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Inflação alta e oposição unida ameaçam poder de Erdogan na Turquia

05.02.22 18:28

O presidente Recep Tayyp Erdogan (foto) governa a Turquia há dezenove anos. Ao longo desse período, transformou o país que era visto como um modelo de democracia no mundo islâmico em mais um estado autoritário.

Só que, apesar de exercer o controle do Judiciário, da imprensa e de prender opositores, as chances de que Erdogan não consiga seguir no poder por muito mais tempo estão crescendo. Mesmo com todas as investidas autoritárias, ele não obteve o controle total do processo eleitoral, e o próximo pleito deve ocorrer, no máximo, em junho de 2023

Na Turquia, dizemos que as eleições são livres, mas não são justas. O governo obriga a imprensa a elogiar seus candidatos e a não mencionar os da oposição. Há também um uso político descarado dos recursos públicos, e empresários não doam para a oposição por temor a represálias“, diz o cientista político Berk Esen, da universidade turca Sabanci. “Apesar de tudo isso, existe competição nas eleições. A Turquia tem uma sociedade diversificada, e vários grupos fazem oposição ao governo“, acrescenta.

Nas últimas eleições parlamentares, o partido de Erdogan, o AKP, perdeu a maioria. No pleito municipal de 2019, candidatos da oposição foram vitoriosos em diversas cidades, como a capital Ancara e Istambul. “Foram sinais claros de que o AKP não é mais tão popular como foi no passado“, diz Esen.

Segundo uma pesquisa da consultoria Metropoll, 50% dos turcos acham que Erdogan perderia a próxima eleição presidencial, enquanto 44% acreditam que ele venceria. Em outra pesquisa, feita dezembro, Erdogan e seu partido apareciam com 43% das intenções de voto. A maior sigla de oposição, o CHP, tem 40%.

Recentemente, o CHP formou uma ampla aliança de oposição com curdos, muçulmanos e centristas. Eles planejam lançar um candidato único para a próxima eleição presidencial. Se Erdogan fosse disputar um segundo turno hoje com Kemal Kilicdaroglu, o líder dessa aliança, perderia por uma diferença de 13 pontos percentuais.

O descontentamento com Recep Erdogan decorre principalmente da inflação alta. Em 2021, o índice chegou a 36% — o maior em dezenove anos. Para não prejudicar a atividade produtiva, Erdogan tem interferido no Banco Central para impedir a alta dos juros, o que tem deixado os preços fora de controle. No final de janeiro, o presidente turco demitiu o diretor da agência nacional de estatísticas, após a divulgação dos dados da inflação. Não adiantou nada.

Erdogan está em um de seus momentos de maior fraqueza. Ele terá de vencer uma batalha para manter-se no poder“, afirma Esen.

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  1. Se o velho ERDOGAN já começou a veicular pesquisas eleitorais FAKE, tal qual está ocorrendo aqui in Brazil pró CACHACEIRO, é sinal que está ferrado, A NÃO SER QUE, ele encomende as urnas "invioláveis" do Brasil.

    1. Nyco Penyco está nervoso com o crescimento da outra ala do bozolulismo. Qual a razão criatura decrépita?

  2. Questão de ficar bem informado, meu caro Antonio. O Erdogan vai passar, mas a Turquia é um ponto super estratégico na Europa, quase uma balança entre Oriente e Ocidente. O que acontece na Europa atinge o Brasil. E quem é o Peru, Bolivia, Colombia, Equador, Uruguai? O que acontece aí não faz "cosquinhas" nem no Brasil (fora as drogas) quanto mais no resto do mundo.

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