RuyGoiaba

Sr. Lula e Seus Dois Estepes

10.08.18

Nesta semana, o petismo nos brindou com uma adaptação de “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (com muita sacanagem, mas num sentido diverso do de Jorge Amado). O partido que um dia achou Michel Temer um nome bacana para vice — não uma, mas duas vezes — agora escolheu um poste e um vice-poste para fingir que Lula é candidato, enquanto o TSE não acaba com a palhaçadinha.

Ainda não sabemos se a “chapa triplex” com Fernando Haddad e Manuela D’Ávila também será bancada ilegalmente por alguma empreiteira, mas é certo que seria eleita por aclamação se só o Beco do Batman e a praça Roosevelt votassem. Como o Brasil é um pouco maior, as redes sociais já inventaram outros nomes para o consórcio, como “chapa Luís 16” (perdeu a cabeça faz tempo), “chapa Vasco” (é vice na cabeça) e outros impublicáveis nesta revista de família.

“Sr. Lula e Seus Dois Estepes”, o filme, já nos rendeu momentos hilariantes, como Gleisi Hoffmann advertindo que Haddad está em “estágio probatório” –sugiro fazer um quiz sobre a vida e os milagres de São Lula e aplicar ao Prefeitão– e o próprio Haddad dizendo que Temer era um vice decorativo de Dilma Rousseff, apenas para desconversar quando indagado se Manuela também é decorativa.

Manuela, aliás, é o elemento de drama nessa história. Uma mulher tão empoderada, tão certa de que o risco desistir de sua candidatura era zero (disse isso no “Roda Viva”) e que lutou tanto “como uma garota” para acabar sendo vice-poste dos dois machos-adultos-brancos. A julgar pela foto que publicou no Twitter olhando embevecida para o Painho, Manuela fez as pazes com o patriarcado. Mas quem sabe estejamos enganados: Lula é mulher, negra e trans.

Bruno Rocha /Fotoarena/FolhapressNa Vila Madalena, os postes de Lula já estão eleitos (Bruno Rocha/Folhapress)

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A GOIABICE DA SEMANA

Hoje o prêmio vai para o glorioso general Mourão, vice de Jair Bolsonaro, que está ligadaço nas últimas tendências da sociologia dos anos 20 — do século passado — e aludiu à “indolência” dos índios e à “malandragem” dos africanos. Mandou até um “nada contra índio, tenho até antepassados que são”. Alguém deveria perguntar se, caso eleito, o general passará o dia na rede do Jaburu.

Menção honrosa para jornalistas e colunistas que ouviram o general falar em “cadinho cultural”, no mesmo discurso, e entenderam CALDINHO. Claro: os alquimistas daquela música de Jorge Ben trazem consigo “caldinhos”. Deve ser para dar aquela sustança na incansável busca pela pedra filosofal.

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