Adriano Machado/CRUSOE

Para Guedes, conceder reajustes durante a crise é ‘usar cadáveres como palanque’

15.05.20 19:17

O ministro da Economia, Paulo Guedes (foto), criticou nesta sexta-feira, 15, mandatários, entre parlamentares e governadores, que sobem “em cadáveres para arrancar recursos do governo” durante a crise do novo coronavírus. “É inaceitável que tentem saquear o gigante [Brasil] que está no chão”, disparou.

O chefe da equipe econômica fez a colocação ao comentar o plano de socorro a estados e municípios. A proposta costurada pelo governo e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, previa o congelamento dos salários do funcionalismo por 18 meses em troca de um auxilio de 60 bilhões de reais aos entes federados, além da suspensão de 65 bilhões de reais em dívidas. O Congresso, contudo, alterou o projeto e permitiu a concessão de reajustes para algumas categorias envolvidas no combate à Covid-19.

Em coletiva no Palácio do Planalto, Guedes afirmou que “as medalhas são dadas após a guerra, não antes”. “Nossos heróis não são mercenários. Que história é essa de pedir aumento de salário porque um policial vai à rua exercer sua função ou porque um médico vai à rua exerce sua função? Se ele trabalhar mais por causa do coronavírus, ótimo. Ele recebe hora extra”, disse. 

O ministro argumentou que os políticos não devem usar o momento de crise para conceder os aumentos “fazer palanque”. “Passamos um ano e meio tentando reconstruir o país. Quando estamos começando a decolar, somos atingidos por uma pandemia. E vamos nos aproveitar de um momento desse, da maior gravidade, de uma crise de saúde, e vamos subir em cadáveres para fazer palanque? Vamos subir em cadáveres para arrancar recursos do governo? Isso é inaceitável. A população não vai aceitar. A população vai punir quem usar cadáveres como palanque.”

Guedes reforçou que o presidente deve assinar o veto à possibilidade de reajustes salariais até 31 de dezembro de 2021 e fez um apelo para que o Congresso Nacional não o derrube, fazendo com que “o dinheiro da saúde fique na saúde em vez de virar aumento de funcionalismo ou farra eleitoral”. 

“Estou pedindo uma contribuição do funcionalismo público brasileiro. Estou pedindo ao Congresso que não derrube o veto do presidente. Eu estou pedindo ao Congresso que faça o que eu acredito que nós somos: uma grande sociedade aberta, uma democracia dinâmica, onde os poderes vão demarcando seus poderes e atuando”, pontuou.

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