DiogoMainardina ilha do desespero

Desista, Doria

23.04.21

Desista, João Doria. A coluna é essa: do tamanho de uma hashtag. Só não encerro aqui porque o assinante poderia reclamar, uma vez que ele paga para me ver rebolar por quatro parágrafos. Então eu rebolo, claro — ainda mais agora, véspera de aniversário da Crusoé.

O motivo pelo qual João Doria deveria desistir de sua candidatura presidencial é sabido: ele não tem a menor chance de derrotar Lula e Jair Bolsonaro. O único que não sabe disso é o próprio João Doria. Alguém deveria dizer-lhe. Eu estou dizendo. Duvido que ele escute.

João Doria participa de um grupo de WhatsApp com Luiz Henrique Mandetta, Luciano Huck, Eduardo Leite, João Amoedo, Sergio Moro e Ciro Gomes. Em público, os sete integrantes do grupo repetem que é preciso escolher um candidato único para o Palácio do Planalto. Eles repetem igualmente que, em torno desse nome, estariam dispostos a renunciar às respectivas candidaturas. Em privado, porém, a conversa é outra. Eles apostam que, em breve, Ciro Gomes vai se desgarrar do grupo. E que João Doria apoia a candidatura única, desde que seja a dele.

Na segunda-feira, João Doria disse para a Reuters que pretende disputar as prévias do PSDB. O resultado dessa disputa é uma barbada. O partido pertence a João Doria, porque os tucanos foram dizimados em todos os lugares, exceto em São Paulo. Para tentar embaralhar o jogo, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, deu uma entrevista cacifando o nome de Tasso Jereissati para 2022. Eu tenho uma certa responsabilidade nisso. Em janeiro, publiquei em nosso site que Tasso Jereissati era o Joe Biden brasileiro, e repeti a tirada algumas semanas mais tarde, quando ele participou do Manhattan Connection. Nesta semana, os tucanos plantaram na imprensa que o senador cearense tinha tudo para ser o “Biden do Brasil”. O rebolado funcionou.

João Doria tem 3% nas pesquisas, e é rejeitado por 50% do eleitorado. A rigor, portanto, sua candidatura avulsa seria indolor para a turma do centro. Mas as prévias do PSDB foram marcadas para outubro, e o risco é interditar a escolha de um nome unitário até lá. Por isso, o melhor para todos seria um desfecho antecipado dessa campanha inviável e inoportuna. Desista, João Doria.

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