ReproduçãoBiden venceu Trump em uma das mais turbulentas corridas presidenciais da história americana

O mundo de Biden

Entenda as mudanças que o democrata irá promover no meio ambiente, nas políticas de imigração e nas relações com Rússia, China e com países do Oriente Médio e da América Latina, incluindo o Brasil
07.11.20

Nos Estados Unidos, mandatários que não se reelegem caem em uma segunda categoria, a dos “presidentes de um único mandato”. São aqueles que não conseguiram, aos olhos dos eleitores, estar à altura dos acontecimentos de seu tempo ou foram capturados em suas próprias armadilhas. Como o sistema bipartidário americano favorece o cumprimento de dois mandatos, o fracasso nas urnas após quatro anos acaba relegando a eles um papel menor na história americana. Nesse rol está o democrata Jimmy Carter (1977-1981), que perdeu a reeleição após ser surpreendido pela Revolução Iraniana e pela inflação causada pela crise do petróleo, embora a sua dimensão na defesa dos direitos humandos tenha sido enorme. O republicano George H. Bush (1989-1993) não ganhou mais quatro anos porque elevou impostos, contrariando sua promessa de campanha. A esse pequeno grupo agora se junta Donald Trump (2016-2020).

Neste sábado, 7, o candidato democrata Joe Biden foi reconhecido como vencedor da disputa deste ano a partir dos resultados obtidos no estado da Pensilvânia, que lhe permitiram alcançar 273 delegados no Colégio Eleitoral, passando dos 270 necessários para se tornar o 46º presidente dos Estados Unidos. A vitória se deu menos pelas qualidades de Biden e mais pelos erros de Trump. Após alguns meses em que a mudança climática, a interferência externa, o crescimento econômico e as tensões raciais aqueciam as discussões, a eleição acabou sendo completamente dominada pela gestão governamental da pandemia do coronavírus. Assim, enquanto em países como a Coreia do Sul e a Nova Zelândia, o controle da crise de saúde recompensou os governos de turno nas urnas, nos Estados Unidos, Trump encontrou na Covid o seu limite. O país já registrou 230 mil mortos pela doença e 9,5 milhões de contaminados, dois recordes mundiais.

O anseio por participar das decisões em um momento crítico levou 150 milhões de americanos às urnas, o maior número já registrado. Com mais de 70 milhões de votos, Biden tornou-se o candidato americano mais votado em eleições na história. Um esforço sem precedentes foi feito para permitir que as pessoas votassem com segurança. Cerca de 100 milhões de americanos votaram antecipadamente. Eles enviaram as cédulas pelo correio ou compareceram a centros de votação nos dias anteriores à eleição.

Na corrida que se tornou um referendo sobre o governo de Trump, Biden levou a melhor por ser a sua antítese. Assim como fez na campanha de 2016, o republicano questionou a integridade das eleições e acusou fraude na contagem de votos. Sua equipe entrou com ações judiciais contestando os resultados em Wisconsin, Michigan e Flórida. Na madrugada da quarta, 4, Trump discursou proclamando-se vencedor embora ainda estivesse longe, muito longe, de alcançar o número mágico de 270 delegados. O gesto foi uma ruptura da tradição americana, em que os candidatos aguardam a contagem dos delegados pela imprensa e o derrotado aceita em público a vitória do opositor. Como a contagem dos votos prosseguia, aumentando a margem pró-Biden, a tensão foi crescendo. Na noite de quarta, manifestantes favoráveis ao presidente entraram em centros de votação de diversas cidades gritando para que a apuração fosse interrompida, o que poderia invalidar votos perfeitamente legais. “Parem a contagem!”, escreveu Trump nas redes sociais.

Em discursos ao longo da semana, um calmo Biden pediu unidade ao país e procurou valorizar a democracia americana. “A democracia é o que faz o coração desta nação bater. Assim como tem ocorrido há dois séculos, mesmo durante uma pandemia, mais americanos votaram nesta eleição que em toda a história. Acho isso extraordinário”, disse Biden. “Nós não somos inimigos. O que nos une como americanos é muito mais forte do que qualquer coisa que possa nos separar. Deixe-me ser claro em um ponto. Nós estamos fazendo campanha como democratas, mas governarei como o presidente dos americanos”, disse Biden na quarta, 4.

Após a posse de Biden em janeiro, o antagonismo entre os dois poderá ser testemunhado pelo mundo em diversas atitudes do futuro presidente. Se Trump buscou anular políticas de seu antecessor, Barack Obama, Biden deverá fazer o mesmo agora. Isso deve ocorrer com o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris e com a busca de um novo pacto entre as grandes potências e o Irã para conter seu programa nuclear. Em relação à Rússia, Biden deverá recrudescer o tom com Vladimir Putin, a quem já chamou de “bandido da KGB”. Sua postura em nada deve lembrar a adoração que lhe devotou Trump.

Nos temas da China e de imigração, os objetivos principais não devem mudar. Os Estados Unidos seguirão pressionando os chineses e combatendo os imigrantes ilegais, mas haverá uma mudança sensível de abordagem. Na relação com a América Latina e o Brasil, as alterações em Washington exigirão adaptações dos governos locais. A seguir, Crusoé desenvolve sete temas que serão importantes no governo de Joe Biden.

Irã

Em 2018, o presidente Donald Trump ordenou a retirada dos Estados Unidos do acordo entre as potências mundiais e o Irã para evitar a fabricação de uma bomba nuclear. O republicano alegou que o Irã era o principal patrocinador do terrorismo no Oriente Médio e impôs novas sanções ao país. A economia foi severamente atingida e protestos internos contra o regime ganharam força. As sanções efetivamente cortaram as transferências de dinheiro da teocracia para vários grupos terroristas da região. Em maio do ano passado, o libanês Hezbollah foi forçado a cortar em 30% o salário dos seus soldados. Rejeitadas por Trump, autoridades do Irã anunciaram a retomada de alguns pontos de seu programa nuclear, mas mantiveram o contato com as outras potências.

IRNAIRNAO presidente do Irã, Hassan Rouhani, acompanha desfile militar
A expectativa agora é que Biden volte rapidamente a negociar com o Irã e as potências mundiais para obter um acordo. “Os democratas já deixaram muito claro que a questão primordial para eles é a nuclear. Eles estão dispostos a fazer um novo acordo e a gastar dinheiro se preciso, mesmo que com isso o Irã volte a causar instabilidade na região”, diz o americano Reuel Marc Gerecht, pesquisador da Fundação pela Defesa das Democracias, em Washington, e especialista em Oriente Médio.

O anúncio de um novo acordo ou a retomada do anterior não mudará as tendências que estão sendo observadas na última década. Desde o início do primeiro mandato de Barack Obama, em 2009, os Estados Unidos começaram a se retirar do Oriente Médio. O recuo prosseguiu com Donald Trump e continuará com Biden. No rastro dessa debandada, países da região entenderam que não poderiam contar inteiramente com os americanos para se proteger do Irã. É essa tomada de consciência que explica a colaboração entre nações árabes e Israel. Desde setembro, Bahrein, Emirados Árabes e Sudão assinaram acordos de paz com Israel. Trump até chegou a anunciar que a Arábia Saudita poderia ser o próximo na fila. “Esse é um movimento que deverá continuar. Os países árabes, principalmente os do Golfo Pérsico, compreenderam de forma cristalina que têm mais a ganhar do que a perder se cooperarem com Israel”, diz Gerecht.

Acordo de Paris

Em seu plano de governo, o democrata prometeu recolocar os Estados Unidos no Acordo de Paris, costurado pelo ex-presidente Barack Obama. Esse pacto mundial foi assinado em 2015 por 187 países com o objetivo de reduzir as emissões de carbono e evitar um aumento expressivo na temperatura do planeta. No ano passado, Trump disse que o acordo era um desastre e ordenou a retirada de seu país. A saída oficial aconteceu um dia após a eleição, nesta quarta, 4 de novembro.

ReproduçãoReproduçãoObama conversa sobre clima com outros líderes mundiais, em 2009
Biden poderá inserir os Estados Unidos de volta ao grupo sem qualquer impedimento burocrático. O impacto será relativo. O Acordo de Paris é um tratado fraco, em que os próprios países determinaram suas metas e ninguém corre risco de ser punido se não as alcançar. Mesmo assim, o retorno americano poderá facilitar a pressão internacional contra países que desrespeitam seus limites. “Tradicionalmente, os Estados Unidos e a União Europeia pressionavam a China na questão do meio ambiente. Quando os americanos saíram, os europeus ficaram sozinhos e perderam muito do poder de influência”, diz Eduardo Viola, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília.

Além disso, a ausência americana fez com que diversos países se sentissem à vontade para ignorar os compromissos anteriormente assumidos. “Em várias nações, o retorno americano fortalecerá os grupos que lutam pelo meio ambiente, os quais poderão cobrar mais de seus governos”, diz Viola. Um desses países é o Brasil. O Acordo de Paris prevê emissões de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 equivalente para o país 2025. Em 2018, com as queimadas em diversos pontos do país, principalmente na Amazônia, foram emitidas 1,9 bilhão de toneladas brutas de CO2 equivalente. Este ano, o número deve ser de 10% a 20% maior, segundo o Observatório do Clima.

Mais importante que a volta ao Acordo de Paris serão as medidas que os Estados Unidos tomarão internamente. Biden apresentou um programa de governo que une o estímulo às energias renováveis e a geração de empregos. Sua campanha falou em investir 1,7 trilhão de dólares ao longo de dez anos para que o país se torne dependente exclusivamente de fontes de energias renováveis até 2050. No pacote, estão incentivos para o uso de carros elétricos e a adaptação de edifícios para diminuir o consumo de energia. Mesmo que os republicanos consigam manter a maioria no Senado, o programa de Biden afirma que ele assinará diversos decretos para alcançar o objetivo. “Essas inovações americanas poderão ser copiadas e compradas pelo resto do mundo, o que terá impactos positivos para o meio ambiente”, diz Viola.

Rússia

Durante os quatro anos de Trump, a Rússia seguiu com suas atividades clandestinas praticamente sem ser repreendida. Os russos interferiram na eleição de 2016, nas legislativas de 2018 e novamente nas presidenciais, em 2020. O presidente americano ainda adotou diversas iniciativas na área de política externa que beneficiaram indiretamente o Kremlin. Os Estados Unidos retiraram seus soldados da Síria e desfizeram a aliança com as milícias curdas, o que favoreceu a ditadura do sírio Bashar Assad. Também diminuíram o número de soldados na Alemanha e cortaram recursos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que serve de anteparo à Rússia.
Biden, ao contrário, sempre se destacou por criticar os russos com veemência. Quando a Rússia invadiu a península da Crimeia e regiões ao leste da Ucrânia, Joe Biden, então vice-presidente de Barack Obama, articulou com os aliados europeus a imposição de sanções aos russos.

Mais tarde, em janeiro de 2018, Biden chamou Putin de “bandido da KGB” e falou que seu governo era uma cleptocracia tentando proteger a si mesma. “Tudo o que eles podem fazer para desmantelar a ordem liberal criada após a Segunda Guerra, incluindo a Otan e a União Europeia, é visto por eles como algo que protege os seus próprios interesses”, disse Biden. Para o democrata, a Rússia precisa pagar o preço pelas coisas que tem feito.

Casa BrancaCasa BrancaTrump com o russo Putin, em 2018
Durante a campanha presidencial, Biden não poupou ataques à Rússia. No final de agosto, mais de 70 especialistas em segurança nacional que trabalharam com presidentes republicanos juntaram-se a ele e condenaram a postura de Trump, que “repetidamente ficou do lado de Vladimir Putin contra os interesses das nossas próprias agências de inteligência”.

Em meio à tensão que está prevista, ao menos uma coisa pode sair de positiva. Biden defende a renovação do Tratado de Redução de Armas Estratégicas, que expira em fevereiro do próximo ano. O acordo foi importante para diminuir o arsenal dos dois países e é bem-visto por Moscou.

China

A animosidade contra a China não se limita ao Partido Republicano, mas permeia toda a sociedade americana. Atualmente, 73% dos americanos dizem ter uma visão desfavorável do país. Entre os motivos da insatisfação estão a maneira obtusa e irresponsável como a China lidou com o início da epidemia do coronavírus, a repressão em Hong Kong, o confinamento de muçulmanos uigures em campos de concentração e o roubo de propriedade intelectual de outros países.

XinhuaXinhuaMaioria dos americanos tem visão desfavorável da China
Biden continuará pressionando a China, mas promete fazer isso combinando com outros países, e não de maneira isolada. Os esforços ocorrerão dentro de organizações multilaterais como a Otan, a ONU e a Organização Mundial de Saúde, a OMS. “Para os chineses, isso é um problema, porque eles sabem que com isso os Estados Unidos ampliarão sua força. Quando Trump, que é um turrão, agia sozinho, sua chance de sucesso era menor”, diz o economista Roberto Dumas Damas, do Insper.

Em um governo do democrata, espera-se que o tema dos direitos humanos ganhe mais ênfase. Em agosto, a campanha de Biden divulgou um comunicado duro sobre os campos de concentração de muçulmanos uigures, na província de Xinjiang. “A opressão indescritível que os uigures e outras minorias étnicas têm sofrido nas mãos do governo autoritário da China é um genocídio e Joe Biden se opõe nos termos mais fortes”, dizia a declaração.

América Latina

Nos oito anos em que foi vice-presidente Joe Biden visitou a região 16 vezes. É muito mais do que as viagens de Donald Trump, que só pisou na região uma vez, em Buenos Aires, durante uma reunião do G20. Assim, imagina-se que o democrata dê mais atenção para a América Latina.

Quem ditará a política externa de Biden na região é o colombiano Juan González, que foi assessor do democrata quando ele era vice-presidente e trabalhou em sua campanha. Em um artigo publicado na revista Americas Quarterly, González fez uma dura avaliação da política externa de Trump e indicou o que pode acontecer no futuro. “A abordagem do atual governo para a América Latina é feita a partir de Miami e suas políticas só podem ser entendidas pelo prisma distorcido da política do sul da Flórida. Trump não pode vencer a reeleição sem a Flórida e sua administração pensa que pode capitalizar politicamente a raiva e o sofrimento dos eleitores cubanos e venezuelanos, sem se importar com o que acontece em seus países”, escreveu González.

Casa BrancaCasa BrancaOposição ligada a Guaidó não é a mesma que fala com democratas
É de se esperar, portanto, menos discursos contra o socialismo ou contra as ditaduras da Venezuela e de Cuba. Em relação à ilha comunista, González condena as medidas restritivas impostas por Trump que, segundo ele, aumentam o sofrimento do povo cubano. Após o governo de Barack Obama se aproximar do ditador Raúl Castro, facilitar as viagens, permitir transferências mais volumosas de dinheiro e reinstalar uma embaixada em Havana, Trump reverteu várias das medidas, alegando que elas só beneficiavam as corporações militares. Com Biden, parte das políticas republicanas deverá ser desfeita.

Sobre a Venezuela, o governo de Trump articulou-se com a oposição do país, com militares e com países vizinhos para tentar derrubar o ditador Nicolás Maduro. Em janeiro de 2019, o opositor Juan Guaidó foi proclamado presidente interino com apoio dos Estados Unidos e de outros cinquenta países, mas seus poderes são limitados. Com Biden, haverá um reequilíbrio de forças dentro da Venezuela. “A parcela da oposição que se comunica com os democratas é distinta daquela que tem boas relações com Guaidó”, diz o cientista político venezuelano José Vicente Carrasquero. “Há dúvidas até mesmo se Guaidó continuará sendo reconhecido como presidente interino.” As sanções provavelmente serão mantidas. Biden compartilha da visão de que Maduro é um ditador e constitui uma ameaça para as democracias da região.

Brasil

Biden conhece profundamente o país e já mostrou estar disposto a colaborar. Quando era vice-presidente, em 2016, ele declarou apoio ao governo de Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff. “O Brasil é e continuará a ser um dos parceiros mais próximos dos Estados Unidos na região porque, entre democracias, as parcerias não são baseadas nas relações entre dois líderes, mas sim no duradouro relacionamento entre dois povos”. Biden não caiu no conto de que o impeachment foi um golpe e afirmou que a transição tinha sido feita respeitando-se a Constituição.

Uma questão que pode causar atritos entre os dois países é o desmatamento na Amazônia. No primeiro debate presidencial, Biden falou em criar um fundo internacional de 20 bilhões de dólares para que o Brasil pare de queimar a floresta. “Vou dizer a eles: aqui estão 20 bilhões de dólares. Parem de destruir a floresta e, se não pararem, então enfrentarão consequências econômicas significativas”, disse.

Mayke Toscano/Gcom-MTMayke Toscano/Gcom-MTBiden falou em um fundo internacional para ajudar a manter floresta
Se o Brasil não conseguir reduzir o desmatamento e os incêndios na Amazônia, existe a possibilidade de o país ser prejudicado por medidas comerciais. A tensão, contudo, poderá ser amenizada pelo lado brasileiro se houver disposição para enfrentar o problema e trabalhar em conjunto. “Caso o Brasil se recuse a aceitar as propostas de Biden, provavelmente teremos um relacionamento mais frio, mais distante. Mas isso não indica que será o fim do mundo”, diz Filipe Carvalho, analista da Eurasia Group.

Uma acomodação por parte do Brasil passaria pelo controle das declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro, que apoiou Trump durante a campanha. “Tenho uma boa política com o Trump. Espero que ele seja reeleito”, disse Bolsonaro nesta quarta, 4. A adaptação também poderia passar por mudanças na ala ideológica do governo. Especula-se que Ernesto Araújo, do Ministério das Relações Exteriores, e Ricardo Salles, do Ministério do Meio ambiente, poderiam mudar de cargo para evitar atritos com os americanos (leia aqui sobre as medidas do governo brasileiro para se aproximar da Casa Branca de Biden) .

No setor privado, o Brasil poderia respirar um pouco com o fim das sobretaxas impostas pela administração Trump. Na tentativa de estimular a indústria pesada americana, Trump elevou as tarifas de aço e alumínio de diversos países, incluindo do Brasil. O resultado dessas políticas até agora foi uma elevação do preço desses produtos nos Estados Unidos, sem que a indústria tivesse conseguido ressurgir. “Ao contrário dos republicanos, os democratas sabem muito bem como fazer políticas de estímulo governamental”, diz Milton Rego, presidente-executivo da Associação Brasileira de Alumínio. “Eles provavelmente conduzirão a economia de outra forma, sem precisar recorrer a medidas protecionistas sem sentido.”

Outra consequência da eleição de Biden deve ser em relação ao leilão de tecnologia 5G. O Brasil deve decidir em breve se permitirá ou não a participação da companhia chinesa Huawei no leilão. Durante a administração Trump, os Estados Unidos pressionaram governos do mundo todo a deixar os chineses de fora. O problema para o Brasil é que muitas empresas privadas já adotaram aparelhos da Huawei ao construir a infraestrutura de suas redes. Retirar a Huawei causaria prejuízos econômicos. Com a entrada de Biden, essa pressão deve diminuir. “Em um governo democrata, a discussão deve se deslocar um pouco para como desenvolver sistemas de segurança e impedir o vazamento de dados”, diz Filipe Carvalho.

Imigração

Os quatro anos do governo de Trump produziram cenas fortes na questão da imigração. Crianças foram separadas dos pais ao cruzarem a fronteira para entrar nos Estados Unidos e ficaram hospedadas em centros de detenção, separadas de suas famílias. Migrantes foram forçados a esperar no México a concessão de documentos de asilo. Voos fretados pelo governo americano devolveram migrantes ilegais para os seus países de origem. Ao menos oito voos fretados aterrissaram no Brasil, transportando mais de quinhentos deportados.

ICEICEDeportações em voos fretados deve acabar
Ao longo da campanha, Biden criticou a abordagem mais agressiva da imigração americana, que segundo ele viola os valores americanos e os direitos humanos. Algumas medidas tomadas por Trump, portanto, deverão ser revistas. Mas isso não significará que o país será mais permissivo com a imigração ilegal. “Barack Obama deportou até mais imigrantes que Trump, mas fez isso em voos comerciais, enviando as pessoas separadamente”, diz o advogado Alexandre Piquet, especialista em imigração. “Com Biden, provavelmente as medidas mais espalhafatosas, feitas para causar impacto, deverão parar.”

As medidas provisórias que interromperam a emissão de vistos já aprovados vencem no final deste ano. Para o ano que vem, espera-se que os consulados retomem a concessão dos vistos para turistas, empresários, empreendedores, estudantes e cientistas. A reabertura só será adiada caso a pandemia volte a assustar. “É do interesse americano atrair investidores e mão de obra qualificada, e isso independente das decisões do Executivo”, diz Piquet.

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  1. Faltou abordar o item que influenciou na derrota do Trump: a Covid19. Como os EUA irão agir em relação a isso após a posse de Biden

  2. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, de esquerda, disse que só vai reconhecer a vitória de Biden após o julgamento da Suprema Corte.

  3. Não acho que se deva jogar confete em político algum, seja qual for o partido, não há virtudes nesse meio, políticos têm que ser vigiados, não sejamos passionais!

  4. Joe Biden nasceu em 20 de novembro de 1942, vai fazer 78 anos. Em 2025 vai estar com 83 anos. Provavelmente vai ser também um presidente de único mandato . O fator idade pesa também.

    1. O que pesa é a idade Só quando a temos é que sabemos..,

  5. vamos ver no que vai dar! uma coisa é certa o Mandrião terá que engolir o que disse e daqui 2 anos será defenestrado da presidência! Moro 2022!

  6. Duda Teixeira, o IMBECIL! Nos EUA, mandatários como o Presidente Trump só não se reelegem por um único motivo: FRAUDE. Você não atentou para um fato de suma importãncia. Os EUA não são o Brasil. Lá, a lei existe e é cumprida. O Presidente Trump não é leviano e não faria qqr acusação sem ter provas. Elas irão aparecer perante a Suprema Corte. Não é a mídia que elege e sim o Colégio Eleitoral com base na lei. É só aguardar.

    1. Você vai continuar usando viseiras ou vai abrir sua cabeça para os fatos?

    2. Albertinho.,.tem um comunistazinha vermelho embaixo da sua cama esperando a hora de te pegar, kkkkkkkkkkk. Oops! Descrevi o teu sonho diário para todo mundo! I am sorry!

    3. Kkkkkkkkkkkk. A diva dos bozistas mentecaptos, a Albertinha cucaracha, está depressiva. Coitada dela! Chora, cucaracha, chora! Que tal tomar uma dose excessiva de Lexotan para se avaliar? Ou quem sabe cloroquina misturada com chá de Kunda? Coitada da minha Cucaracha favorita. Eu brinco com ela, mas não a quero infeliz. Logo aparecerá um cliente para você massagear, tá bom querida? Fique sossegada e cuidado com a Klan! Eles estão aborrecidos hoje!

  7. A reação dos admiradores do Bozo contra esta excelente análise é a antecipação do desespero deles nas eleições de 2022. Game Over.

    1. >> 'Patriotismo é o último refúgio de canalhas' - Samuel Johnson

  8. A Crusoé, de forma LASTIMÁVEL, está fazendo torcida organizada. Não houve declaração de vencedor em NENHUM Estado, ainda mais nos que estão sendo contestados! Nojo!

    1. Dois Bozistas zurrando aqui. Zurrem bozistas, zurrem! A realidade dói no couro de vocês!

  9. Segunda-feira, estarei cancelando as minhas assinaturas. A Crusoé parou de informar e está fazendo militância. joe Biden NÃO ganhou eleição. A proclamação do resultado foi feita pela Associated Press, que resolveu declarar vitória do canhoto na Pennsylvania e no Arizona, APESAR de faltarem 11% dos votos neste último Estado e com ordem da Suprema Corte dos EUA para contar EM SEPARADO os votos recebidos após as 22:00 horas na Pennsylvia! Chega de desinformação!

    1. Ganhou sim, ele só não quer aceitar assim como você. Prepotência, arrogância aliadas a requintes de crueldade com crianças indefesas - isso é Trump!

    1. Viva o COVID 19! PC Chinês em alta. O planeta é 🇨🇳🇨🇳🇨🇳 até o papa está em êxtase!!! SOCORRO!!!!!

  10. vocês podiam fazer uma curadoria das bizarrices dessa eleição e dizerem o que é real e o que é fake news. Eu tô vendo papos de fraude, pessoas mortas votando, etc. Mas como essa informação não está vindo de grandes cadernos jornalísticos, estou com receio de acreditar. abraços!!

    1. De imbecil para senil, dane-se o Brasil, segue o jogo !!

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