Adriano Machado/Crusoé

Na filiação ao PL, Bolsonaro faz discurso tímido e fustiga Moraes

30.11.21 11:34

O presidente Jair Bolsonaro (foto) fez um discurso tímido na cerimônia em que assinou a ficha de filiação ao PL, de Valdemar Costa Neto. Em um pronunciamento de 20 minutos, Bolsonaro disse que a solenidade não serviria para lançar “ninguém a cargo nenhum” e afirmou que a decisão de ingressar no partido “não foi fácil, mencionando que chegou a negociar com Progressistas e Republicanos.

Não estamos aqui lançando ninguém a cargo nenhum. É um evento simples, mas de muita importância. A filiação é uma passagem para que nós possamos pleitear algo lá na frente“, disse, ao lado de Valdemar e do presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas.

O presidente acrescentou que “ninguém faz nada sozinho” e afirmou que “tudo pode acontecer“. “O futuro a Deus pertence“, comentou. “Uma filiação é como um casamento. Não seremos marido e mulher. Seremos uma família. E vocês todos fazem parte da nossa família”, emendou a parlamentares.

Apesar do tom político morno, Bolsonaro aproveitou o espaço para fustigar Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O presidente declarou que “alguns extrapolam na região da Praça dos Três Poderes“. 

Mas essa pessoa vai ser enquadrada, vai se enquadrando, vai vendo que a maioria somos nós. Nós aqui, que temos votos, em especial, é que devemos conduzir o destino da nossa nação“, prosseguiu, em uma crítica velada ao ministro que relata inquéritos que dão dores de cabeça ao Planalto, como o das fake news.

Como em 2018, quando se filiou ao PSL, o presidente da República pediu uma oração antes do discurso e incumbiu o deputado Marco Feliciano de fazê-la. Ele ainda deu lugar à promoção de ministros que deseja lançar na disputa eleitoral de 2022.

Bolsonaro fez menção, por exemplo, ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. O presidente sonha em convencê-lo a disputar o governo de São Paulo, maior colégio eleitoral do país. “Não tem quem não se orgulha do trabalho dele. Uma esperança enorme para o nosso querido estado de SP. Eu e Valdemar não somos pessoas que decidirão certas coisas sozinhas. Em grande parte, nossas decisões passarão por vocês. Nós queremos compor e, com essa composição, fazer o melhor pelo Brasil“, pontuou.

Na sequência, Bolsonaro disse esperar que, nas negociações, os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e das Comunicações, Fábio Faria, cheguem a “bons termos” para a disputa pelo governo do Rio Grande do Norte. “Não podemos ter dois Romários no Rio Grande do Norte“, brincou, citando o ex-atacante da Seleção Brasileira.

O presidente também valeu-se da cartilha antiesquerda e, numa referência a Lula, disse que jamais apresentaria uma proposta “para controlar a mídia. “Liberdade acima de tudo“, finalizou.

O futuro do país está em nossas mãos. Nós tiremos o Brasil da esquerda. Olhem para onde estávamos indo. Olhem para onde foram certos países, como a Venezuela“, disparou. Em tom ideológico, acrescentou que seu governo fez brotar na população do desejo de falar “em Deus, na pátria e na família“.

Apesar de o mundo estar diante de uma possível quarta onda da Covid-19, com a variante Ômicron, o auditório do Centro de Convenções do Brasil 21 não tinha qualquer ventilação e a maioria dos presentes não usava máscaras. Apenas autoridades puderam entrar no pequeno auditório reservado para a cerimônia com o presente. Convidados e imprensa ficaram numa antessala.

Além de Bolsonaro, filiaram-se ao PL o senador Flávio Bolsonaro e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

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