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O mal-estar entre bispos conservadores e o católico Joe Biden

26.06.21 18:35

Católico praticante, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (foto), costumava ir à missa em uma igreja no estado de Delaware, onde vivia. Depois de tomar posse como presidente, em janeiro, ele se mudou para a Casa Branca e passou a frequentar a Igreja Católica de Santa Trindade, que é jesuíta e fica no bairro Georgetown, em Washington. As viagens da comitiva presidencial pelo país não impedem Biden de manter o hábito cristão: em geral, após os compromissos oficiais, ele tem participado de missas celebradas nas cidades onde desembarca.

Em breve, no entanto, o presidente americano poderá ter problemas se quiser receber a comunhão. É que, entre os bispos católicos do país, está crescendo um movimento para dar aos padres a opção de negar a hóstia a pessoas que defendem o aborto, que é o caso de Biden.

Esta é uma situação completamente nova. Vários bispos já declararam abertamente que não querem Biden em suas comunidades“, diz Massimo Faggioli, historiador e autor do livro Joe Biden e o catolicismo nos Estados Unidos (em tradução livre).

Os jesuítas da igreja frequentada pelo presidente são muito amigos dele e dificilmente criariam problemas. Lá, Biden está seguro. Mas, quando o presidente for viajar para cidades como São Francisco, Denver ou para algumas cidades do Texas, ele terá de se planejar para não ter surpresas.”

Há duas semanas, em uma assembleia da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, os religiosos aprovaram um documento sobre a distribuição da eucaristia, em que eles ressaltam a importância de todos os católicos defenderem a vida — em outras palavras, serem contra o aborto. Cerca de 70% dos participantes da conferência votaram a favor do texto. O documento ainda será discutido e uma versão final deve ser publicada em novembro.

Nos Estados Unidos, a rumorosa decisão de 1973 da Suprema Corte a favor do aborto gerou uma forte reação entre cristãos conservadores, que se aproximaram do Partido Republicano. Os democratas, por sua vez, tornaram-se majoritariamente a favor do aborto legal. “Além da divisão política na sociedade, a Igreja americana também acabou se dividindo em duas, sendo que uma parte está mais perto dos republicanos e outra, dos democratas“, diz Faggioli.

Apesar de o tema ser polêmico nos EUA, Joe Biden conta com o apoio de ampla maioria da população no caso específico do recebimento da eucaristia. Segundo pesquisa do instituto Pew Research, 67% dos católicos americanos defendem que Biden possa comungar, enquanto 29% são contra.

No longo prazo, ele não será afetado por isso. Biden é muito mais popular que esses bispos. O problema maior será para a Igreja Católica, que tem tomado atitudes excludentes, em vez de buscar alcançar mais pessoas com uma postura mais aberta“, afirma o historiador.

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  1. Sou católica. Mas acredito que a igreja deve ter mais o que fazer do que provocar picuinhas com os Estados Unidos. Estão perdendo fiéis dia após dia para os evangélicos. Acordem. O progresso está chegando estamos em 2021.

  2. A Igreja Católica hoje é apenas uma opção entre milhares de organizações religiosas. Uma congregação cheia de imperfeições e só faz parte dela quem quer por livre e espontânea vontade.

  3. Agora a igreja negar a hóstia a assassinos de crianças inocentes é excludente? kkkkkkk A igreja precisa de uma postura mais aberta? Vá catar favas, a igreja não pode se curvar ao bel-prazer dos progressistas.

  4. o mais ridículo (ou inusitado) é que tem gente a fazer pesquisa de opinião sobre se concorda ou não em o presidente participar da eucaristia... desde quando questões doutrinarias da religao católica viraram partes em debates de opinião... chega a ser engraçado pensar que tem gente fazendo este tipo de pesquisa deslocada da realidade politica adotada dentro do modelo laico e de separação dos assuntos da igreja em relação ao estado.

    1. Ser radical é estar na contra mão. O meio termo sempre é o melhor caminho. Gravidez em que põe risco de morte para mãe e gravidez derivada de estrupo

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