O melhor leitor

19.04.22 07:36

Vai nascer o A+C. É o resultado da soma de O Antagonista+ com a Crusoé. E é para lá que eu vou. 

O número zero da Crusoé foi publicado quatro anos atrás, em 2 de maio de 2018. O Antagonista+ estreou um ano depois. Desde então, sei que nosso melhor leitor é o assinante. Quero passar a maior parte do meu tempo com ele. O plano é escrever para gente mais próxima de mim: para os velhos assinantes, que vieram conosco até aqui (mais de 67 mil), e para os novos assinantes, se aparecer algum. 

A questão é empresarial, claro. Mas é sobretudo existencial. Estou caduco, com quase sessenta anos. Chega de ficar berrando na orelha de uns imbecis que caem por acaso em nossa página e emporcalham nossa caixa de mensagens. O assinante é quem pode salvar o jornalismo. Mais importante do que isso (para mim): ele pode me salvar, desinfectando meu ambiente de trabalho.

O modelo baseado em notícias grátis e publicidade automatizada estrangula o jornalismo. De um lado, tira-lhe recursos, pagando uma merreca pelos anúncios. Do outro, privilegia o lixo editorial. O Google se nutre de notinhas sobre Anitta, em detrimento de reportagens sobre as fazendas de Gilmar Mendes, por exemplo. Quero o contrário disso. Se ninguém mais quiser, dane-se: vou continuar querendo.

Uma máxima infame do jornalismo é que jornalista não é notícia. É um jeito covarde de se defender. A imprensa tem de ser escrutinada exatamente como o Palácio da Planalto ou o STF: pela própria imprensa. Há jornalistas corajosos e jornalistas covardes. Um não é igual ao outro. Os primeiros precisam ser lidos; os outros, apedrejados.

O fato, porém, é que a democracia morre sem jornalismo de verdade. Neste momento, não há tanques fumacentos nas ruas, por isso meu discurso pode parecer um tantinho histérico. Mas garanto uma coisa: a censura à imprensa ocorre mesmo assim, imposta pela escória brasiliense, em conluio com os conglomerados da internet. Os novos tanques são algoritmos, homepages e CPMs, pilotados por jornalistas covardes.

A Crusoé sempre tentou corresponder ao seu mote: uma ilha no jornalismo. Minha opinião é que o Brasil está naufragando. E que, sem uma ilha no horizonte, a gente vai se afogar. Vou nadar até lá.

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