Foto: Adriano Machado/CrusoéLula: grande pressa e indisposição para lidar com limites

Oposição a Lula nasce amordaçada

07.01.23 14:40

Tenho insistido que Bolsonaro não brigou pela liberdade de expressão em seu mandato; na verdade, ele notou que alguns ministros do Supremo Tribunal Federal possuíam uma visão muito autoritária sobre o tema e os elegeu como inimigos. Todo populista tem que eleger um inimigo. Por sua vez, Lula, outro populista – e talvez o maior deles –, também não lutou pela democracia; apenas correu para o lado oposto da trincheira e escolheu o Judiciário como seu aliado.

Os ministros autoritários ficaram satisfeitos com o apoio e formaram uma informal – espero – aliança com o lulismo. Como todo populista precisa eleger um inimigo, a parceria também precisou de um. Durante as eleições, ele foi Bolsonaro. Com o ex-presidente exilado na Disney, não faz mais sentido combatê-lo. O inimigo tem de ser outro, e este outro será todo aquele que de alguma forma sobressair na trincheira da oposição.

Na última semana, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, além de censurar perfis de redes sociais de jornalistas de direita, deferiu a quebra de sigilo de oito pessoas suspeitas de financiar atos chamados antidemocráticos. Na mesma canetada, segundo a imprensa, decidiu que as pessoas que mantiveram contato com os oito também poderiam ter seus sigilos quebrados. A decisão, além de uma afronta à legalidade, sujeita todas as conversas entre os oito e terceiros à vigilância e controle e dá o recado aos que pensam em estruturar, de alguma forma, uma nova oposição no país sem Bolsonaro.

Se o Judiciário inicia o ano desta forma, o Executivo não fica para trás e, no primeiro dia de governo, trouxe à luz o decreto 11.328/23 que, na prática, permite que o governo processe judicialmente – com o dinheiro do contribuinte – todo cidadão que “desinformar a respeito de políticas públicas”. Como desinformar é um conceito vago, ainda em discussão ferrenha no Legislativo, é plenamente possível – para não dizer provável – que se trate de uma artimanha para perseguir os críticos do governo. Trocando em miúdos, permite que o governo persiga sua oposição.

Se o populismo de Bolsonaro teve por estratégia tratar como inimigo o Judiciário, supostamente em nome da luta pela liberdade de expressão, o novo governo petista, alinhado às Cortes de Brasília, e supostamente em nome da democracia, parece ter por estratégia tratar como inimigo todo aquele que se propuser a formar alguma nova e necessária oposição.

André Marsiglia é advogado. Escreve sobre Direito e Política

@marsiglia_andre

andremarsiglia.com.br

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Com o atual insano e interesseiro presidente da Câmara rendido à quadrilha a única chance de impedirmos democraticamente o desastre comunazista em clara implantação é o Senado casa mais antiga do Estado advindo da constituição de 1824 a mais equilibrada de todas escrita por grandes juristas e outorgada por Pedro I a única força capaz de barrar a quadrilha e tentáculos que violam a nação como querem sem reação de canalhas travestidos no poder a humilhar a seu povo e isto pode acabar muito mal.

    1. Na verdade BOLSONARO por sua insensatez e entendimento que ganharia a eleição de qualquer forma é o maior responsável por este estado de coisas é duro mas esta é a verdade doa a quem doer .. pior que um líder fraco é um líder sem noção da realidade e ninguém duvide pagaremos caro por isto.

  2. Realmente não “existe mocinho nessa estória” não. Brasília é um antro de bandidagem. Somente sua implosão poderia contribuir para um recomeço com dignidade….

  3. Obrigada Andre ,,, Mil vezes obrigada, Ainda temos JORNALISTAS neste "Deserto de Homens e de Ideias"....

  4. Ñ conseguirão. Os ""tempos são estranhos"" mas são outros. Essa camarilha de néscios imagina q o luladralha elegeu-se c/ votos dele, entretanto, sabemos q foi c/ os votos anti-broncossauro dos q queriam apenas removê-lo. Caso concorresse agora Ñ se elegeria nem contra síndico de 1 prédio qualquer. A operação remove - DEFINITIVAMENTE - ladrões-genocidas nas próximas eleições já começou antes mesmo dessa última. É o começo do fim desses tempos muito além de estranhos....tenebrosos.

    1. Os BRASILEIROS, majoritariamente decentes, algumas vezes se enganaram mas... não compactuaram.

    2. Caso esse ladrão - também ignorante e primitivo - e sua facção criminosa ""também"" imaginem - como o anterior - reduzir o BRASIL a uma ditadurazinha qualquer nos moldes apreciados pela subespécie, desistam: o intento não servirá nem pra mera fantasia de Carnaval. Nem ao menos pra fantasia imaginária. Ninguém que ouse poderá mais com esse país continental deseducado mas informado. Não mais!.

  5. A linguagem populista é a que melhor se adapta aos analfabetos funcionais. Então, nada poderemos fazer até que a educação seja prioridade de um governo.

  6. Excelente reportagem. O ladrão não terá vida fácil. O povo não vai desistir do Brasil. O STF e TSE tomaram o lado dos bandidos. Chega da ditadura da Toga.

    1. O judiciário não escolheu um dos lados. Sempre foi esse lado.

    2. Acorda, não tem mocinho nessa história não. São todos bandidos da pior espécie e o judiciário apenas escolheu um dos lados. Pateta é quem escolhe um dos lados para torcer, como se isso fosse um jogo de futebol.

    1. Já escolhi meu lado! Nunca fui e nunca serei petista!

Mais notícias
Assine agora
TOPO