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Por que os pobres do Chile preferem a direita de Kast em vez da esquerda de Boric

04.12.21 18:04

O candidato de extrema-direita José Antonio Kast (foto) venceu o primeiro turno das eleições de novembro no Chile com 28% dos votos. Seu desempenho foi melhor nas regiões onde estão as comunidades mais pobres, como Tarapacá, Nuble e Araucanía.

Seu rival no segundo turno será Gabriel Boric, de extrema-esquerda, que obteve 25% no primeiro turno. Diferentemente de Kast, Boric foi mais bem votado nas áreas urbanas, como a região metropolitana de Santiago e a área de Valparaíso.

Certamente, os movimentos de mulheres e feministas e os grupos que promovem os direitos LGTB se desenvolveram mais nos setores urbanos. Isso ajuda a explicar, em parte, o desempenho de Boric nesses lugares“, diz o historiador Raúl Burgos Pinto, da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso.

Nas 20 comunidades mais pobres do país, o direitista Kast venceu Boric nas urnas. Na média, o candidato de extrema-direita obteve 36% dos votos nessas áreas, contra 13% do nome da extrema-esquerda.

As propostas de Boric são o que chamamos de ‘pós-materiais’, que não fazem muito sentido para os moradores da periferia. Eles votam com base em suas experiências locais, e o que eles querem é andar na rua sem risco de ser assaltado e viver em lugares que não estão dominados pelo narcotráfico“, diz o sociólogo Aldo Mascareño, do Centro de Estudos Públicos, CEP, do Chile.

Desde os protestos de outubro de 2019 no Chile, manifestações violentas têm sido uma constante. “A esquerda não apresentou uma crítica clara à violência e, além disso, defendeu esses manifestantes, inclusive exigindo a liberdade daqueles que foram presos por atos de desordem pública e contra as pessoas e a propriedade privada“, diz Mascareño. Kast, por outro lado, fez sua campanha prometendo ordem e segurança.

Essa postura também fez com que Kast vencesse com folga nas comunidades  onde vivem o povo indígena mapuche. Há vários meses, a região está sob estado de exceção. “Existe por lá grupos radicais que promoveram atentados nos campos, feriram e mataram pessoas, invadiram terras e se apresentam como grupos armados, muito no estilo das guerrilhas da América Latina”, diz Mascareño.

Para o segundo turno, que ocorrerá no dia 19 de dezembro, Boric está ajustando o discurso. “A interpretação dos resultados do primeiro turno fez com que Boric modificasse o seu discurso e começasse a enfatizar temas que podem interessar mais esses setores, como segurança e emprego“, diz Raúl Burgos Pinto.

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