Renato Alves/Crusoé

Na CUT, Dirceu propõe ‘rede de inteligência’ de esquerda e fala que militantes devem aprender ‘espionagem’

05.12.19 22:12

O ex-ministro e ex-presidiário José Dirceu defende a criação do que chama de Rede Nacional de Inteligência Cidadã, formada por militantes de partidos de esquerda, integrantes de movimentos sociais e qualquer um que se identifica com as causas socialistas e comunistas. Destinada ao monitoramento de informações e contraespionagem, essa organização serviria para contrapor os órgãos equivalentes das forças armadas e das polícias, além de fazer frente às ações dos militantes de direita nas redes sociais.

Dirceu falou do plano em um lotado auditório da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, em Brasília, na noite desta quinta-feira, 5. Na plateia, estavam, entre outros, sindicalistas, estudantes e diplomatas de Cuba, da Bolívia (da administração de Evo Morales), da Nicarágua e da Venezuela (fiéis ao ditador Nicolás Maduro e não reconhecidos pelo governo brasileiro).

Dirceu ministrou uma palestra de quase uma hora de duração em meio ao lançamento de um livro sobre “inteligência estratégica aplicada à defesa do Estado, à proteção da sociedade e à segurança dos movimentos sociais”. “Esse livro vem em boa hora, quando corremos riscos com um sistema de inteligência voltado para espionar e reprimir os movimentos sociais”, destacou Dirceu, autor do prefácio da obra.

O autor é o advogado e também ex-guerrilheiro Acilino Ribeiro, que participou da luta armada no Brasil ao lado de Dirceu e de missões de grupos guerrilheiros em outros países da América Latina, Ásia, África e Europa. Ele também fez treinamentos em vários países, incluindo na Líbia governada por Muammar Khadafi.

Zé Dirceu não poupou elogios ao amigo de armas. A uma atenta plateia, o político petista condenado por liderar esquemas de corrupção ensinou a “importância” de militantes de esquerda estudarem inteligência e espionagem e criarem mecanismos para colocarem o que aprenderam em prática, principalmente se o PT voltar ao poder. “Não quero cometer um segundo erro e me arrepender como fiz no governo do presidente Lula, quando me recusei a acompanhar as questões da inteligência e contrainteligência da Abin e no Gabinete de Segurança Institucional”, afirmou, lembrando do período que foi ministro da Casa Civil.

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