Adriano Machado/Crusoé

Presidente da ANS se reuniu com operadora de saúde dias após doar ao PP

06.10.21 15:02

O diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar, Paulo Rebello (foto), se reuniu duas vezes com representantes da operadora de saúde Hapvida dias após executivos da empresa terem doado 300 mil reais ao diretório nacional do Progressistas, em dezembro do ano passado.

Rebello presta depoimento à CPI da Covid no Senado sobre eventual omissão da ANS na fiscalização da operadora Prevent Senior, acusada de obrigar médicos a prescreverem o chamado “Kit Covid“, com remédios sem eficácia comprovada, para pacientes com coronavírus. Casos semelhantes envolvendo a Hapvida também foram relatados aos integrantes da CPI.

As reuniões com a Hapvida ocorreram quanto Rebello era diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS e havia acabado de ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o comando da agência, por influência do deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara e tesoureiro do Progressistas. Aos senadores, Rebello negou ter sido indicado ao cargo por Barros.

Rebello foi chefe de gabinete de Barros no período em que o parlamentar comandou o Ministério da Saúde, entre 2016 e 2018, durante o governo de Michel Temer. Ele deixou a pasta em setembro daquele ano para assumir a diretoria na ANS, cargo que acumula com o de diretor-presidente desde julho deste ano, após sua indicação ter sido aprovada pelo Senado.

Segundo a agenda oficial de Rebello, foram duas reuniões com representantes da Hapvida “para tratar do assunto relevante e de interesse a operadora Promed BH”, comprada em setembro do ano passada pelo grupo. As audiências por videoconferência ocorreram nos dias 21 e 29 de dezembro.

Naquele mês, três acionistas da Hapvida fizeram seis transferências para a conta do Progressistas, no valor total de 300 mil reais, entre os dias 4 e 18 de dezembro. Metade do valor foi repassada por Cândido Pinheiro Koren Lima, fundador da Hapvida.

Os repasses ocorreram depois das eleições municipais e foram registrados pelo PP como doações para “manutenção do partido”. O trio de empresários também contribuiu para a “manutenção” do DEM e do PSDB e fez doações de campanha para PSD, PT e PDT. Essas últimas apareceram nas prestações de contas eleitorais feitas ao Tribunal Superior Eleitoral no ano passado.

Procurado por Crusoé, o deputado Ricardo Barros afirmou por mensagem de texto que “não há relação de doações com as audiências” dos executivos da Hapvida com o atual presidente da ANS. “Não solicitei a doação e nem foi por mim oferecida. A doação é ao partido”, disse Barros.

Em nota, os controladores da Hapvida afirmam que fizeram doações para diretórios de sete partidos políticos, “de todos os espectros ideológicos”, entre outubro e dezembro de 2020, e que as reuniões dos executivos da empresa com a ANS “trataram exclusivamente da aquisição do grupo Promed”.

“Esse tipo de reunião é absolutamente corriqueiro em setores regulados: toda grande empresa de saúde tem dezenas de reuniões com seus reguladores a cada ano. A família Pinheiro esclarece, por fim, sua posição apartidária, sem qualquer relação política ou ideológica com governos de qualquer instância”, afirmam os controladores da Hapvida na nota.

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  1. Com todo respeito, o que menos a ANS faz é defender os direitos dos usuários dos planos de saúde. Agora, quando é para chancelar aumentos a favor desses mesmos planos acima da infração, aí mostra-se sempre muito favorável aos mesmos.

    1. Perfeito, agora entendi pq esse Sr foi realmente uma negação, como representante da ANS, na CPI!! Lembro ter ficado chocada com a postura e total desconhecimento da entidade que preside!! Agora faz todo o sentido - indicação meramente política não requer conhecimento ou capacidade profissional!!!

  2. Que País é esse? A grande maioria que vemos ascender a cargos de relevância,parece que são escolhidos por possuir o perfil para corrupção. Que País estamos deixando para essa nova geração? A população se esforça nadando sem parar e morre sempre ao chegar na praia. Apoiamos tanto a Lavajato e estamos morrendo na praia da corrupção

    1. Asqueroso e revoltante. Só mesmo nós p mudar tudo isso. Pena q a maioria ainda ñ se conscientizou. Acompanhar as políticas públicas e ñ reeleger politiqueiros, apadrinhados, indicados, amigos dos amigos, simpatizantes e outros afins.

  3. Se gritar pega central, não fica um meu irmão. tem que investigar isso MPF e PF. 🕵🏼‍♀️💰🚔👮🏽‍♀️🥷

  4. Divide as doações por 600.000 mortes, é o que vai dar, quanto vale a vida humana!!!Com este sistema político corrupto,Assassino e genocida , que a Ptzada e Gadolandia querem continuar???

    1. Não esqueça de computar as mais de 200 mil mortes causadas pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e outros casos de mortes causadas diretamente ou indiretamente pelo Covid-19, as quais não fazem parte dos dados oficiais com testes Covid-19. A FioCruz emite um Boletim período com os dados de mortes por SRAG. Portanto, são mais de 800 mil mortes.

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