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‘Com a saída de Trump, o Brasil acabará se separando do mundo’, diz embaixador

28.11.20 18:26

O embaixador Roberto Abdenur, que já atuou na China e na Alemanha, acredita que uma convergência entre Estados Unidos, União Europeia e China em torno do tema ambiental é possível nos próximos anos. Essa união, que ele chama de G3, poderia ter vários pontos em comum, entre eles o distanciamento do Brasil. Conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio de Janeiro, Abdenur falou a Crusoé pelo telefone. 

Como o sr. imagina que será a relação entre o futuro presidente dos EUA, Joe Biden, e o chinês Xi Jinping?
O presidente chinês mandou uma nota muito amistosa e construtiva na semana passada reconhecendo a vitória eleitoral de Biden. Os dois têm uma relação pessoal antiga. Biden fez uma viagem para a China em 2012, quando Xi Jinping ainda era vice-presidente e estava em ascensão. Xi ciceroneou o americano em uma visita de seis dias a diferentes lugares da China. Mais tarde, em 2015, ocorreu o contrário: Xi foi para os Estados Unidos e Biden o recebeu (na foto, os dois aparecem ao lado de John Kerry, escolhido para ser o “czar do clima”). Essa relação entre os dois não impede que Biden diga que os EUA precisam ser duros com a China em questões econômicas. Há um confronto estratégico entre os dois países, que começou no governo de Barack Obama. Depois, com Donald Trump, isso se agravou. Mas uma aproximação é possível no plano climático.

Como o próximo presidente americano seria diferente de Obama ao lidar com a China?
Biden será mais hábil. Ele reconhece, em primeiro lugar, a possibilidade de cooperação entre os países na luta contra a mudança climática. Informalmente, tem se falado em um G3, uma união entre Estados Unidos, União Europeia e China.

Como o Brasil ficaria nessa situação?
Se os países recuperarem o multilateralismo, isso será algo muito positivo para todos. Para o Brasil, seria uma ótima oportunidade para a nossa diplomacia, que desde a criação da ONU tem buscado isso. Mas não acho que isso aconteceria agora. Se o G3 se consolidar, isso acabará destacando ainda mais o nosso isolamento. Ultimamente, o Brasil tornou-se um pária. Nossa política exterior, de tão ideológica, perdeu a sintonia com outros países. Nosso chanceler, Ernesto Araújo, tem atacado coisas que ele chama de “climatismo” ou “globalismo”. O Itamaraty também adotou uma política de submissão e servidão em relação a Donald Trump. Com a saída do republicano da Casa Branca, o país acabará se separando do mundo.

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  1. A incompetência e visão limitada desses nossos diplomatas é que atrapalham o país. Em vez de procurarem o entendimento global, insinuam um separativismo e só se dedicam a puxar o saco dos poderosos, não entendendo que países e seus presidentes não teem amigos, só interesses.

  2. Bolsonaro quer nos afastar da China, dos EUA e da Russia. Na Europa ele conseguiu a proeza de nos afastar dos governos francês e alemão. No Oriente Médio se aliou à Israel e se indispôs com os árabes. A pergunta que não quer calar: com quem teremos relações comerciais?

    1. Lucia, o Brasil é hoje um dos maiores produtores de alimentos do mundo e um dos maiores flagelos da humanidade ( um dos Cavaleiros do Apocalipse ) é a fome, logo verás assim que não faltarão parceiros para o país.

  3. Chegamos no Século XXI com um SUS não informatizado e problemas sociais recebendo rótulos e entrando na fila para a medicalizacão. Acho que o plano é institucionalizar bebês e depois, quando começam a dar trabalho, colocam para dormir. Cadeirinhas e cintos salvando vidas, mas só nos carros particulares. Elegemos a Dilma, formada em economia pela UFMG, e o Bozo, formado pela AMAN, que não conseguem formular uma frase com o mínimo de sentido. Brasil dando certo no contexto mundial? De que jeito?

    1. Concordo. Como já cantava o Ultraje a Rigor, nos anos 80: '...a gente somos inútil...' Direita, esquerda. liberal, conservador...aqui tudo é rastaquera. Um presidiário americano se expressa melhor que qualquer presidente (ou presidAnta) do Brasil. Estamos condenados a sermos anões culturais....

  4. EX mesmo. Não tem a menor ideia do que vai acontecer e palpite é grátis. É outro que está por fora. O Brasil está fora do grande comércio mundial há anos. É nada na economia mundial. Falta muito para o país crescer e aparecer. Ainda virá a abertura econômica.

  5. Antes de um lado os petralhas que aniquilaram o país com tanta roubalheira, agora os bozistas radicais de direita que estão levando o país ao isolamento mundial, ressuscitando a inflação e já tem na sua conta 14 milhões de desempregados. O Brasil verdadeiro do progresso é o da iniciativa privada, o do agronegócio, das indústrias, etc... Se dependesse deste governo já teria quebrado.

  6. A verdade é que o Brasil não ficará isolado. De fato, o Brasil já está isolado desde fevereiro de 2919. Bastou o Bozo abrir a boca para todo mundo se afastar do Brasil. Até os nossos principais parceiros comerciais estão comprando menos e procurando substitutos. As perspectivas não são nada boas. Basta a China se enfurecer que ela arrasa a economia brasileira com uma canetada. Simples assim!

    1. Simples Lourival: na África. Você sabia que a China está investindo muito nos países africanos para a produção de alimentos? Não tem nada de psicótico. Você deveria ler mais sobre geopolítica mundial para entender o que acontece no mundo. Ficar restrito às narrativas bozolulistas é prova de deficiência cerebral séria!

    2. Pensar com o fígado torna o pensador patético. A China " se enfurecer " é coisa de psicótico. Onde por exemplo ela vai achar carnes, soja, milho e outros produtos de que tanto necessita? No jogo global, não se age com o fígado. NO entanto, tolos acham que o mundo é como suas cabeças tortas.

  7. Um ressentido capacho de Dilma e do petismo, acostumado a levar descomposturas da " presidenta " e botar o ilustre rabinho entre as pernas, de forma servil, submissa e omissa. Usa-se essa coisa de o Brasil ser pária, isolado e irrelevante no jogo global para atender a interesses comerciais escusos. O lugar do senhor é no ostracismos de um esquerdista envergonhado, uma nulidade na diplomacia mundial. Osvaldo Aranha na sua tumba, tem vergonha desse senhor Abdenur.

    1. É sr. deveria ser mais patriota, e não usar um termo tão ofensivo(paira), contra o seu próprio país, sempre viveu encastelado na elite sangsuga e agora fica falando mal de seus colegas de profissão. Esse é o verdadeiro pária..

  8. Alguém está prestando atenção em John Kerry? Ele é o homem que acabou com a guerra do Vietnã, ou seja, provocou a saída do exército americano do Vietnã.

  9. Acho engraçado essas análises desses senhores burocratas do Mundo!O Brasil sempre foi um desastre interno e externo,e adora viver no mundinho engana que eu gosto.Esse G3 são os grandes poluidores do mundo,enquanto pagamos o pato com nossa SOBERANIA?Brincadeira,hoje não dependemos do exterior como no passado,e podemos sim ter uma postura internacional pragmática,sempre compatível com nossos interesses !

  10. Análise clara e correta do embaixador Abdenur. Infelizmente não há nada a fazer, enquanto Bolsonaro for o Presidente e o Itamaraty estiver sob o comando do medíocre Ernesto. A política externa deste Governo é, certamente, a mais incoerente e burra de toda a nossa história. Conseguimos ficar mal com nossos principais parceiros comerciais, também com a Europa e agora caminhamos, ao não reconhecê-lo, para uma relação fria e distante com o novo governo americano. Desastre diplomático total.

    1. Vivaldi — Não é assim. Olhe os dados da FAO. Você ficará surpreso com a nossa irrelevância do ponto de vista de segurança alimentar!

    2. Bolsonaro é um fracasso como presidente e Ernesto é um inábil chanceler. Porém os que estavam antes eram uns canalhas, ou seja, estamos fudidos. Não há G3, o que há é o G5, que inclui Índia e Brasil. O Brasil e os EUA são os únicos países do mundo autosuficientes em energia, água e comida. A China, Índia, UE dependem de nós para comer, simples assim.

    3. Não sou tão pessimista. Políticos são políticos e interesses econômicos obrigam as adaptações necessárias. Sobrevivemos a Dilma. Nada mais pode nos derrubar. O couro ficou grosso.

    4. É uma política externa muito ruim, mas melhor que a conduzida pelo lulopetismo... Memória curta para calamidades.

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