controla o que é encenado nos teatros da Hungria

30.05.21 18:33

Ao retomar suas idas ao teatro com o abrandamento da pandemia, os habitantes da Hungria só têm um tipo de espetáculo a escolher: peças tradicionais húngaras. Há recitais de poemas, romances e musicais, mas todos são escritos por autores nascidos no país e, em geral, alinhados com a ideologia do governo.

Isso se deve ao controle que o partido Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán (foto), exerce sobre a área cultural. A situação se agravou com a chegada do coronavírus ao país, em 2020. É que, com a pandemia, a maior parte dos teatros independentes da Hungria teve de fechar as portas. Restaram apenas os estabelecimentos que funcionam a base de recursos públicos, que passaram a ter indicados do Fidesz em seus cargos-chave.

“Tudo hoje é centralizado, como se estivéssemos em uma ditadura. Então só temos peças que agradam esse grupo da extrema-direita”, diz a atriz e diretora de teatro de marionetes húngara Kata Csató

Artistas considerados mais independentes até podem solicitar verbas oficiais para tentar produzir seus espetáculos, desde que o tema seja decidido pelo governo. “Eles só obtêm financiamento se aceitarem fazer algo nacionalista ou que fale de nossa história“, prossegue Kata.

Professora da Universidade de Teatro e Cinema em Budapeste, Kata pediu demissão junto com outros 25 professores após o governo substituir os diretores da instituição por membros ligados ao Fidesz. Desde outubro, o conselheiro da universidade é um militar, o coronel Gábor Szarka, que não tem experiência com o mundo cultural e é próximo do partido do governo.

Segundo a atriz, apesar de a Hungria hoje ser considerada uma democracia e integrar a União Europeia, a situação se parece com aquela que perdurou entre 1947 e 1991, quando o país foi controlado pela União Soviética.

“Estamos vivendo um período semelhante ao soviético, em que os artistas precisam fazer aquilo que o governo diz. Não há liberdade na arte, não há opiniões divergentes, até o tema das peças é dado para os artistas“, afirma Kata Csató.

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  1. A boa matéria de Duda é insuficiente para despertar comentários sensatos. Anos-luz separam artigo e comentários. Até aqui se repete a pobreza de reflexões, salvo um ou dois comentários. Respeito ao outro? Ah! Isso já é querer demais.

  2. Se Bolsonaro não fosse um populista como Lula, e se nossos militares tivessem a hombridade dos militares de 64, o Brasil estaria nesse nível e a gente não veria um grupo como o " Porta dos Fundos" atuando no país. Isso de perseguir pessoas por seus gostos, é barbárie. Mas, se a grana que financia os projetos são públicos, pq diabos teatros e Universidades podem agredir as tradições do próprio país em nome da "Liberdade de Expressão" é da "autonomia universitária" q depende de recursos públicos?

    1. Kkkkkkkkkkk. Jaime chama a ideologia bozista de tradições do país: corrupção, desonestidade, nepotismo, racismo, homofobia, etc. Bozistas são pervertidos!

    1. Ledo engano, zezinho diarreia, meus costumes são bem diferentes.

    2. Joãozinho Mário querendo compartilhar com os outros os seus próprios costumes. Como sempre digo: Joãozinho Mário é um muar pervertido.

    3. Exatamente Jose. O voto no Messias custou muito caro ao Brasil.

    4. Parece que vocês encenam a peça em que cada um enfia o dedo no... do outro. Que lindo.......

    5. Maria, em alguns lugares estamos vendo uma decadência acelerada, mas somente naqueles lugares onde as pessoas votaram com o fígado e não com o cérebro. Em lugares de pessoas inteligentes, gente como Bozo, Joãozinho Mário, Nyco Penico, Lourival e outros seres deste tipo, não sobrevivem.

  3. "A arte existe porque a vida não basta". Ferreira Gullar. Tinha um enorme respeito pelo poeta. Comunista na juventude, foi percebendo q essa ideologia não se sustentava - e causou mais mal do que bem - onde foi colocada em prática. "Digo adeus à ilusão, mas ñ ao mundo. Mas ñ à vida, meu reduto e meu reino. Do salário injusto, da punição injusta, da humilhação, da tortura, do TERROR, retiramos algo e com ele construímos um artefato, um poema, uma bandeira". Isso é arte, tão necessária quanto o ar

    1. Bem lembrado Paulo. Ótima referência ao Ferreira Gullar e sua decepção com o comunismo. Nos dias de hoje, espero que surjam outros arrependidos como o Gullar tanto da extrema direita como da extrema esquerda.

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