DiogoMainardina ilha do desespero

Arrebentando a PF

08.05.20

“Se eu sair, ele arrebenta a PF”.

A frase é de Sergio Moro. No dia anterior à sua demissão, ele encaminhou essa mensagem de WhatsApp a um aliado, explicando por que ainda permanecia no cargo, apesar da torpeza de Jair Bolsonaro.

Não, a mensagem não prova um crime. Mas ela o circunstancia, revelando os temores de Sergio Moro e de Jair Bolsonaro. O que temia Sergio Moro? Que Jair Bolsonaro arrebentasse a PF. O que temia Jair Bolsonaro? Que a PF o arrebentasse.

O post de O Antagonista que detonou essa crise, intitulado “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas”, foi publicado por mim. Depois de citar um trecho da coluna de Merval Pereira, em que ele dava detalhes sobre o inquérito do STF, eu acrescentei: “Deve ser por isso que Jair Bolsonaro quer trocar o diretor-geral da PF”.

Na sede da PF, todos sabiam que Jair Bolsonaro, assim como já havia ocorrido em agosto do ano passado, estava pressionando Sergio Moro a afastar Maurício Valeixo. Isso coincidia com os vazamentos na imprensa de que os inquéritos conduzidos por Alexandre de Moraes (um dos quais censurou a Crusoé, é sempre bom lembrar) aproximavam-se da prole bolsonarista. O temor era tamanho que Jair Bolsonaro remeteu duas vezes aquele post de O Antagonista: a primeira, no dia em que ele chamou Sergio Moro ao Palácio do Planalto e prometeu degolá-lo juntamente com Maurício Valeixo; a segunda, com o comentário que foi parar no Jornal Nacional, “mais um motivo para a troca”.

Augusto Aras deve engavetar o inquérito sobre os abusos de Jair Bolsonaro na PF. Mas os fatos sempre voltam à tona, e isso vai ocorrer também desta vez. Não há uma boa saída para a encrenca em que o Brasil se meteu; a pior delas, porém, é insistir na mentira.

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