Adriano Machado/Crusoé

Moro diz que Bolsonaro queria controlar a PF e receber relatórios de inteligência

24.04.20 11:43

A interferência política de Jair Bolsonaro na Polícia Federal foi a causa da saída de Sergio Moro. O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública confirmou que deixou o cargo por conta da insistência do presidente para trocar não só a direção-geral da Polícia Federal mas superintendentes da instituição nos estados. Segundo Moro, ele não assinou a demissão de Valeixo e a exoneração não ocorreu a pedido. “Fui surpreendido, achei que isso foi ofensivo”, disse Moro.

Segundo o ex-juiz da Lava Jato, Jair Bolsonaro insistia na troca do comando da PF desde o segundo semestre do ano passado. Ele disse que refutou as tentativas de interferências, o que agravou os atritos. “Não são aceitáveis indicações políticas. Quando se começa a preencher esses cargos por questões políticas e partidárias, o resultado não é bom”, afirmou.

“Falei que não havia problemas em trocar, mas disse que era preciso uma causa. Se houvesse insuficiência de desempenho ou erro grave, mas não, o que vi foi um trabalho bem feito”, disse Moro, sobre o trabalho de Valeixo. “Tenho que preservar a minha biografia e o compromisso que assumi com o próprio presidente de que seria firme com o combate à corrupção. E o pressuposto para isso é garantir o respeito à lei e à autonomia da PF, contra interferências políticas”.

Em uma indireta a Bolsonaro, Moro disse que as investigações foram comprometidas durante quatro meses, prazo durante o qual investigadores “ficaram sem poder movimentar inquéritos sobre lavagem de dinheiro”. A medida determinada pela Justiça foi um pedido do senador Flávio Bolsonaro, que tentou barrar investigações de um esquema de rachid.

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