Ricardo Stuckert/PR

O imperativo na Ucrânia é acabar com o constrangimento causado por Lula

22.05.23 18:02

A não realização de uma reunião bilateral com o presidente Volodymyr Zelensky na cúpula do G7, em Hiroshima, é a mais recente evidência de que Lula (foto) não serve para o papel que ele mesmo se propôs, o de mediador da paz.

No Japão, o petista voltou a falar em contribuir para a realização de negociações que levem ao fim da guerra na Ucrânia. Mas falta tudo para que isso aconteça. Fora da área de meio ambiente, o Brasil não tem peso geopolítico suficiente para coordenar um esforço mundial. Lula e os diplomatas brasileiros não entendem o conflito, tampouco têm um plano ou uma estratégia sobre o que fazer. “Ninguém tem um modelo pronto. O modelo pronto será deles”, disse Lula em coletiva de imprensa no domingo, 21. Os representantes brasileiros também não são respeitados pelos outros países, com exceção da Rússia (as declarações de Lula sobre o assunto só ganham repercussão na imprensa brasileira e nas agências oficiais russas e chinesas).

O resultado dessa incompetência é que Lula passou a maior parte do tempo na coletiva tendo de explicar por que não se encontrou com Zelensky em Hiroshima, depois de o ucraniano ter pedido um encontro com ele. A desculpa de Lula (“Não deu. É isso”) não cola porque desde o dia 10 de maio o governo brasileiro sabia que Zelensky estaria presente no G7. Foi decisão do Brasil não marcar uma reunião com o presidente ucraniano.

Ao microfone, o presidente brasileiro pode até se afirmar um país neutro na guerra. Mas várias de suas declarações só fortalecem a ideia de que o país está do lado da Rússia. Aos jornalistas, Lula disse que “nem o Putin nem o Zelensky estão falando de paz neste momento. Me parece que os dois acreditam que algum dos dois vai ganhar e por isso não precisa discutir a paz”.

É um escárnio dizer que Zelensky não quer a paz. A questão é que, como resumiu o secretário de Estado americano, Antony Blinken, “se a Rússia parar de lutar, acaba a guerra. Se a Ucrânia parar de lutar, acaba a Ucrânia“.

No palco do G7, Lula retomou a ideia de um grupo de países não envolvidos para atuarem como mediadores, mas é fácil entender por que ninguém o leva a sério. O tal grupo segundo ele agora seria composto por “países do Sul, que querem encontrar a paz”, algo que “o Norte não está conseguindo fazer”. Lula citou várias vezes três países do “Sul”: China, Índia e Indonésia.

Pois bem. Dois deles, China e Índia, são os que importam 80% do petróleo russo, e por isso são os que mais estão financiando a máquina de guerra russa. Eles não estão distantes do conflito.

Mas nem Lula hoje acredita que o Brasil ou esses países seriam aceitos como mediadores em uma negociação de paz. Tanto que, em Hiroshima, ele afirmou que não está “brigando para ser mediador”. Em vez de reconhecer o próprio fracasso em conseguir o que queria, tornar-se o mediador na guerra, Lula agora diz que não cogitou tal coisa para valer. “Mediador tem que ser alguém que os dois lados concordem. Eu estou citando alguns países, que eu nem sei se eles querem.”

Se o tal grupo de países não envolvidos nunca existiu, então a falha não seria de Lula que ventilou a ideia aos quatro cantos, mas da ONU, que é onde agora o presidente diz que a discussão deveria estar sendo feita. “É na ONU que tem que ter. Inclusive a gente poderia antecipar a Assembleia Geral, que está marcada para setembro, para junho, para julho, para discutir a guerra. Vamos colocar todos os membros da ONU, vamos botar Putin e Zelensky para falarem, e vamos abrir um debate franco e aberto”, disse Lula.

O que o presidente está fazendo é projetar nos outros os próprios erros, para não ter de lidar com suas limitações. Sua proposta de um grupo de países não envolvidos na mediação da guerra foi um fiasco desde o começo e nunca evoluiu para nada minimamente factível.

E, na hora de encontrar um culpado para esconder os seus tropeços, Lula não mirou apenas na ONU, mas também no seu inimigo favorito e eterno, os Estados Unidos. É torcer para que as falas do presidente não gerem algum incômodo em Washington: “O discurso do Biden é o discurso que tem que ir para cima do Putin até ele se render e apagar tudo estragou. Esse discurso não ajuda, na minha opinião”.

Até mesmo a escolha da cidade como sede do encontro do G7 foi usada por Lula para espezinhar os americanos. “Nós estamos aqui em Hiroshima. Ninguém jamais imaginou que os Estados Unidos iriam soltar uma bomba aqui em Hiroshima. E soltou. Sem pedir para ninguém.” O fato de que é o presidente russo Vladimir Putin quem está ameaçando a todo momento disparar uma bomba nuclear, obviamente, não foi citado pelo presidente brasileiro. Nem sequer cogitado.

As estratégias de Lula para esconder os seus próprios fracassos são primitivas, quase infantis, a ponto de só convencerem os seus mais fanáticos aduladores — e mais ninguém. Em vez de ficar buscando se justificar, inventando desculpas ou jogando a culpa nos outros, Lula deveria resignar-se ao seu papel dentro das fronteiras nacionais e governar o Brasil, começando pelas articulações no Congresso. Mas o brasileiro nunca vai admitir tal coisa. Sua arrogância é tamanha que nubla qualquer decisão sensata. A única coisa que pode sair da tentativa de Lula de mediar a guerra da Ucrânia são sucessivos constrangimentos para os brasileiros.

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  1. É um lunático incompetente. A nossa sorte é que o Brasil é um anão diplomático e ninguém presta mais atenção das canalhices ditas pelo Lula

  2. O Nine tá se achando!!! Não passa de um nanico nessa área, mas os puxas sacos que o rodeiam, o colocam num pedestal e ele acha que pode tudo. Sabemos o que ele conhece e faz muito bem...

  3. Zelensky é consagrado ator canastrão, assim discordo e ouso atestar a genialidade de Lula pois só um gênio (do mal?) submete por insana idolatria um povo ignorante e doutores mais ainda quando saído da cadeia por desbragada roubalheira as vítimas o ungem morubixaba da taba de Macunaíma prometendo céu de PICAnha e a entrega de abóboras que infestam a nação de estúpida diarréia cerebral e tal Shah Jahan sua "obra" até agora é o Taj Mahal no Curral das Emas a deleitar nossa ousada Muntaz Esbanja.

  4. “Você consegue enganar uma pessoa por muito tempo, algumas por algum tempo, mas não consegue enganar todas por todo o tempo.” O mundo está conhecendo quem é o “cara”.

  5. É isso mesmo, Lula é um ignorante arrogante. O bom é que ele proprio está se apresentando ao mundo como tal e a ficha sobre quem ele realmente é está caindo nas principais democracias. Só espero que Lula não leve o Brasil para o buraco quando ele for desprezado pelos países democráticos.

  6. Perfeito o artigo. Essa tentativa de Lula de "mediar" o conflito só passa entre os fanáticos e áulicos do meliante descondenado.

    1. Dá mesmo vergonha de ser brasileiro com um presidente destes...

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