DiogoMainardina ilha do desespero

Não adianta

18.09.20

O financiamento da imprensa em tempos de internet é um assunto deprimente, porque sempre acaba com um jornalista indigente mendigando uns caraminguás. Eu tenho feito isso desde que inauguramos o site, há quase seis anos.

É preciso reconhecer, porém, que o tema desperta o interesse de muita gente. Em particular, o financiamento de nosso site. Jair Bolsonaro, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin Martins – só para citar alguns exemplos – já acusaram O Antagonista e a Crusoé de ganharem dinheiro especulando com a notícia, por meio de nosso sócio, a Empiricus. Não adianta dizer que a Empiricus não é uma corretora de valores. Não adianta dizer que, por contrato, somos proibidos de investir no mercado acionário ou no mercado cambial. Não adianta dizer que a Empiricus nunca fez um aporte de capital em nossa empresa, porque somos bem administrados (parabéns, Mario). Não, não adianta dizer nada disso, porque o que importa para aquela gente é especular com a imbecilidade de determinadas pessoas e desviar o foco das notícias que publicamos.

Alguns dias atrás, os bolsonaristas espalharam nas redes sociais que recebemos 49 reais em propaganda do governo. Como sabem nossos leitores, recusamos toda e qualquer publicidade estatal ou paraestatal, mas os filtros do Google devem ter falhado e os 49 reais em anúncios governamentais aparentemente pingaram em nosso site. Já devolvemos a quantia para a Secom, juntamente com um e-mail proibindo os marqueteiros bolsonaristas de emporcalharem nosso jornal com seu dinheiro asqueroso.

Pela última vez: a Crusoé depende apenas de seus assinantes. Já tentamos arrumar uns anúncios, mas o conteúdo da revista deve assustar o mercado publicitário, porque a iniciativa privada, no Brasil, sempre tem um pezinho no governo. O Antagonista também tem seus assinantes, em O Antagonista +, mas a maior parte de sua receita publicitária vem de banners gerados automaticamente.

Os inimigos sabem disso, porque já tentaram de tudo para nos atingir – da censura ao roubo de mensagens, como no caso dos hackers verdevaldianos. Ainda estamos aqui, mendigando uns caraminguás.

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