O ‘negócio’ do spray

07.05.21

Em ato atípico para um chanceler, na viagem que fez em março a Israel para conhecer um spray ainda em fase de testes que supostamente funcionaria contra o coronavírus, Ernesto Araújo assinou um documento em nome do governo se comprometendo a fazer o produto dar certo no Brasil. A “carta de intenções” foi firmada com a empresa privada que desenvolve o spray. Antes de deixar o cargo, no fim de março, Ernesto disse ao Senado que o país não havia negociado com os israelenses a compra da fórmula. As tratativas vinham sendo mantidas sob sigilo. Agora, Crusoé teve acesso a um telegrama no qual o embaixador brasileiro em Tel Aviv, general Gerson Menandro de Freitas, diz que no documento assinado pelo então chanceler o governo brasileiro se comprometeu a viabilizar, produzir e comercializar o spray “caso receba a aprovação das instâncias regulatórias nacionais”. Procurado, o Itamaraty respondeu que a carta era apenas a primeira etapa de uma negociação mais ampla e que ela não estabelece ônus financeiros ao Brasil. Antes da viagem de Ernesto a Israel, que contou com Eduardo Bolsonaro na comitiva, o Ministério da Saúde registrou em nota técnica que as evidências sobre a eficácia do spray eram “incipientes”.

ReproduçãoReproduçãoA comitiva brasileira, com Ernesto e Eduardo, chega a Israel

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