Força Aérea dos Estados Unidos

Governo rejeitou pagar aluguel de avião americano para levar oxigênio a Manaus

17.03.21 11:52

Em meio à crise no abastecimento de oxigênio no Amazonas em razão da explosão de casos da Covid-19, os Estados Unidos ofereceram ao governo de Jair Bolsonaro o aluguel de um avião militar para transporte do insumo. O Ministério da Saúde, no entanto, não aceitou a negociação, por entender que os “esforços nacionais” já eram suficientes.

A oferta, feita no dia 26 de janeiro – já no governo de Joe Biden –, se deu em resposta aos apelos dos ministérios da Saúde e das Relações Exteriores pelo fornecimento do gás hospitalar “em caráter de assistência humanitária”. Uma nota diplomática encaminhada pela Embaixada dos Estados Unidos ao Itamaraty informou que Washington não poderia doar o oxigênio, mas que havia a possibilidade de disponibilizar uma aeronave militar, mediante pagamento.

“O governo dos Estados Unidos não é capaz de entregar oxigênio líquido como proposto pela nota do Ministério das Relações Exteriores. A embaixada compartilha da preocupação do governo brasileiro com relação ao aumento significativo no número de casos da Covid-19 no Amazonas e continua a coordenar esforços entre parceiros dos EUA e do Brasil”, diz o documento. “A embaixada tem a honra de informar ao Ministério que está pronta para discutir um possível transporte aéreo das Forças Armadas dos Estados Unidos, sujeito a reembolso, para fornecer transporte de oxigênio líquido, bem como outras alternativas disponíveis localmente para atender às necessidades identificadas pelo Ministério”, acrescentou a nota.

Ao ser informado que teria que pagar pelo uso do avião militar americano, o Ministério da Saúde declinou. “Como os esforços nacionais foram suficientes para normalizar o suprimento de oxigênio no Amazonas, cessou a força maior que justificaria a vinda, mediante pagamento, de aeronave militar estrangeira”, justificou o secretário-executivo da pasta, o coronel Élcio Franco, em ofício encaminhado à Câmara dos Deputados para responder questionamentos da deputada Perpétua Almeida, do PCdoB do Acre.

No documento, o militar elenca medidas tomadas pelo Ministério da Saúde para normalizar o abastecimento de oxigênio no Amazonas, incluindo parcerias com os ministérios da Infraestrutura, Defesa e Justiça para fornecer o gás para a rede hospitalar de Manaus. “Em 8 de janeiro de 2021 este Ministério tomou ciência de problemas relacionados ao abastecimento de oxigênio da rede de saúde do Amazonas”, justifica Franco. Conforme mostrou Crusoé, o governo foi alertado em março de 2020 sobre a possibilidade de colapso no abastecimento de oxigênio no país.

O pedido feito aos Estados Unidos foi resultado de solicitações do deputado Marcelo Ramos, do PL do Amazonas, atual vice-presidente da Câmara. Um dia depois da resposta negativa da embaixada, o parlamentar reclamou nas redes sociais. “Fiz minha parte. Se os governos não se entendem que assumam suas responsabilidades”, criticou. No auge da crise em Manaus, a ditadura de Nicolás Maduro chegou a doar oxigênio para o Brasil.

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