ReproduçãoLula com Sholz, em encontro dos dois na Alemanha

Olaf Scholz é do “PT alemão”, que soube amadurecer

29.01.23 11:34

O presidente Lula receberá nesta segunda, 30, o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz. A última vez que os dois se encontraram foi em 2021 (foto), quando Scholz estava se preparando para assumir o cargo, que tem o título de “chanceler“.

Scholz é do SPD, o partido social-democrata, que tem laços antigos com o PT e ideias parecidas. As das legendas nasceram dos sindicatos e acreditam no Estado como indutor da economia. Mas, em vários outros temas, há divergências. O SPD poderia ser considerado como o PT que soube amadurecer.

Uma das diferenças mais gritantes entre os dois partidos é na relação com as ditaduras. Enquanto Lula já disse que a Venezuela tem excesso de democracia e que esse país e Cuba devem ser tratados “com carinho“, no SPD alemão não há amigos de ditaduras, que as defendem por ideologia.

Scholz não vai dar apoio a ditaduras. Não há questionamentos no entorno do chanceler sobre se a Venezuela é ou não uma democracia. O que pode ocorrer dentro do partido são debates sobre como lidar com isso em termos práticos“, diz Kai Enno Lehmann, professor de relações internacionais na Universidade de São Paulo.

Outra diferença é que o SPD tomou claramente o lado de Kiev na guerra contra os invasores russos. Na semana passada, o governo alemão decidiu enviar tanques Leopard 2 para combater os russos. Lula, contudo, já disse que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, quis a guerra e tentou botar a culpa na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, da qual a Alemanha é parte. Na semana passada, o presidente brasileiro rejeitou um pedido da Alemanha e vetou o envio de munições para os tanques Leopard 1, que também estão sendo enviados para a Ucrânia.

Scholz defendia uma saída diplomática, mas nos últimos dias sedimentou-se a postura alemã de que a Rússia não pode ganhar essa guerra“, diz Lehmann. “Além disso, a ideia de que um armamento produzido na Alemanha deva ser usado a favor de um lado em uma guerra é uma mudança histórica não só do governo alemão, mas do partido social-democrata. Isso mostra claramente quem o SPD acha que é o culpado pela guerra.”

O SPD também carrega consigo uma característica comum a todos os alemães, que é a austeridade nas contas públicas. Eles são responsáveis e dificilmente embarcariam em uma proposta de aumento de gastos com as contas já no negativo, como o PT fez ao impulsionar a emenda constitucional para furar o teto de gastos, aprovada no ano passado. Scholz, aliás, é um exemplo de governante responsável, pois equilibrou as finanças da cidade de Hamburgo quando foi prefeito. É o oposto do que o PT fez no governo de Dilma Rousseff, que cometeu pedaladas fiscais e lançou o Brasil em uma de suas piores crises econômicas, em 2015.

Enfim, ao apoiar a Ucrânia na guerra, não elogiar ditaduras e cuidar das contas públicas, o SPD é o PT que cresceu.

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  1. A Alemanha é, hoje, um país sério! Já fez muitas loucuras no passado mas regenerou. Hoje, eles trabalham para produzir e riqueza e dar um bom padrão de vida à sua população...

  2. Muito mal, ein Crusoé. Isso lá é comparação que se faça? O PT é uma chaga brasileira, um parasita que ilude a massa ignara pra sugar seu sangue, enquanto o malabarista molusco faz mágicas e diz mentiras com as palavras.

  3. O que hoje chamamos de PT é um arremedo do que foi concebido na década de 1970. Os bons do partido - ele os teve - pularam fora quando a maçã podre que atende por Lula contaminou os que até hoje continuam nele. O partido poderia se chamar PdL Partido do Lula e nada tem a ver com o PT original.

  4. Não tem como o PT amadurecer. Parem de “passar pano”. É um partido ditatorial que quer controlar a imprensa e sufocar a oposição.

  5. TODO LADRÃO ESPERTO ACHA QUE SEMPRE PODE LEVAR VANTAGEM DIANTE DE PESSOAS HONESTAS E BEM INTENCIONADAS!!

  6. O PT nunca vai mudar ou amadurecer. Basta ver quem são as únicas lideranças (octogenárias) e qual a formação histórica delas. Ninguém diferente apareceu ao longo da história do partido. Apenas personagens identificadas como postes, sem luz própria (Dilma, Haddad) foram autorizados a se candidatarem a lideranças pueris. E muitos personagens de segundo escalão que apenas dizem amém aos senis chefes. O consolo é que este modelo tem final natural esperado.

  7. Comparar o partido de Willy Brandt com o PT é uma ofensa à social-democracia e à ética alemãs. Apesar do partido ter homens que melhor estariam em algum partido corrupto brasileiro como Gerhard Schröder, o amigo íntimo do bandido e canalha Putin.

  8. Bom artigo. Antes de aderir ao Programa de Godesberg, o SPD era esquerda de verdade, com laços íntimos para a União soviética

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