Adriano Machado/CrusoéA

A minuta de decreto entregue por Nise à CPI da Covid

01.06.21 13:59

Uma minuta de decreto entregue pela médica Nise Yamaguchi à CPI da Covid nesta terça-feira, 1º, determina a disponibilização dos medicamentos cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina para o tratamento da Covid-19, mediante “uso experimental” para “pesquisa clínica”.

De acordo com a oncologista, esta é a minuta discutida em uma reunião no Planalto que contou com a presença de Luiz Henrique Mandetta e Antonio Barra Torres, em 2020. A versão contrasta com declarações do ex-ministro da Saúde e do diretor-presidente à comissão. Os dois asseguraram ao colegiado que, no encontro, houve uma proposta para a mudança na bula da cloroquina a fim de prever o uso do remédio contra a Covid-19.

Em contraposição a Mandetta e Barra Torres, Nise diz que não idealizou qualquer minuta, tampouco discutiu alterações na bula da cloroquina. Segundo a médica, o anestesista Luciano Azevedo “estava trabalhando nessa minuta de disponibilizar o medicamento de difosfato de cloroquina”. Ela não apresentou evidências de que este documento foi exatamente o mesmo sobre ao qual se referiram o ex-ministro e o diretor-presidente da Anvisa.

Pela minuta, Jair Bolsonaro determinaria a disponibilização “do medicamento difosfato de cloroquina cápsula 250 mg, sulfato de hidroxicloroquina cápsula 400mg, azitromicina cápsula 500 mg”. Os remédios seriam oferecidos “a toda rede de saúde garantindo ao médico prescritor e equipe de saúde que obrigatoriamente fará acompanhamento clínico do paciente, e o paciente, seguindo protocolos de tratamento estabelecidos na atualidade, decidirem pela adesão ao uso experimental das medicações descritas na doença COVID-19 no intuito de tratar e iniciar protocolos de pesquisas clínicas”. 

O presidente da República determinaria, ainda que “a adesão ao tratamento medicamentoso ora em estudo da COVID-19 deverá ser acordado (sic) entre médico e paciente que desejarem voluntariamente e de livre e espontânea vontade com obrigatoriedade de assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assim como enviar compulsoriamente as informaçãoes (sic) para o Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária”.

Nise entregou à CPI da Covid uma ata notarial – registrada em um cartório de São Paulo – contendo uma conversa de WhatsApp com Luciano, que a encaminha o texto da minuta. Na troca de mensagens, a médica se posiciona contra o projeto. “Oi Luciano, este decreto não pode ser feito assim. Porque não é assim que se regulamenta a pesquisa clínica. Tem normas próprias. Exporia muito o Presidente”, escreveu.

A ata notarial foi produzida no dia 13 de maio deste ano, dois dias depois de Antônio Barra Torres acusar Nise Yamaguchi, em depoimento à CPI da Covid, de ser uma das proponentes da mudança na bula da cloroquina. “Ela fez uma proposta absurda, porque ninguém, nenhum de nós aqui pode propor isso. Isso é o laboratório que tem o registro”, disse o diretor-presidente da Anvisa.

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  1. Peraí, acho que estamos esquizofrênicos. Está se discutindo a minuta de um decreto que nunca foi publicado? Está se discutindo algo que foi discutido mas não foi implantado?

    1. Sim, pois a mera discussão já é criminosa. Acorda bozomerda fdp

  2. Eu fiquei pensando se não havia, por acaso, duas minutas no dia da reunião e se ela não teria simplesmente omitido aquela da mudança de bula... Vamos ver a acareação dela com o presidente da ANVISA... Eu só sei de uma coisa: a CPI está mais emocionante que série de NETFLIX, kkk!

  3. Existia um pré-requisito para fazer parte do Gabinete do Sapo. Acreditar piamente na vaquinha sagrada cloroquina. E Nise acreditava na vaquinha e continua acreditando. Não sabe a diferença de um vírus e um protozoário. Não estudou os vírus para formar uma opinião com lastro. Apresentou não entender nada da covid. Os estudos em que embasa o seu argumento, são TODOS ultrapassados. Bolsonaro foi um líder, que tomou decisões de vida e morte, ouvindo SAPOS. Absurdo total.

  4. O trator Otto Alencar assou por cima e reduziu a CloroNisequina a pó. Deu até dó! Quem manda ser mais uma pseudo desse governo de pseudos!

  5. A doutora acha muito natural "passar por cima de colegas", desconhecendo os danos deste comportamento sobre as equipes que tem o dever funcional de planejar e implementar políticas públicas, no que parece ser um hábito movido apenas por voluntarismo. Pois bem, de boas intenções o inferno está cheio.

    1. dra.Nise é respeitada mundialmente,deveriam ouvila com respeito. Depois fariam o julgamento! Bando de cafajestes!

    2. E o Zezinho diarréia já sabia tudo desde 2019...kkkkkk

    3. Pois é. Agora ninguém viu nada, fez nada e sempre se dedicou integralmente a ciência e à população, kkkkkkkkkkkkkkkkk.

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