Agência Brasil

Instituto investigado por hospital de campanha no Rio nega irregularidades

23.05.20 13:01

Alvo do inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República para investigar o possível envolvimento do governador do Rio, Wilson Witzel, em supostas fraudes em contratos emergenciais para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde, o Iabas, negou haver qualquer irregularidade nos serviços prestados no Rio e em São Paulo, onde também atua na gestão de unidades hospitalares.

O contrato de 770 milhões de reais assinado pelo governo Witzel com o Iabas para construir e gerir os hospitais de campanha destinados aos pacientes da Covid-19 está no centro da investigação que tramita no Superior Tribunal de Justiça. Na sexta-feira, 22, Crusoé revelou que o inquérito aberto pela PGR está baseado nas mesmas informações contidas em um dossiê que circulou dias antes pelo gabinete do presidente Jair Bolsonaro, adversário de Witzel.

Conforme mostrou Crusoé, interceptações telefônicas feitas pelo Ministério Público Federal no Rio sugerem que o empresário Mário Peixoto, preso na semana passada acusado de fraude em contratos com o governo do Rio, tem participação ou influência junto ao Iabas. O Tribunal de Contas do Rio apontou falta de detalhamento das planilhas de custo dos hospitais de campanha e o Tribunal de Contas de São Paulo questionou o uso de contas bancárias no Rio na gestão dos hospitais paulistanos e uma diferença de 28,6 milhões de reais no caixa do instituto em um determinado mês em 2016.

Em nota, o Iabas afirmou que “não tem ou teve qualquer relação” com o empresário Mario Peixoto e que as irregularidades apontadas pelos tribunais de contas do Rio e de São Paulo já foram sanadas e que não configuravam nenhuma ilegalidade.

“Não é verdade que não houve detalhamento. O Iabas trabalha em conjunto com as autoridades do Rio de Janeiro para garantir transparência na execução dos contratos”, afirmou o instituto. “A respeito da inspeção realizada em 2016, o Iabas já prestou ao Tribunal de Contas do Município de São Paulo todos os esclarecimentos necessários e ratifica as justificavas apresentadas à época. O instituto informa ainda que, utilizava à época conta em agência do Banco do Brasil fora do município do contrato, o que não feria a legislação vigente e hoje não acontece mais”, completou.

Questionado sobre a contratação do advogado e lobista Roberto Bertholdo para prestar consultoria jurídica junto a órgãos de fiscalização, o Iabas afirmou que “não há o que comentar”. Ex-advogado de deputados denunciados no escândalo do mensalão, Bertholdo foi preso e condenado em 2006 por grampear o ex-juiz Sergio Moro. Hoje, o lobista opera de sua mansão em Brasília, onde recebe algumas das principais lideranças políticas do país, principalmente parlamentares do DEM, partido ao qual o vice-presidente do Iabas já foi filiado.

Mais notícias
Assine agora
TOPO