O que o governo espera ao levar Tacla Durán à Câmara

Advogado da Odebrecht entre 2011 e 2016, Rodrigo Tacla Durán (foto) não está no Brasil, mas deve ser o único convidado de uma audiência marcada para às 14h30 desta segunda-feira (19), na Comissão de Administração da Câmara dos Deputados.

O autor do requerimento é o deputado Rogerio Correia (PT-MG), que deixa claro em seu pedido que o objetivo e manter quente a discussão sobre a Lava Jato — e como as denúncias de Tacla Durán poderiam ser a pá de cal na operação, alvo de uma vingança da classe política.

“A gravidade das acusações (corrupção, tráfico de influência ou denunciação caluniosa) [feitas por Tacla Durán] exigiria uma investigação para confirmar ou não seu teor, mas nada foi feito”, escreve o parlamentar, se tratando de denúncias de extorsão feitas pelo advogado contra o senador Sergio Moro (União-PR) e o ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), quando estes eram o juiz responsável e o promotor da operação.

Caso a audiência de fato ocorra, o deputado petista deve sugerir que Tacla Durán fale também sobre a continuidade do caso, envolvendo o juiz federal Eduardo Appio — que foi afastado do comando da 13ª Vara Federal de Curitiba — e do desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Nesta semana, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a anulação das provas usadas contra ele.Toffoli reiterou a decisão anterior do ex-ministro Ricardo Lewandowski, então relator da reclamação do advogado, que declarou a “imprestabilidade” das provas obtidas a partir dos sistemas Drousys e My Web Day B, utilizados no Acordo de Leniência celebrado pela Odebrecht.

O que aumenta a pressão sobre a reunião: com as manobras recentes, o governo deve usar da audiência com o personagem da Lava Jato para aumentar às críticas à operação, que expôs as entranhas de corrupção na Petrobras durante os governos petistas.