DiogoMainardina ilha do desespero

Nada mudou

05.02.21

Continuo apostando na derrota de Jair Bolsonaro em 2022. Nada mudou de uma semana para cá.

Depois que ele comprou o Congresso Nacional, a chance de impeachment zerou. A chance de condená-lo e mandá-lo para a cadeia por crimes cometidos durante a epidemia de Covid-19, como ocorreria em qualquer lugar menos selvagem do que o Bananão, também zerou. Por outro lado, ele vai disputar a campanha presidencial com o quadrilhão do PP tatuado na testa. Em qualquer outro momento, a maioria do eleitorado poderia até a ignorar a tatuagem, considerando que ela é igual à de outros candidatos. O que complica no caso de Jair Bolsonaro é que, além de ter o quadrilhão do PP tatuado na testa, ele está montado numa pilha de 230 mil cadáveres.

Sergio Moro é quem mais ganha com isso. Ele foi demitido quando Jair Bolsonaro percebeu que o quadrilhão do PP tinha bem mais a oferecer-lhe do que a memória da Lava Jato. Agora o bolsonarismo dissolveu a Lava Jato e aderiu entusiasmadamente ao bloco dos réus. Nos próximos meses, o presidente vai se filiar a um partido aliado do quadrilhão do PP e, em 2022, vai tentar se reeleger com o tempo de TV do quadrilhão do PP, com o fundo eleitoral do quadrilhão do PP e com as verbas parlamentares destinadas aos currais eleitorais do quadrilhão do PP. Para derrotar Jair Bolsonaro, Sergio Moro precisaria apenas apontar para a tatuagem em sua testa. Duvido, porém, que ele possa se candidatar ao Palácio do Planalto. Jair Bolsonaro, covardemente, deve encomendar ao bloco dos réus uma porcalhada para cassar seus direitos e impedir sua candidatura.

Os outros oponentes de Jair Bolsonaro, Luciano Huck e João Doria, foram achincalhados na segunda-feira. A imprensa repetiu que eles foram traídos por ACM Neto. Sim, é verdade, mas isso só ocorreu porque suas candidaturas não decolaram. Se eles tivessem dez por cento nas pesquisas, ACM Neto, cujo único horizonte é recuperar sua capitania hereditária baiana, jamais os teria traído, acertando-se com o bolsonarismo. É uma questão de caráter. ACM Neto fareja o poder.

Outro que fareja o poder é Gilberto Kassab. Ele tem apostado que o PT vai vencer em 2022. Jair Bolsonaro, com o quadrilhão do PP tatuado na testa e montado numa pilha de cadáveres, é um pato esperando para ser abatido. Se não estiver completamente senil, Lula vai candidatar o poste mais uma vez — e o poste tem tudo para ser eleito, restaurando a parceria entre o quadrilhão do PT e o quadrilhão do PP. Porque essa é a única certeza que temos: como mostrou o fim da Lava Jato, nunca vamos nos livrar dos quadrilheiros.

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