ONU

O antissemitismo dos russos na invasão da Ucrânia

02.05.22 12:49

Quanto mais a invasão russa da Ucrânia se revela um desastre, mais as autoridades do Kremlin sobem o tom ideológico. Neste domingo, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que o nazista Adolf Hitler “tinha sangue judeu“.

A declaração ocorreu durante um programa na televisão italiana, em que Lavrov foi questionado sobre o argumento usado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin (na foto, com Lavrov), ao anunciar a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro. Nesse dia, Putin disse que era preciso “desnazificar” o país vizinho.

Horas depois, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, questionou a justificativa, dizendo que ele próprio era judeu. No domingo, Lavrov tentou contornar essa contradição óbvia lançando dúvidas sobre o comportamento dos judeus. “Eu posso estar errado, mas Hitler também tinha sangue judeu, o que não significa nada. Os judeus sábios dizem que os antissemitas mais ferrenhos normalmente são judeus“, disse Lavrov.

O ministro de Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, reagiu rapidamente: “As afirmações do ministro de Relações Exteriores Lavrov são imperdoáveis e ultrajantes, além de serem um erro histórico terrível. Os judeus não se mataram a si próprios no Holocausto. O nível mais baixo de racismo contra os judeus é acusar os próprios judeus de antissemitismo“.

O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, também criticou a fala de Lavrov: “Mentiras como essas buscam culpar os próprios judeus pelos crimes mais terríveis da história, que foram cometidos contra eles, e assim aliviar os opressores dos judeus de sua responsabilidade. O uso do Holocausto do povo judeu como arma política deve cessar imediatamente“.

O antissemitismo de Lavrov tem suas raízes no negacionismo do Holocausto, que levou à morte de 6 milhões de judeus. “Logo após a Segunda Guerra Mundial, surgiram diversas teorias para negar o Holocausto. Uma delas era a de que Hitler tinha sangue judeu. Essa ideia, baseada em rumores sobre a origem da avó do líder nazista, dizia que ele teria descoberto alguma coisa, e por isso teria se tornado antissemita“, diz o historiador Michel Gherman, professor da UFRJ e assessor acadêmico do Instituto Brasil-Israel. “É um caso de antissemitismo clássico.”

A manobra torta sobre o Hitler judeu busca dar uma justificativa ao racismo. O raciocínio acabou sendo incorporado por conservadores de direita, sendo o filósofo Alexander Dugin um deles. Para Dugin, um dos mentores de Putin, os dois inimigos principais são os fascistas (nazistas, que não são citados pelo seu nome) e os liberais. Os judeus entram nessa história como os representantes do liberalismo.

Quando Putin ou Lavrov chamam Zelensky de nazista e dizem que Hitler era judeu, eles tentam juntar dois inimigos fundamentais em um só. Na perspectiva dos russos, nazistas e judeus querem destruir a Rússia“, diz Gherman. “É uma questão sem qualquer base, mas parece que, quanto mais essa guerra dá errado, mais entra numa fase ideológica.”

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  1. Essa camarilha desses nano-vermes desgovernantes russos, não tem por onde ser mais rasteira, repugnante, asquerosa e desprezível.

  2. Lastimável, o atual Presidente da República do Brasil do lado de Putin. Povo na rua: SERGIO MORO Presidente! É a última chance para um Brasil democrático, sem corruptos!

  3. O Carniceiro do Kremlin perdeu a guerra e a vergonha na cara. Aliás, vergonha na cara esse monstrengo nojento nunca teve. Agora precisa ser detido urgentemente, porque a loucura da aberração assassina não tem limites. Volte para o inferno, monstrengo INÚTIL! FORÇA, UCRÂNIA!

  4. O holocausto foi executado pelos nazistas mas teve colaboração neste crime infame de nativos de vários países ocupados pela Alemanha. A lista é grande mas inclui os países bálticos e a Ucrânia. Quanto a Rússia, houve lá muitos progrons contra os judeus antes da Segunda Guerra. Está maluquice de negar o holocausto mostra até que ponto o ser humano é capaz de chegar para moldar a realidade à sua própria visão.

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