Por que Evo Morales quer criar a Runasul, a ‘Unasul dos povos’

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales (foto) está impulsionando a criação de um bloco formado por organizações de diversos países da América Latina, que será chamado de Runasur, ou Runasul. Uma segunda reunião para discutir os detalhes foi agendada para ocorrer em Cuzco, no Peru, no final de dezembro.

Segundo Morales, o objetivo é criar uma espécie de “Unasul dos povos“, uma vez que “países de direita acabaram com esse bloco“. Na língua quéchua, “runa” quer dizer pessoas ou povos.

A Unasul foi criada pelo venezuelano Hugo Chávez em 2008 para projetar seu poder na região. A ideia era repetir o modelo da Organização dos Estados Americanos, a OEA, mas sem os Estados Unidos — um dos objetivos declarados era exatamente conter a “interferência americana” na região. Com o dinheiro dos petrodólares, Chávez comprou aliados em diversos países. Após sua morte, em 2013, e o aprofundamento da crise venezuelana, o grupo perdeu a razão de existir.

Morales não conta com o dinheiro que Chávez teve com a venda de petróleo. O mais provável é que o boliviano esteja impulsionando a Runasul de olho nas eleições presidenciais do seu próprio país, que ocorrerão em 2025.

“Morales ainda terá de disputar com o atual presidente, Luis Arce Catacora, a nomeação como candidato do Movimento ao Socialismo, o MAS“, diz o cientista político boliviano Carlos Cordero. “A imagem internacional de Evo Morales é uma referência e ponto de apoio para o seu retorno eleitoral nas eleições de 2025. Revitalizar a Unasul, sob outra denominação, a Runasul, faz parte dessa estratégia.”