Por que Evo Morales levou uma cadeirada na cabeça durante reunião do partido socialista

Em uma reunião de integrantes do Movimento ao Socialismo, o MAS, partido do ex-presidente Evo Morales (foto), nesta segunda, 14, uma cadeira de plástico azul foi lançada a três metros de distância até acertar a cabeça de seu integrante mais conhecido. A reunião ocorreu em Lauca Ñ, no coração do Chapare, a região que exporta pasta de coca e cocaína para o Brasil.

Os ataques contra Evo Morales, que pretendia emplacar um candidato de seu agrado para as eleições regionais de março, contrastam com a popularidade que o ex-presidente já teve em seu país. Na última sexta, em visita a Betanzos, província de Potosí, ele precisou se esconder por três horas em uma sala da prefeitura municipal para não ser agredido por manifestantes. “No ano passado, Evo Morales escapou da Bolívia e foi para o México e Argentina. Agora ele está tendo de escapar de cada povoado da Bolívia que visita”, diz o boliviano Humberto Vacaflor, pesquisador e especialista em narcotráfico. “O país mudou. A população não aceitou quando Morales ignorou o resultado do referendo de 2016, em que os bolivianos foram contra ele se candidatar pela quarta vez.”

A rejeição a Morales não tem um fundo econômico, uma vez que a plantação, o refino e a exportação de coca e derivados seguem normalmente. “Já aconteceram brigas com Morales em 19 lugares diferentes da Bolívia desde seu retorno. Nada disso tem a ver com os negócios do narcotráfico. A questão é que ninguém mais aguenta que ele indique os seus candidatos no MAS”, diz a cientista política boliviana Jimena Costa, ex-deputada. “Morales é o típico caudilho decadente que não quer aceitar que seu ciclo acabou e não fez nada para ajudar seu povo.”