Reprodução

Por que Irã e Argentina querem entrar nos Brics

28.06.22 15:54

Irã e Argentina submeteram nesta segunda, 27, seus pedidos para entrar oficialmente no bloco dos Brics, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os motivos que levaram argentinos e iranianos a tentar o ingresso no grupo são bastante diferentes, sendo que aquele que mais deve preocupar o Brasil é o movimento da teocracia xiita, comandada pelo líder supremo Ali Khamenei (foto).

Entrar nos Brics é uma obsessão do kirchnerismo. Eles sempre tiveram um desejo de ter mais status internacional, de pertencer a clubes importantes, além de nutrir um pouco de inveja da projeção do Brasil“, diz o cientista político argentino Patricio Giusto, diretor do Observatório Sino-Argentino, em Buenos Aires.

Além desse anseio não admitido de grandeza, Fernández justificou o pedido de inclusão dizendo que a Argentina poderia ser um fornecedor seguro de energia e de alimentos para os demais membros do bloco. É pura ilusão. “Não seremos nem exportadores de energia, nem de alimentos. A Argentina está afundada na pobreza, somos incapazes de construir um gasoduto e suspendemos as exportações de carne. A única coisa que a Argentina consegue exportar é politicagem barata para os foros globais“, diz Giusto.

O Irã, por outro lado, poderia ter mais benefícios. A economia do país tem sido bastante afetada pelas sanções americanas, impostas para conter o seu programa nuclear. Ao se imiscuir em organizações internacionais, o Irã tem a expectativa de estreitar laços econômicos com outros países e, assim, driblar em parte essas limitações.

Para o Irã, o bloco dos Brics é uma oportunidade para conseguir uma integração maior com cada um de seus membros, particularmente com a China e a Rússia“, diz Jason Brodsky, diretor de política da ONG United Against Nucler Iran, em Washington.

Com esse mesmo intuito, o Irã também pediu para entrar na Organização para Cooperação de Xangai, com nove países, e foi formalmente aceito no ano passado. “Essas entidades poderiam fornecer aos iranianos mais plataformas diplomáticas para promover seus interesses e neutralizar as sanções“, diz Brodsky.

O interesse iraniano em entrar para o grupo fica mais evidente quando são analisados os desenvolvimentos mais recentes dentro dos Brics. “Há um processo interno para se criar um sistema de pagamentos internacional alternativo ao do Ocidente. Isso permitiria que Rússia e China realizassem transações em moedas locais, sem terem de converter para o dólar“, diz Alexandre Pires, professor de economia e relações internacionais no Ibmec de São Paulo. “Esse é um cenário preocupante, porque esses países teriam uma ferramenta fortíssima para contornar as sanções impostas pelo Ocidente. O Brasil, dentro desse novo Brics, poderia acabar em uma posição não muito confortável.”

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO