RuyGoiaba

Chega de intermediários: Didi Mocó no GSI

03.07.20

Comédia só é engraçada se você não vive dentro de uma — ela requer uma certa distância sanitária para que a gente consiga rir. Já escrevi isso por aqui, já citei aquela grande frase do Mel Brooks (“tragédia é quando eu corto meu dedo, comédia é quando você cai num bueiro aberto e morre”) e, ainda assim, volto ao assunto porque estamos no Bananão, o país do eterno retorno da chanchada, sem ministro da Saúde há um mês e meio e, até o minuto em que escrevo — no balanço das horas, tudo pode mudar –, sem titular da Educação.

No caso do MEC, o governo Bolsonaro até que tentou. E a tentativa deu com os burros n’água lindamente, mesmo para quem achava que seria difícil baixar ainda mais a altura do sarrafo depois de Abraham Weintraub (dica: sempre pode piorar). Como TODAS as piadas sobre o currículo de Carlos Alberto Decotelli já foram feitas, vou me concentrar nos goleiros desse 7 a 1: os autoproclamados “órgãos de inteligência”, que em tese deviam checar os antecedentes do ministro e deixaram passar essa capivara. O método da inteligência brasileira para avaliar novos integrantes do governo é “dar um Google”, e nem isso eles fazem direito.

Mas o que esperar de um chefe de Gabinete de Segurança Institucional, como Augusto Heleno, que publica o exame de Covid-19 nas redes junto com os próprios CPF e RG, para todo mundo ver? É muita segurança, amigos da Rede Globo — e muita institucionalidade também. Dá a impressão de que o trabalho é feito pelos Trapalhões fantasiados de agentes da Swat ou pelo que um amigo chama de Mossadis, o serviço secreto do Mussum. Nem o Sargento Pincel, militar bem menos graduado que o General Heleno, faria uma dessas.

O chefe do GSI, aliás, sentiu o golpe. Em 30 de junho, Heleno escreveu o seguinte no Twitter para os “desinformados”: “GSI/Abin examinam, sobre quem vai ocupar cargos no governo, antecedentes criminais, contas irregulares e pendentes, histórico de processos e vedações do controle interno. No caso de ministros, cada um é responsável pelo seu currículo”. Concluo que, se o Marcola do PCC mandar seu currículo para algum ministério e der uma disfarçadinha (se identificando como “Carmola do CPC”, por exemplo”), passa.

Já que Renato Aragão, o eterno Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo, acabou de encerrar seu contrato com a Globo, sugiro que ele assuma o GSI no lugar de Heleno. Didi Mocó tem larga experiência em CAFLITOS e, em caso de crise no governo, resolverá tudo da melhor maneira possível: com jatos da espuma de seu extintor de incêndio sobre Bolsonaro e os seus ministros. Se é para fazer palhaçadinha, melhor deixar a coisa na mão dos profissionais.

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A GOIABICE DA SEMANA

O que você, distinto leitor, cara leitora, faria se encontrasse em seu quintal um cachorrinho aparentemente bem cuidado e de coleira? Se o seu nome for Michelle Bolsonaro, vai se apropriar dele, rebatizar como Augusto e postar um monte de fotos do bicho no Instagram. E, se for Jair, vai promover uma espécie de cerimônia de devolução do cachorro no Planalto — parte da “agenda positiva” do governo, igual à extensão do coronavoucher ou àqueles 20 km de asfalto entre Poropopó-Açu e Deus Me Livre que o ministro Tarcísio adora anunciar.

Se esse governo não consegue checar o currículo nem dos ministros, é natural que também não verifique o dos cachorros. Mas, se o casal presidencial quiser substituir o Augusto (na verdade, Zeus), será facílimo escolher seu novo pet entre os blogueiros governistas. Eles são ótimos em latir e abanar o rabinho.

Reprodução/redes sociaisReprodução/redes sociaisO cão Zeus, que os Bolsonaros rebaixaram de deus grego a imperador romano

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