Estipona GroupPainel exorta americanos a se vacinarem: perigo da variante Delta tem levado os governos a pressionar os reticentes

A vacina como obrigação

O que países como a França, a Itália e os Estados Unidos estão fazendo para imunizar as pessoas que resistem a tomar a vacina. Convencê-las é essencial para que a pandemia chegue ao fim
30.07.21

Na tentativa de evitar uma nova onda de casos de Covid, países que estão com a vacinação em estágio avançado apertaram o cerco contra a turma dos reticentes, que não quer ser imunizada de jeito algum. Na França, uma medida do presidente Emmanuel Macron, transformada em lei na segunda-feira, 26, vai dificultar a vida dos adultos não vacinados. A partir de agosto, a menos que apresentem um teste recente de PCR ou tenham acabado de se recuperar da Covid, eles não poderão frequentar bares, restaurantes, boates, lojas, igrejas, feiras, zoológicos, estabelecimentos ao ar livre, museus, parques de diversões, bibliotecas, clubes, cinemas e teatros. Também não poderão utilizar ônibus para viagens longas, trens ou aviões. A Itália seguiu pelo mesmo caminho e vai exigir um “passe verde” para todos os cidadãos com mais de 12 anos a partir do dia 6. Nesta semana, outros onze países europeus implementaram medidas semelhantes.

A decisão de Macron, anunciada na televisão, ocorreu porque a França, com 45% da população totalmente vacinada, ainda está longe da chamada imunidade de rebanho. Até recentemente, acreditava-se que, com mais de 70% da população protegida, o vírus deixaria de circular. Mas um conselho de cientistas franceses estimou no início de julho que será preciso subir esse patamar para 90%, após a chegada da variante Delta. Surgida na Índia, essa cepa é de duas a três vezes mais transmissível que o coronavírus original e pode se espalhar mesmo entre pessoas já vacinadas. Na França, a variante fez com que o número de novos casos registrados por dia ao longo de julho subisse de 2 mil para 25 mil.

Enquanto o perigo crescia, o país registrou uma queda de 60% no número de doses diárias aplicadas. Foi um sinal claro de que, mesmo com vacinas disponíveis, uma parcela da população resistia a se proteger. A imunidade de rebanho, assim, poderia nunca ser alcançada. Quase metade dos franceses não quer a vacina. “Em todas as nossas pesquisas, a França esteve entre os cinco países com maior rejeição à vacina”, diz Marcos Calliari, diretor-geral do instituto de pesquisas Ipsos no Brasil. Quem não quer se vacinar,é obviamente contra as medidas recém-anunciadas, o que vem criando um problema político para o governo. No último final de semana, milhares foram às ruas para reclamar das exigências de Macron e clamar por “liberdade”.

Reprodução/France24Reprodução/France24Na França, quem não estiver imunizado não poderá circular livremente
Problema semelhante vem sendo registrado nos Estados Unidos, onde cerca de 50% da população está totalmente imunizada. A preocupação com a variante Delta levou as autoridades a pedir para as pessoas voltarem a usar máscaras em lugares fechados. Nesta quinta-feira, 29, o presidente Joe Biden anunciou medidas para tentar fazer com que os 4 milhões de funcionários do governo federal procurem a vacina. Todos terão de informar se estão ou não imunizados. Quem recusar a vacina será obrigado a usar máscara no ambiente de trabalho, ficar a uma distância segura dos colegas e precisará, ainda, se submeter a testes uma ou duas vezes por semana. O alcance do anúncio, contudo, é relativo. Por presidir uma federação que confere muito poder aos estados, Biden não tem como repetir o que Macron fez na França, impondo uma lei que valha para todos. “Biden provavelmente está consciente de que uma medida mais ampla causaria uma forte reação e poderia deixar a decisão de tomar ou não a vacina ainda mais polarizada”, diz Angela Kung, advogada especialista em direito sanitário.

Nos Estados Unidos, a pressão sobre os não vacinados é mais distribuída. No começo, as universidades exigiram que professores e alunos se imunizassem para participar de aulas presenciais. Em seguida, diversas empresas privadas, hospitais e entidades públicas obrigaram funcionários a se vacinar, o que causou protestos. No Hospital Metodista de Houston, no Texas, cerca de 100 empregados entraram na Justiça alegando que têm o direito de não se imunizar. Em junho, um juiz rejeitou o argumento dizendo que a exigência do hospital não violava nenhuma lei federal. “O Metodista está tentando fazer o seu papel, que é o de salvar vidas”, decidiu o magistrado Lynn Hughes. Nas semanas seguintes, cerca de 150 empregados do hospital pediram demissão ou foram desligados.

A legitimidade de ato de pressionar as pessoas para que se vacinem depende de um equilíbrio delicado entre o direito coletivo e o direito privado. Não há país no mundo em que policiais possam pegar uma pessoa e vaciná-la contra a sua vontade. Mas iniciativas que buscam fazer com que os reticentes mudem de ideia, em nome do bem comum, tendem a se tornar mais frequentes. Na França, a nova política conseguiu recuperar o ritmo de vacinação. Desde que Macron anunciou seu plano, mais de 5 milhões de franceses agendaram a aplicação da vacina. É um número expressivo. Atualmente, o país tem 30 milhões de vacinados com duas doses.

Gledston Tavares /FramePhoto/FolhapressGledston Tavares /FramePhoto/FolhapressO problema no Brasil ainda é a falta de vacinas para todos
No Brasil, bem antes da pandemia já havia normas destinadas a manter a população em dia com as campanhas de imunização. Escolas privadas e públicas exigem a carteira de vacinação dos estudantes no ato da matrícula. Se estiver faltando alguma vacina importante, a escola deve fazer uma comunicação à unidade básica de saúde para que a situação seja regularizada. Se isso não ocorrer em um mês, o caso vai parar no conselho tutelar.

A pandemia levou o Judiciário brasileiro a ir mais além. No final do ano passado, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o poder público pode punir quem se recusa a se vacinar, seja com multas, seja impedindo o acesso a determinados lugares. No dia 19 de julho, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo considerou válida a demissão por justa causa de uma auxiliar de limpeza de um hospital infantil que recusou a vacina. “O risco de essa recusa individual implicar hospitalizações e mortes de outras pessoas faz com que o interesse coletivo se sobreponha ao individual. Uma pessoa pode até não querer se vacinar, mas aí terá de arcar com as consequências”, diz a advogada Marilene Matos, professora de direito administrativo e constitucional.

A rejeição à vacina não chega a ser um problema no Brasil – por aqui, o problema ainda é a falta de vacinas para todos. No final do ano passado, declarações controversas do governo federal diminuíram a confiança dos brasileiros nas vacinas. Em dezembro, 78 em cada 100 pessoas pensavam em se vacinar, segundo o Ipsos. À medida que parte da população foi sendo imunizada, o receio diminuiu. Também de acordo com o Ipsos, agora 93% dos brasileiros querem se vacinar. É o maior índice entre 15 países cujos habitantes foram entrevistados pelo instituto. “A maior parte dos brasileiros não apenas quer se vacinar, como quer fazer isso imediatamente”, diz Marcos Calliari, um dos responsáveis pela pesquisa.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Ah, e tomei a vacina, mas sou contra a obrigatoriedade ainda que “mascarada” para enganar repórter que adora ser enganado por tiranos (sei que confunde - pq aí a caricatura do “negacionista” que se saca para “aliviar” a alma dá “tilt” - mas o objetivo é esse mesmo: tentar fazer o “tico e teco” pegar “no tranco”).

  2. Que o Brasil - legislativo e, PRINCIPALMENTE, o Judiciário (destaque para os “sinistros” do supreminho”) e nossas escolas de direito (todas) - são fascistas e ditadores em potencial, todos estamos mais do que cansados de saber... só a imprensa, “intelectuaiszinhos” de “mierda” e a “acadimia” que, por admiração e idolatria, aplaudem...

  3. O repórter, um Hitler adormecido, lastima q Biden não pode impor um lei geral - UFA! (Ou... que peninha, não? De fato, todo ditador em potencial reclama e não gosta de arranjos nos quais o poder é descentralizado; desejam, evidentemente, que o poder esteja totalmente concentrado). No mais, seu ídolo Hitler não começou mandando à força judeus p/ câmaras de gás; começou criando leis q DESESTIMULAVAM o judeu a continuar morando na Alemanha, leis que desestimulavam fazer negócios com judeus, etc.

  4. “Por presidir uma federação que confere muito poder aos Estados...” —-> AINDA BEM! ALELUIA! Aí está a VERDADEIRA democracia! Viva os EUA! Abaixo a todos arranjos totalitários derivados do Iluminismo Francês IDOLATRADO pela nossa imprensa (vcs da Crusoé inclusive), nossa “acadimia”, nossos “intelectuaiszinhos” de “mierda” e nossos políticos (embora o caso destes últimos é justificado; afinal, como diria Mel Brooks: “It’s good to be the king”).

  5. Epidemias anteriores como difteria, sarampo, poliomielite e tantas outras controladas com vacinação da população e com a COVID-19 não será diferente. O interesse é coletivo e não somente individual, na minha opinião !

  6. Nenhuma vacina é 100% eficaz. Nosso calendário vacinal é extenso e as pessoas não ficam debatendo se devem ou não vacinar seus filhos ... epidemias de difteria, sarampo, poliomielite e tantas outras controladas com vacinação e não há outra via para a COVID-19 senão essa.

  7. Se a vacina é eficaz, por que quem se vacinou se preocupa com quem não se vacinou? Ouvi dizer, para não gastar o dinheiro do SUS. Nessa linha de raciocínio, deveriam proibir andar de moto, cigarro, bebidas, açúcar, carne vermelha e por aí vai.

    1. Exatamente. O que tem sido feito é o mesmo que colocar uma cenoura na vara de pescar pra fazer o cavalo andar. 2 semanas de quarentena já viraram quase 1 1/2 ano, terceira dose da terapia genética, passaporte sanitário e restrições a quem se recusa a ser cobaia de um experimento científico.

    2. Isso mesmo Maria, é como o vírus da gripe, muda todo ano, e o que você falou é a prova de que esta vacina é inútil, assim como a da H1N1 ou influenza. É somente um caça niqueis do laboratórios e um poço de corrupção sem fim.

    3. Porque assim não termina nunca a epidemia e vão aparecendo novas cepas que contaminam quem já está vacinado? Entendeu???

  8. Não tenho nada contra vacinas, me vacinei assim que chegou minha vez. Só o fato de evitar o agravamento da infecção já justifica a decisão, mas acho que o assunto gera controvérsias. Nada a ver com polarização, apenas questões técnicas. Quando tiver vacina pra todos, quem não se imunizar devia ser privado de atendimento no SUS em caso de Covid. É só uma ideia ...

    1. Por essa linha de raciocínio, os que fazem uso de bebidas alcoólicas e tabaco, os que comem alimentos c alto teor de açúcar, sódio, gordura, conservantes, ultraprocessados, entre outros e os que se recusam a fazer exercícios físicos também deveriam ser impedidos de usar o SUS.

  9. A minha liberdade vai até onde começa a do outro. Medidas como apresentadas na França e outros países são importantes em muitos sentidos.

    1. O seu argumento é válido para os dois lados da moeda. Se você está “imunizada”, por que se preocupar com quem não está? Ou você, como as próprias criadoras das substâncias, não confia que elas te protegerão?

    2. E é impressionante como isso que você falou Kedma, tão simples e natural, que aprendemos desde criança, não é entendido pelos negacionistas.

  10. A FDA, órgão máximo da Saúde nos E.U.A, publicou em seu site que uma das vacinas estaria causando inchasso no músculo cardíaco (coração). Por lá, conforme texto acima, ATÉ profissionais da Saúde esta o preferindo a demissão que se submeter à uma vacina feita a toque de caixa. Quer quer se submeter à isso, que não queira impor aos outros sua própria ignorância. Só me submeti a está vacina por força de LEI. Fora isso, "nem a pau, Juvenal".

    1. Jaime, a imprensa divulga muito pouco. Pessoal da saúde preferir ser demitido do que tomar a vacina? Alguma coisa eles sabem. Tenho caso na família bem suspeito que foi provocado pela família. Digo suspeito pq não tenho como provar. Eu prefiro não ser outra coincidência. Essa vacina é experimental. Isso é fato. Então cabe a um jogar a roleta russa. Agora o governo não quer obrigar pq tem medo de futuras ações judiciais. O que ele faz? Te boicota.

  11. A variante Delta talvez sensibilize os reticentes a se vacinarem. A avaliação inicial é que seja transmissivel mesmo entre vacinados, que apresentarao casos leves enquanto os não vacinados enfrentarao casos severos. Se acham que a vacina é um “ experimento”, aguardem 5 anos à mercê desta fofura de vírus completamente imprevisivel. A vacina não precisa ser segura, ideal que fosse. Só precisa ser menos insegura que o vírus, e assim tem se mostrado nas analises coletivas.

    1. Perfeito, Marcos. Estou na mesma linha que você. Não sou antivaxxer e também não sou cobaia. Ainda mais de graça! Rs. O tratado de Nuremberg está aí pra combater, pelo menos nas cortes, essas medidas autoritárias. A história está aí. É preciso conhecê-la.

    2. A variante Delta é a prova de que o vírus é mutante, a próxima mutação não será atingida pelas vacinas existentes então, para deleite dos laboratórios, vocês serão "convidados" a tomar vacina a cada 6 meses, se der certo, 4 meses, 3 meses ..... Tenho em dia todas as vacinas de vírus não mutantes, não sou contra vacinas, mas também não sou trouxa ou cobaia.

  12. As grandes empresas tb estão ajudando muito: funcionário q ñ se vacinar será demitido. Argumento simples, direto, convincente.

  13. BOLSONARO, além da CORRUPÇÃO nas VACINAS, BOICOTA-AS para EVITAR MANIFESTAÇÕES de RUA CONTRA o GOVERNO! Em 2022 SÉRGIO MORO “PRESIDENTE LAVA JATO PURO SANGUE!” Triunfaremos! Sir Claiton

    1. Está lendo muito o Oantagonista, o Globo, ESTADÃO, Folha de São Paulo e outros ideológicos. HIPÓCRITA

  14. Totalitarismo é obrigar as pessoas ao convívio com aqueles que recusam o melhor método disponível para proteger a todos: a vacina. Não quer tomar vacina, não tome. Mas não saia na rua e nem chegue perto dos outros, em lugar algum.

    1. Espero que você não seja fumante, pois não sou obrigada a respirar o seu câncer. Também espero que você não tenha o hábito de beber e dirigir, pois pedestres e motoristas responsáveis não querem se arriscar a ser suas vítimas.

  15. Obrigar as pessoas a receber uma vacina "EXPERIMENTAL" viola várias leis internacionais e desconsidera os riscos individuais à saúde de cada cidadão. Hoje pensamos que LIBERDADE é um direito natural, quando na verdade estamos sempre a beira do abismo do totalitarismo, que começa com estas pequenas intervenções e restrições impostas em nome de um bem coletivo. Cuidado, talvez ainda tenhamos saudade de 2020.

    1. A maioria das pessoas aceita tudo o que vê na mídia de massa sem questionar ou pesquisar. Conhece apenas um lado da moeda e condena o outro. É uma pena que a maioria do país mal fale/entenda o português. Se soubessem + 1 idioma, teriam acesso a muito mais informações do que as que são divulgadas aqui. É uma pena. Votei no Bolsonaro e me decepcionei após 6 meses de governo; no entanto, gosto da postura dele com relação à lida com o vírus. Pra mim, ele está certo, por mais ridicularizado que seja.

    2. Cara, no Brasil, são mais de 19 milhões de infectados, maus de 500 mil mortos e mais de 17 milhões de CURADOS. Quem Curou essas pessoas? A vacina? Não existia vacina. A melhor vacina é nosso corpo. Nele existe uma panacéia feita para nos curar do cabrunco todo. Agora, é fato que muita gente descuida da Saúde OU tem problemas genéticos ainda não identificados. Quem sabe pq diabos morreram tanta gente? Descuido com saúde? Doenças pré-existentes e não conhecidas? O fato é que a humanidade segue.

    3. Exatamente, Marcos. O Europeu não quer tomar vacina pq é informado que é um experimento. Aqui não informam que é experimental. Ninguém é contra vacina, óbvio. Mas ser cobaia é f...

    4. Quem viola as leis da humanidade e das responsabilidades individuais são essa raça de negacionistas que na contra mão do bom senso se julgam superiores e inatingíveis. Deveriam ser confinados em ilhas isoladas, contaminando-se uns aos outros. São os anti-sociais e exemplos do que não deveria ser a humanidade

    5. Os reticentes buscam a possibilidade de não arcar com as consequências de sua escolha, uma vez que tem o direito a recusar a imunização assegurado.

    6. Totalitarismo é obrigar as pessoas ao convívio com aqueles que recusam o melhor método disponível para proteger a todos: a vacina. Não quer tomar vacina, não tome. Mas não saia na rua e nem chegue perto dos outros, em lugar algum.

Mais notícias
Assine agora
TOPO