Bruno Poletti/Folhapress

Presidente do PSB condiciona aliança com Lula a apoio do PT a Márcio França em SP: ‘Não abrimos mão’

24.11.21 07:03

Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira afirmou a Crusoé que, para apoiar Lula na eleição presidencial, o partido não abre mão do apoio do PT à candidatura de Márcio França ao governo de São Paulo. O dirigente mencionou, ainda, outros cinco estados nos quais o PT deverá apoiar o PSB se quiser a adesão à candidatura de Lula. “O PT precisa decidir qual a sua prioridade. A nossa é eleger deputados e governadores”, disse Siqueira. Sobre a possível filiação do ex-governador paulista Geraldo Alckmin ao PSB, o presidente do partido deixou claro que tem “diferença política-ideológica” com o tucano, cotado para ser vice de Lula, mas que a aliança “serve ao propósito” de derrotar o presidente Jair Bolsonaro nas urnas. Eis o que ele falou:

Há tratativas para uma aliança envolvendo o apoio do PSB a Lula para a Presidência. O que está posto na mesa?
A questão central do Brasil não é esquerda contra direita, mas democracia versus autoritarismo. Bolsonaro representa o autoritarismo, e o desejo do PSB é derrotá-lo. Lula tem se mostrado o candidato mais viável para esse fim. Portanto, nós queremos contribuir com isso na medida do possível. Mas temos disputas regionais: São Paulo, Rio, Pernambuco, Espírito Santo, Acre, Rio Grande do Sul. O PT precisa decidir qual é a sua prioridade. A nossa é eleger deputados e eleger governadores. Penso que o PT deveria ter como objetivo principal a eleição de Lula. Então, o PT precisaria dar contrapartida eleitoral e programática. A questão programática também é muito importante.

O PSB poderia abrir mão de ter candidatura própria em São Paulo, que desses estados é onde o PT se mostra mais resistente a aceitar a composição? O PT ensaia lançar a candidatura de Fernando Haddad.
Não abrimos mão de jeito nenhum. São Paulo é a praça principal. Nós temos um candidato que pode ajudar a esquerda a ganhar a eleição em São Paulo. O histórico do PT é de sempre perder a eleição no estado de São Paulo, apesar de já ter ganhado na capital. E Márcio França (ex-governador que deve se lançar como candidato ao Palácio dos Bandeirantes pelo PSB) se mostrou na eleição passada um candidato muito bom, eleitoralmente inclusive. Tanto que, em pleno bolsonarismo, perdeu de muito pouco para o Doria.

Tem algum prazo para que o PT dê a resposta ao PSB a respeito dessas condições?
Não estabelecemos um prazo, mas acho que a resposta deveria ser dada o mais rapidamente possível. Se o PT quer o nosso apoio, é preciso que se posicione a respeito dessas candidaturas. Até agora não há nenhuma definição, a não ser uma demonstração de boa vontade. Mas só demonstração de boa vontade não é suficiente. Há conversas com diversas forças políticas. A mais adiantada é com o PT, e é também a mais provável. Mas antes de bater o martelo queremos discutir ainda questões programáticas, como a da Amazônia 4.0, economia verde com sustentabilidade. E o renascimento criativo da indústria, para o Brasil deixar de ser apenas um grande produtor e exportador de commodities e passar a ser também um produtor e exportador de tecnologia.

O senhor já deu duras declarações contra Lula. Não seria um contrassenso apoiá-lo em 2022?
Dei essas declarações quando, ao sair da prisão, Lula disse que o PT ia ter candidatura em todas as capitais e que o PT tinha decidido romper conosco, inclusive na nossa principal praça, que é o Recife. Por isso critiquei. E parece que a realidade me deu razão. A política de isolacionismo que o PT adotou nas eleições municipais foi um desastre para eles. Ao passo que nos aliamos ao PDT e ganhamos juntos quatro capitais e várias cidades grandes. Essas alianças poderiam ter sido com o PT, mas o PT se equivocou. Acredito que eles mudaram completamente após essa derrota de 2020.

Como estão as conversas para filiar Geraldo Alckmin ao PSB?
Tenho apreço pessoal muito grande, mas sei da diferença política-ideológica que nos separa. Compreenderei a possível filiação de Alckmin dentro desse contexto de que, hoje, a disputa não é entre esquerda e direita. É entre democracia e autoritarismo. E tudo o que servir à derrota do autoritarismo representado por Bolsonaro serve ao nosso propósito.

O PSB tem, historicamente, boa relação com o PSD, que também corteja Alckmin. A disputa dos dois partidos pelo ex-governador de São Paulo pode causar alguma sequela nessa relação?
O PSB sempre teve relações excelentes com PSD, com apoio em vários estados. Não haverá alteração nessa cooperação. Para se ver a afinidade, Eduardo Campos chegou até a cogitar fazer fusão entre PSB e PSD. A relação entre os partidos é muito boa.

Há uma parcela considerável da população que se considera antipetista, por causa principalmente de escândalos de corrupção nas gestões passadas. Esse fantasma pode prejudicar as pretensões de Lula?
O que aconteceu com o PT é preciso que seja resolvido como está sendo, através da Justiça. Havendo denúncia, a Justiça apura. Eu trato de política. Se há problemas envolvendo Justiça, Polícia Federal e Ministério Público, que sejam tratados no âmbito próprio. Não é aqui, comigo, embora a questão ética deva ser permanentemente perseguida pela classe política.

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  1. Mais um pu.lha do crime organizado. Farinha podre do mesmo saco, cheia de bigatos. Ninguém aguenta mais, os brasileiros de bem não aguentam mais esta can.alha. Fora PT, fora Bolsonaro. Moro 22.

  2. Este é mais um partido de esquerda como todos os outros tudo farinha do mesmo saco, só tem um propósito chegar ao poder pra fazer o mesmo estrago que os velhos e conhecidos PeTralhas.

    1. Totalmente contraditório... seria autoritarismo x autoritarismo ( disfarçado de esquerda) . ou será que defender Nicarágua , Venezuela e ,cuba é democratico? bando de hipocritas e oportunistas... Sinto pelos mais jovens que optaram por esse partido acreditando que podia melhorar alguma coisa.

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