Os segredos do hotel
Na manhã de quarta-feira, 24, Crusoé revelou uma reunião secreta promovida pelo advogado Frederick Wassef em um hotel de Atibaia, no interior paulista, dias após o nome de Fabrício Queiroz ganhar o noticiário nacional, em dezembro de 2018, por causa de suas transações financeiras suspeitas. Segundo um funcionário do hotel, o próprio ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro e mais duas pessoas haviam participado do encontro, informação que o gerente da unidade correu para negar. De acordo com o relato desse empregado, durante as visitas o grupo trocava as placas dos carros antes de desembarcar no estacionamento — supostamente numa tentativa de desviar a atenção de quem eventualmente os estivesse vigiando do lado de fora. “Eles ocultavam a placa verdadeira”, afirmou o funcionário.
Nas horas que se seguiram à publicação, Crusoé ouviu de outras três testemunhas mais detalhes sobre o encontro de Wassef e Queiroz no Hotel Faro, situado a oito minutos de carro da casa do advogado onde Queiroz foi preso na semana passada. Os relatos desmentiam não apenas a versão do estabelecimento, mas também a narrativa que o agora ex-advogado do clã Bolsonaro tem tentado emplacar para blindar a família presidencial do novo escândalo e rechaçar a acusação de que ele escondeu Queiroz para mantê-lo domesticado e silente – até então, Frederick vinha repetindo que não mantinha contato com o ex-assessor de Flávio Bolsonaro.
De acordo com os relatos das testemunhas, o advogado voltou ao hotel no início da tarde, solicitando, às pressas, uma sala, onde faria a reunião revelada por Crusoé. Na recepção do hotel estava Silvana Benachio, outra ex-funcionária. Ele relata que acompanhou o check-out de Queiroz, às 12h37. Diz ainda que, pouco tempo depois, surgiu no saguão o advogado Edevaldo de Oliveira, que atua como uma espécie de “correspondente” de Wassef em Atibaia. Ele, então, pediu para ir à sala de reuniões onde era aguardado pela dupla Wassef e Queiroz. “Lembro que ele (Edevaldo) depois ligou para a recepção pedindo para não guardar a cópia do documento dele porque estava numa contratação sigilosa”, afirma. Segundo ela, os dois advogados eram hóspedes frequentes do hotel. “Ele (Wassef) já frequentava o hotel antes de levar o Queiroz lá.” Na terça-feira, 23, Crusoé já havia revelado que Edevaldo Oliveira hoje está para Paulo Emílio Catta Pretta — o novo advogado de Queiroz, que também defendeu o miliciano Adriano da Nóbrega — como esteve em passado recente para Wassef.
Após a reunião do dia 26 de dezembro, Edevaldo Oliveira foi o primeiro a zarpar do local. Em seguida, depois do meio-dia, Wassef e Queiroz fizeram o check-out. Segundo as testemunhas, o encontro secreto foi filmado pelas câmeras do hotel. Questionado por Crusoé, o gerente do estabelecimento afirmou que as imagens de dezembro de 2018 haviam sido automaticamente excluídas do sistema de armazenamento.
Até agora, Frederick Wassef não explicou por que Queiroz foi encontrado em seu imóvel, na quinta-feira da semana passada, nem quem bancava as contas do notório ex-assessor de Flávio. O advogado disse apenas que abrigava Queiroz em algumas oportunidades, em razão do tratamento contra um câncer que ele fazia num hospital da região, mas que nem o senador nem o presidente da República tinham conhecimento do fato. Sobre o encontro secreto no hotel de Atibaia, em dezembro de 2018, Wassef disse que não há provas. “Tenho sido vítima de contínuas mentiras, fake news e crimes de calúnia, difamação entre outros”, afirmou Wassef. “Ouvi dizer que você pôs o Queiroz lá”, disse ao repórter de Crusoé. A piada, sem graça e sentido, dá a medida do estado de espírito do advogado.
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