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O que esperar da economia da Argentina, que ganhou um terceiro ministro no mesmo mês

29.07.22 12:04

O peronista Sergio Massa (foto) assumiu nesta quinta, 28, um superministério na Argentina, abarcando as pastas de Economia, Agricultura, Pesca, Pecuária e Desenvolvimento Produtivo. Com sua posse, caiu a ministra da Economia Silvina Batakis, que em 5 de julho ocupou o lugar deixado por Martín Guzmán. Batakis ficou apenas 24 dias no cargo.

Como tantos outros políticos argentinos, Massa sofre com alta rejeição, em torno de 66%. Nesse quesito, ele está perto da vice Cristina Kirchner (75%) e do presidente Alberto Fernández (70%). Não é um político muito querido, portanto. Em 2017, Massa perdeu pela primeira vez em Tigre, seu bastião eleitoral. O peronista e seus sogros ainda foram flagrados furando a fila da vacina da Covid, em 2020, no escândalo que ficou conhecido como “vacinação VIP“.

Mas Massa, por concentrar superpoderes, ter proximidade com a indústria e ser um peronista mais de centro, gerou mais expectativas positivas no mercado do que Batakis, que era muito próxima de Cristina Kirchner. “Massa tem maior capacidade de gestão e de execução, além de ter um maior capital político e apoio dos demais“, diz o economista Pablo Besmedrisnik, da consultoria Invenómica, em Buenos Aires.

Esse apoio, contudo, pode não durar muito. Uma das exigências do FMI é a de que o país reduza seu déficit fiscal, de 3% este ano para 0,9% em 2024. Cortar custos, contudo, não faz parte da agenda de Cristina Kirchner. “É preciso ver quanto tempo vai durar essa boa vontade com Massa, já que ele terá de tomar medidas duras e isso provocaria um custo político importante“, diz o pesquisador argentino Cristian Solmoirago, especialista em opinião pública. “Caso ele não tome as medidas necessárias, as expectativas positivas se diluirão rapidamente.”

Massa terá de vencer a resistência dos peronistas que não querem medidas impopulares ao mesmo tempo em que precisa correr contra o tempo. Enquanto arrastava as negociações com o FMI, o atual governo argentino seguiu com a mesma dinâmica explosiva: gastos elevados e impressão de dinheiro, jogando a inflação para 64% nos últimos doze meses. Credores internacionais continuam reticentes com o país e nos próximos meses estarão ainda menos dispostos a apostar em países emergentes, com a subida dos juros na Europa e no Estados Unidos. “As medidas pontuais que estavam sendo introduzidas até então apenas retardavam uma situação insustentável. Agora, existe uma tensão macroeconómica e financeira de muito curto prazo. A pressão inflacionária é notável. Não há espaço para expansão monetária e não há acesso a financiamento“, diz Besmedrisnik.

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  1. O populismo acabou com uma das economias mais sólidas da América... e os argentinos não aprendem, escolhem sempre os piores! Depois acusam o FMI. Uma pena, um país lindo com um povo espetacular estar nessa situação...

    1. É isto Nestor há 50 anos a Venezuela era quinto mais rico país do mundo e a Argentina o mais equilibrado e desenvolvido da América Latina e hoje os dois nadam em lixo ... quem fez isto? Povos ignorantes e suicidas ... agora resta roer a ossada sem tutano.

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