Sistema parlamentarista conteve os excessos de Silvio Berlusconi

O empresário e político Silvio Berlusconi (foto) morreu aos 86 anos na Itália nesta segunda, 12, após ser hospitalizado para tratar uma leucemia.

Conhecido pelas festas bunga bunga em suas mansões e pelo jeito histriônico e bem-humorado, Berlusconi teve pouca força para mudar os rumos da Itália, apesar de ter sido primeiro-ministro em três períodos diferentes, entre 1994 e 2011. Isso porque o país tem o sistema parlamentarista, e não presidencialista como o brasileiro.

“Felizmente ou infelizmente, os primeiros-ministros da Itália conseguem ter menos impacto do que eles gostariam, porque o sistema é mais centrado no Parlamento“, diz o professor de Relações Internacional Adriano Gianturco, do Ibmec de Belo Horizonte. “Mesmo concentrando muito poder político e econômico, ele conseguiu fazer muito pouco, ou quase nada.”

Berlusconi também era muito amigo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas sua preferência pessoal não foi capaz de mudar a política externa do país para favorecer o Kremlin. Sua proposta era de falar diretamente com Putin para ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia. Mesmo assim, a ideia não foi adiante. “A Itália é um país que, desde 1948, tem um posicionamento atlântico e europeísta. Está posicionada no eixo ocidental, com os Estados Unidos e com a União Europeia. Berlusconi continuou isso. Essa política não é colocada em questão por nenhum governo da Itália, nem por governos de esquerda. Ninguém chega a loucuras do tipo de apoiar Hugo Chávez, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, Cuba, Angola ou outras ditadoras em pleno século 21.”

Assista ao vídeo da entrevista: